Dicionário da maconha: termos, expressões e nomes do universo canábico

Beque, blunt, hash, bong. Canabidiol, canabidiforol, canabigerol, tetraidrocanabinol. Perlita, pistilo, piteira, pito do pango. As palavras que fazem parte do vocabulário da maconha são um vislumbre do complexo universo que envolve a planta — conheça

A Smoke Buddies valoriza a informação como uma das ferramentas mais poderosas para a construção de uma realidade justa na política sobre a maconha no Brasil. Acreditamos no conhecimento como impulsionador de grandes transformações e, neste contexto, investimos na sua democratização. Por isso, criamos coletivamente o Dicionário da Maconha, que reúne os principais termos, expressões e nomes do universo canábico.

Descubra o significado de palavras intrínsecas aos contextos medicinal, social e industrial da cannabis, aprenda termos ligados à planta e seu cultivo e entenda expressões que fazem parte da cultura canábica, no Brasil e no mundo.

ADPF 187

Julgamento histórico no Supremo Tribunal Federal, da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 187 e da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4274, quando o órgão decidiu que nenhuma autoridade judicial, policial ou administrativa pode interpretar que a Marcha da Maconha está cometendo o crime de apologia, pois o ato está garantido pela liberdade de pensamento, expressão e reunião, bem como pelo direito das pessoas de lutarem pela mudança de uma lei.

A repressão que rolou na Marcha da Maconha do dia 21 de maio de 2011 incentivou o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) a participar do julgamento da ADPF 187, no STF, onde foi liberada a realização de eventos denominados “Marcha da Maconha” em solo nacional, no dia 15 de junho de 2011.

“Defender a descriminalização de certas condutas previstas em lei como crime não é fazer apologia de fato criminoso ou de autor de crime. Igualmente, não configura o crime deste art. 287 a conduta daquele que usa camiseta com a estampa da folha da maconha, por ser inócua a caracterizar o crime e por estar abrangida na garantia constitucional da liberdade de manifestação do pensamento” decano do STF Celso de Mello.

ANANDAMIDA

Endocanabinoide produzido pelo cérebro humano e descoberto pela ciência em 1992. Também conhecida como “a maconha do cérebro”, a anandamida pode ter efeitos analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos, semelhantes aos do THC, canabinoide responsável pelo efeito associado ao uso adulto da cannabis. 

 

AROMA

Termo usado para se referir ao cheiro/perfume em geral de uma determinada planta ou inflorescência. Como a definição individual de um aroma pode diferir de um consumidor para outro, as descrições dos aromas são consideradas uma informação básica.

ASSOCIAÇÃO CANÁBICA

Grupo de consumidores, pacientes e familiares, sem fins lucrativos, cujo objetivo é oferecer apoio jurídico, educacional e terapêutico, além de reunir e compartilhar dados sobre o consumo para fins medicinais e/ou sociais de cannabis. No Brasil, há mais de 30 associações de pacientes que fazem o uso terapêutico da cannabis. No âmbito do consumo social, há duas associações canábicas no Brasil, uma em São Paulo e outra no Distrito Federal. 

BASEADO

Nome tradicionalmente dado ao cigarro de cannabis = beque.

BHO

É a sigla para Butane Hash Oil. Um potente concentrado de canabinoides produzido pela dissolução (extração) da maconha in natura em solvente, geralmente o butano. O resultado é um produto com alto nível de THC (em geral mais do que em inflorescências ou haxixe); um óleo espesso e pegajoso. O BHO também é referido como “honey oil”, “dab” ou “dabbing”, “wax” ou “shatter”, dependendo da forma de produção.       

BLUNT

Papel de enrolar feito de folha de tabaco, de cor marrom, como um charuto. A origem do nome vem da popularidade da marca Phillies Blunt Cigars. Os baseados apertados em uma blunt costumam queimar mais rápido do que os apertados em celulose ou seda.

BOLAR

Ato de confeccionar um cigarro de maconha, ou baseado.

BONG 

Apetrecho para consumo de cannabis e outras ervas que consiste em um tubo vertical, geralmente de vidro, com um reservatório de água, em sua base, e uma peça removível, onde se coloca o fumo para combustão; a fumaça resultante passa através da água, com o intuito de ser esfriada, e é inalada pela ponta do tubo.   

