Três benefícios do cultivo de cânhamo para a agroindústria

Fotografia de um grande cultivo de cannabis (cânhamo), onde a luz incide do lado direito, em uma estufa, que se revela por meio de uma de suas paredes que aparece ao fundo. Imagem: Remedy Pics | Unsplash.

O curto ciclo da planta permite a rotação e evita a monocultura, sendo que sua baixa exigência de insumos químicos alimenta a possibilidade de produção agroecológica. Saiba mais com as informações do Industria Cannabis

O cultivo do cânhamo traz múltiplos benefícios para diversos setores da indústria. Países como a Argentina e o Brasil, com suas características de produção agroindustrial, têm a oportunidade de promover um setor que pode ser um caminho de avanço para o desenvolvimento. Aqui abordamos três grandes benefícios que o cultivo e o processamento industrial do cânhamo podem trazer às nações.

A América Latina pode ser considerada uma terra de oportunidades quando se trata de cultivo de cânhamo. Esta planta, cultivada desde a antiguidade, pode ser utilizada em diversos processos industriais para a produção de alimentos, óleos, papel, têxteis, medicamentos, entre muitas outras áreas. O mercado global de cannabis chegará a US$ 166 bilhões até 2025, de acordo com a empresa de pesquisa Euromonitor International.

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Em nosso continente, o cultivo do cânhamo é utilizado principalmente para a indústria medicinal. Países como Colômbia e Uruguai têm experiências muito importantes nesse sentido, com legislações e políticas públicas voltadas para a articulação entre o Estado e os empresários do setor.

O potencial encontrado na América Latina para o cultivo e desenvolvimento industrial do cânhamo pode se refletir em três aspectos que beneficiam muito o desenvolvimento agrário.

1. Meio ambiente

O debate sobre indústria e pegada ambiental ocupa cada vez mais lugar nas agendas produtivas mundiais. Nesse quadro, as aplicações industriais do cânhamo têm correlação com o desenvolvimento sustentável. O curto ciclo de cultivo da planta, de quatro meses, permite a rotação e evita a monocultura. Além disso, em sua última etapa de cultivo, melhora as condições físicas do solo, já que a queda de suas folhas produz um “colchão” que fornece nutrientes.

Em outra ordem, a baixa exigência de insumos químicos pelo cânhamo alimenta a possibilidade de produção agroecológica, alternativa que faz parte da estratégia contra as mudanças climáticas.

Por exemplo, a grande resistência que possui a fibra desta planta pode ser o ponto de partida para um desenvolvimento sustentável do ambiente na indústria têxtil e da construção, normalmente apontadas pela sua forte pegada ambiental. Com as sementes do cânhamo e seu óleo pode-se produzir biodiesel, fundamental para se repensar o mercado de combustíveis fósseis, utilizando recursos renováveis.

Um fato fundamental, que vai além de como a aplicação industrial da planta pode ajudar no desenvolvimento sustentável, é sua capacidade de recuperação de solos contaminados. Este é o caso de Chernobyl, onde, desde 1998, Consolidated Growers and Processors (CGP), Phytotech e o Institute of Bast Crops começaram a plantar cânhamo industrial para eliminar poluentes em torno da famosa usina que causou um desastre nuclear na Ucrânia.

A este respeito, os responsáveis ​​da Phytotech, empresa especializada em fitorremediação, afirmaram que “o cânhamo está a revelar-se uma das melhores plantas fitorreparatórias que conseguimos encontrar”. No cânhamo, eles encontraram uma redução mais do que significativa na toxicidade do solo.

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2. Produção e alimentação

O cânhamo é uma cultura muito rentável pelo fato de que as várias partes da planta podem ser utilizadas para a produção industrial e podem agregar valor à oferta de exportação já presente nos produtos de uso diário. As indústrias de papel, alimentos, cosméticos, têxteis e plásticos são destinos possíveis, havendo possibilidade de ampliar o espectro produtivo, o que exige mais pesquisas.

Na produção de alimentos, se levarmos em consideração o valor nutricional das sementes de cânhamo, elas possuem grandes quantidades de proteínas e ômega 3, que ajudam a combater problemas como o colesterol. Elas são ricas em fibras, que regulam a flora intestinal, seu conteúdo de ferro ajuda a neutralizar a anemia, enquanto seus altos valores de cálcio e fósforo são benéficos para os ossos.

Segundo a Fundação Canna, que estuda a planta cannabis e seus princípios ativos na Espanha, “cerca de 50% do mercado mundial de óleo de cânhamo está concentrado na indústria de alimentos e suplementos nutricionais”, como pão, biscoitos, leite vegetal, sorvete, entre outros.

3. Economia e emprego

Como todo desenvolvimento industrial, o aumento da produção de cânhamo criaria novos empregos, novos negócios e novos impostos para a receita do Estado. É posta em marcha uma cadeia de valor que inclui empresários, agricultores, pesquisadores, desenvolvedores de tecnologias de produção, entre outros profissionais.

O Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais Fedesarrollo, da Colômbia, afirma que essa indústria gera cerca de 16 empregos formais por hectare. De acordo com um relatório do Leafly, no início de 2020, o número de pessoas empregadas em tempo integral nos Estados Unidos no campo da cannabis medicinal era de 243.700. Números promissores que podem ser replicados proporcionalmente na América Latina, apostando em um desenvolvimento econômico que tenha um quadro sólido em termos jurídicos e de mercado.

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#PraCegoVer: fotografia de um grande cultivo de cannabis, onde a luz incide do lado direito, em uma estufa, que se revela por meio de uma de suas paredes que aparece ao fundo. Imagem: Remedy Pics | Unsplash.

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