Agência federal de drogas dos EUA quer criar registro nacional para rastrear como pacientes usam cannabis

O principal órgão federal americano de apoio à pesquisa sobre o uso de substâncias, o NIDA está financiando a formação de uma equipe de investigação multidisciplinar que possa desenvolver uma base de evidências sólidas sobre o uso medicinal da maconha

O Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA) dos EUA anunciou que planeja fornecer US$ 1,5 milhão em financiamento para apoiar pesquisadores que possam desenvolver um registro de uso de maconha medicinal para rastrear informações como condições médicas relatadas, razões para o uso de cannabis, quais produtos estão sendo usados e os resultados médicos associados.

Em um aviso de solicitação de aplicações, publicado na terça-feira (14), a agência diz que o objetivo final do registro é “informar pesquisas, políticas e práticas de recomendação clínica sobre cannabis medicinal, condições associadas e resultados”.

O NIDA reconhece no documento que 37 estados dos EUA, além de quatro territórios e o Distrito de Colúmbia, já legalizaram a maconha para uso medicinal, mas que, embora tenham alguma forma de registro de pacientes, as condições que qualificam os usuários para um programa de cannabis medicinal variam de estado para estado, impossibilitando a comparação ou padronização das informações.

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Embora os estados com leis de maconha medicinal geralmente mantenham registros com certas informações de pacientes, “esses pequenos bolsões de informações coletadas podem não ser comparáveis, padronizados ou úteis para entender os resultados de saúde mais amplos relacionados ao uso de cannabis”.

“Além disso, a evidência de que o uso de cannabis medicinal leva a uma redução no uso de medicamentos prescritos ou outras substâncias é ambígua. Por exemplo, alguns estudos indicaram que o uso crônico de opioides prescritos diminui após o uso de cannabis, enquanto outros não mostram alterações no uso de medicamentos opioides”, diz a agência no aviso, ressaltando que muitos pacientes já estão usando produtos de cannabis para fins medicinais, sendo importante identificar as evidências que existem e à medida que elas evoluem.

Um relatório das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA de 2017 incluiu várias recomendações “para abordar lacunas de pesquisa, melhorar a qualidade da pesquisa, melhorar a capacidade de vigilância e abordar as barreiras de pesquisa” relacionadas ao uso médico da maconha. Uma dessas recomendações é desenvolver uma base de evidências sobre os efeitos benéficos e prejudiciais de curto e longo prazo do uso de cannabis.

“Embora mais estados permitam o uso medicinal de cannabis do que o uso adulto, estudos recentes indicam que o registro de cannabis medicinal diminuiu em estados com leis de uso adulto”, disse a agência. “Além disso, o número de titulares de cartões de cannabis medicinal mais velhos está aumentando. Juntos, esses e outros fenômenos destacam a necessidade de coletar informações de um grupo diversificado de indivíduos inscritos em programas estaduais de cannabis medicinal”.

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A agência diz que o objetivo do pedido de aplicações para pesquisa é apoiar uma equipe de investigação multidisciplinar que irá:

  • Reunir informações sobre os produtos medicinais de cannabis usados, as razões do uso e os resultados do uso;
  • Desenvolver instrumentos e medidas validados que possam usar uma variedade de avaliações qualitativas e quantitativas;
  • Fazer a triagem de usuários de cannabis medicinal para transtornos por uso de cannabis e outros transtornos por uso de substâncias;
  • Coletar bioespécimes e outras medidas que permitirão a avaliação do uso de produtos de cannabis;
  • Avaliar os componentes do produto de cannabis para se relacionar com os resultados do uso;
  • Desenvolver estratégias para maximizar o alcance e a resposta aos instrumentos de coleta de dados de uma população diversificada de usuários de cannabis;
  • Disponibilizar esses dados e informações relacionadas para maximizar a utilidade analítica por todas as partes interessadas em potencial. Garantir que quaisquer análises de produtos atinjam o público-alvo por meio de vários mecanismos, incluindo uma plataforma que esteja disponível publicamente como um recurso de informações validadas sobre cannabis medicinal;
  • Sintetizar e analisar dados para determinar parâmetros e características que podem ser úteis para os médicos fornecerem recomendações aos pacientes, bem como aos formuladores de políticas, para melhorar as condições de uso mais seguras;
  • Validar as informações do rótulo dos produtos usados para fins medicinais, pois estão sujeitos a políticas de rotulagem variadas e pouco aplicadas;
  • Identificar quando e por que os produtos de cannabis estão sendo obtidos por meio de canais não regulamentados em vez do mercado regulamentado;
  • Elucidar evidências contínuas sobre o impacto que o uso de cannabis medicinal tem no uso de medicamentos prescritos ou outras substâncias.

Pesquisadores interessados ​​em criar e manter um registro de cannabis medicinal com financiamento do NIDA podem enviar suas solicitações de 15 de outubro a 16 de novembro.

A medida tomada pelo NIDA tenta sanar os obstáculos ainda existentes para a pesquisa da cannabis, visto que a planta ainda é considerada uma droga de classe I, a categoria de substâncias mais rigidamente controladas pelo governo federal dos EUA.

Enquanto isso, a Câmara dos EUA aprovou em abril uma legislação bipartidária que visa facilitar o estudo científico sobre o uso de maconha para fins medicinais.

A proposta, entre outras providências, obriga o Departamento de Saúde e o procurador-geral a criarem um processo para permitir que fabricantes e distribuidores de cannabis forneçam aos pesquisadores a mesma maconha que é comercializada nos dispensários.

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#PraTodosVerem: foto mostra um recipiente circular branco contendo buds secos de cannabis em tons de laranja e marrom, à frente de potes brancos com desenhos da folha de cannabis, em uma superfície branca que se mistura ao fundo. Imagem: Ryan Lange | Unsplash.

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