BOX DE CULTIVO 

Estrutura para realizar o cultivo indoor. É composta por uma estrutura de metal envolta em uma manta de poliéster (Mylar, BoPET), resistente e reflexiva, que maximiza a absorção de luz pelas plantas (muito usada, por exemplo, pela NASA em pesquisas espaciais), e facilitada para a colocação de lâmpadas, exaustores e outros equipamentos necessários ao cultivo.

BREEDER

Nome dado aos criadores de cepas de maconha que, por meio de cruzamentos entre variedades diferentes da planta, produzem inúmeras genéticas de cannabis. São também as mentes criativas por trás de nomes lendários de variedade de cannabis, como Gorilla Glue e Girl Scout Cookies.

BRISADEIRO

Nome dado à receita de brigadeiro preparado com manteiga infusionada com cannabis. A iguaria que faz parte da categoria de comestíveis de cannabis proporciona efeitos poderosos e deve ser preparada e consumida com cautela e responsabilidade.

BUBBLE HASH

Método de extração da resina da planta usando água, gelo e um kit de oito bolsas com fundo de rede em diferentes espessuras, que são colocadas uma dentro da outra. A bolsa interior é preenchida com matéria vegetal de cannabis, água e gelo, e centrifugada com o auxílio de uma batedeira ou mixer. Em seguida, recolhe-se do fundo das bolsas as extrações de cannabis. Este é um dos métodos caseiros mais seguros e limpos.

BUBBLER 

O termo significa duas coisas distintas. Na cultura do consumo, bubbler é um apetrecho para consumo de cannabis e outras ervas, geralmente de vidro, com um reservatório de água na parte inferior, que esfria a fumaça a ser inalada através de um bocal. Já na esfera do cultivo, bubbler é uma técnica de cultivo sem solo em recipientes opacos, onde as raízes são expostas em solução nutritiva rica em oxigênio. As raízes da planta ficam nessa solução oxigenada por bomba de ar ou outro aparelho que injeta oxigênio durante 24 horas. É uma técnica utilizada em clonagem para acelerar o crescimento das raízes e o desenvolvimento da parte aérea da planta. [HAMILTON, Rich. The Art of Growing Cannabis in Bubblers. Maximum Yield]

BUD 

Termo em inglês que se refere à inflorescência da planta da maconha, ou broto, na tradução literal. Essa é a parte colhida e usada na produção de extratos, óleos e manteiga canábicos, pois contém as maiores concentrações de canabinoides. 

BUDTENDER 

Nome, em inglês, dado ao atendente que trabalha em um dispensário ou local de venda de maconha no varejo legal. Em geral é um profissional preparado para responder a perguntas sobre cepas e produtos à base de maconha e fazer sugestões com base nas necessidades do consumidor.

CÁLICE

Cálice é um conjunto de pequenas folhas (sépalas) associadas às flores das angiospermas. Repleto de glândulas de resina que produzem a maior concentração de canabinoides de todas as partes da planta, a função original do cálice é proteger as flores em desenvolvimento.

CANÁBICO(A)

O que é derivado da cannabis ou se refere a ela e sua cultura.

CANABICROMENO (CBC)

Canabinoide não psicoativo produzido pela cannabis. Possui propriedades anti-inflamatória, analgésica, antifúngica e antidepressiva. O CBC não possui afinidade significante com os receptores CB1 e CB2, porém atua em outros receptores e inibe a receptação celular da anandamida (vide acima), promovendo sua atividade. Essa atuação interage positivamente com os efeitos dos outros canabinoides, o que é conhecido como efeito comitiva.

Os estudos realizados até o momento foram feitos com roedores, porém revelam potenciais terapêuticos. Dentre estes, um estudo de 2006 demonstrou propriedades antitumorais do CBC. Outro estudo mostrou que o CBC atua na modulação da dor e inflamação. Um terceiro evidenciou atuação positiva em uma célula essencial para a homeostase cerebral.

CANABIDIBUTOL (CBDB)

Análogo do canabidiol (CBD), o canabidibutol foi relatado em pesquisa realizada por cientistas italianos e publicada em julho de 2019. O canabinoide foi identificado como uma impureza do canabidiol comercial extraído do cânhamo.

CANABIDIEXOL (CBDH)

Expandindo ainda mais a série de homólogos dos canabinoides CBD e THC, em dezembro de 2020, cientistas italianos liderados por Giuseppe Cannazza, da Universidade de Modena e Reggio Emilia, divulgaram a descoberta de mais dois canabinoides, o canabidiexol (CBDH) e o tetraidrocanabiexol (THCH).

Em testes realizados em camundongos, o CBDH apresentou um significativo efeito antinociceptivo (redução na capacidade de perceber estímulos que causam dor).

CANABIDIFOROL (CBDP)

Descrito por pesquisadores da Universidade de Salento, na Itália, em estudo publicado em dezembro de 2019, o canabidiforol é um canabinoide que apresenta baixa afinidade com os receptores CB1 e CB2. Junto com o tetraidrocanabiforol (THCP), descoberto no mesmo estudo, o CBDP aumenta para 150 o número total de canabinoides descobertos na Cannabis sativa.

CANABIDIOL (CBD)

É o segundo canabinoide mais produzido pela cannabis geralmente, ficando atrás apenas do THC. O CBD ganhou popularidade devido às suas propriedades medicinais e concomitante ausência de efeitos tóxicos. Devido a isso, passou a ser estudado para diversas terapêuticas, como no tratamento da ansiedade, inflamação, dor, convulsão, entre outros.

Sua ação é bastante diferente do THC. O CBD interage com uma ampla gama de receptores além dos receptores CB1 e CB2, apesar de poder agir como antagonista de seus ativadores, como o THC. Por isso, o CBD atua como modulador do sistema endocanabinoide, equilibrando a atuação de outros canabinoides e balanceando seus possíveis efeitos negativos.

Apesar de não haver dose letal do CBD ou efeitos colaterais importantes, o composto ainda está em vias de legalização na maior parte do mundo. No entanto, a maioria dos estados dos Estados Unidos já legalizou o CBD derivado da cannabis para fins medicinais.

CANABIDIVARINA (CBDV)

Canabinoide semelhante ao CBD e descoberto pela ciência em 1971, a canabidivarina não produz o efeito associado ao uso adulto da maconha (THC) e sua pesquisa revela que a mesma é eficaz no controle da epilepsia. A CBDV também é estudada para o tratamento da síndrome de Rett, distrofia de Duchenne e transtorno do espectro autista (TEA).

CANABIGEROL (CBG)

Canabinoide analgésico não psicoativo. O CBG é um precursor usado pela cannabis para produzir tanto o THC quanto o CBD, e por isso somente algumas variedades da planta ainda possuem quantidades significativas quando maduras. Além disso, o CBG tem propriedades únicas dentre os canabinoides primários, visto que interage com uma ampla gama de receptores fora do sistema endocanabinoide.

Até recentemente, o CBG não foi estudado como os outros canabinoides. No entanto, um recente estudo italiano demonstrou eficácia do CBG no tratamento de um modelo de síndrome do intestino irritável em ratos. Até hoje, esta doença é incurável em humanos e afeta milhões de pessoas. Em outro estudo com roedores, propriedades neuroprotetoras e vasodilatadoras foram identificadas, além do potencial em reduzir a pressão intraocular, o que pode ser útil no tratamento do glaucoma. Também em outra pesquisa com ratos foi visto que o CBG inibe o crescimento de células tumorais colorretais.

CANABINOIDE

A cannabis possui mais de 500 compostos, sendo que 104 são canabinoides já identificados, encontrados nas inflorescências, folhas e caule. Estes compostos vegetais são conhecidos como fitocanabinoides e trabalham para imitar ou neutralizar os endocanabinoides encontrados naturalmente no corpo humano. Quando um canabinoide específico ou combinações destes se ligam a um receptor especializado, um evento ou uma série de eventos é desencadeado dentro da célula, resultando em uma mudança em sua atividade, sua regulação gênica e nos sinais que ela envia para as células vizinhas. Este processo é chamado de “transdução de sinal”.

Apesar de haver mais de cem canabinoides produzidos pela cannabis, somente alguns existem em quantidades significativas. Dentre estes, os mais conhecidos são o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Pesquisas sobre os benefícios desses dois compostos estão bem estabelecidas. 

Diversos outros canabinoides estão sendo pesquisados para potenciais terapêuticos, e evidências e pesquisas comprovam que estes funcionam de forma mais eficaz juntos do que isolados. O uso isolado pode limitar o potencial de beneficiar várias condições médicas.

CANABINOL (CBN)

Um dos motivos da cannabis ser amplamente utilizada como auxílio para o sono é o canabinol (CBN). Este canabinoide é um produto da oxidação espontânea do tetraidrocanabinol (THC), e sua ocorrência é muito baixa na planta in natura. O CBN é pouco psicoativo, porém é sinergicamente sedativo junto ao THC, causando sensação de torpor via ação nos receptores CB1 e CB2, sendo que sua afinidade ao receptor CB2 é três vezes maior que ao CB1. Portanto, sua atuação é maior nos sistemas imunológico e nervoso periférico do que no sistema nervoso central. Assim, acredita-se que o CBN possa ser útil no tratamento de doenças relacionadas ao sistema imune, como esclerose múltipla e doença de Crohn, além de ter possíveis efeitos no aumento da produção de testosterona.

Em uma pesquisa com camundongos, o CBN foi testado paralelamente com uma combinação de CBN e CBD para diminuição de dor mecânica muscular induzida. Ambos foram eficazes, porém a combinação dos dois canabinoides induziu uma redução mais duradoura. 

As pesquisas com CBN ainda estão no começo, porém são promissoras. Outro estudo sugere a estimulação do crescimento ósseo. Caso confirmado, o CBN pode vir a ser útil no tratamento da osteoporose, condição bastante comum em idosos. Além disso, também poderia auxiliar na recuperação de fraturas.

CÂNHAMO

Também conhecido pelo seu nome em inglês, “Hemp”, cânhamo é um anagrama de maconha e pertencente à mesma espécie da planta (Cannabis sativa), embora sejam variedades originárias de diferentes cruzamentos e seleções. 

O que difere cânhamo de maconha são os níveis de THC — de até 0,3% para o “primo careta” da maconha. Por vezes, é referido como “cânhamo industrial”, visto que serve de matéria-prima para diversas indústrias por possuir características como fibras resistentes e isolamento térmico.

CANNABIS 

Gênero de planta que conta uma única espécie, a Cannabis sativa, que conta com duas subespécies: a C. sativa sativa e a C. sativa indica. Existem também as cultivares/variedades conhecidas como híbridas, que resultam do cruzamento entre subespécies diferentes, e as ruderalis, que iniciam a floração automaticamente quando completam sua fase de crescimento vegetativo. Popularmente conhecida como maconha, a planta da cannabis é usada tanto para fins medicinais quanto para uso adulto (recreativo).   

CANNABIS INDICA 

É uma das subespécies de cannabis, originária do Oriente Médio, à qual pertencem as famosas linhagens kush e afegãs. Comparadas às sativas, são mais curtas, mais arbustivas e possuem uma estrutura de flores mais compacta. Os tipos de indica tendem a produzir efeitos físicos relaxantes e podem ter qualidade sedativa.

CANNABIS SATIVA

Originária de fora do Oriente Médio, esta subespécie de cannabis inclui linhagens de áreas como América do Sul, Caribe, África e Tailândia. Essas variedades, ou strains, de cannabis tendem a crescer mais que as outras e chegam até um metro e meio de altura, além de serem mais claras e levarem mais tempo para florescer. Quando consumidas, as sativas tendem a produzir mais efeitos cerebrais do que físicos.

CANNABIS RUDERALIS

Variedade de cannabis originária da Ásia Central. De baixa estatura, a ruderalis suporta climas mais rigorosos e floresce de acordo com a sua idade e não em resposta à variação do fotoperíodo, como as sativas e indicas. 

CB1

Presente no organismo de quase todos os seres vivos, o sistema endocanabinoide está envolvido em várias funções, incluindo estresse, ingestão alimentar, metabolismo e dor, e intimamente relacionado ao processo de homeostase, ou seja, a estabilidade do organismo.

Entre os componentes essenciais do sistema endocanabinoide, estão os receptores canabinoides, sendo os dois principais o CB1 e o CB2, que foram nomeados pela União Internacional de Farmacologia Básica e Clínica de acordo com sua ordem de descoberta.

Os receptores CB1 são encontrados em grande quantidade no sistema nervoso central, onde modulam a neurotransmissão, e também no fígado e tecidos adiposos, tecido vascular e cardíaco, tecidos reprodutivos e tecido ósseo.

Estudos demonstram que os agonistas CB1 induzem efeitos ansiolíticos, atenuam a síndrome de abstinência e autoadministração de opioides e funcionam como orexígenos (estimuladores de apetite) em pacientes com câncer. A pesquisa também mostra que a ativação dos receptores CB1 está associada às propriedades anti-hiperalgésicas (contra sensibilidade exagerada à dor) e antialodínicas (inibição da dor causada por um estímulo não doloroso) dos canabinoides.

CB2

Os receptores canabinoides CB2 são expressos principalmente quando há inflamação e estão presentes nas células imunes (sistema imunológico), onde podem desempenhar um papel modulando a liberação de citocinas, no baço e em células derivadas de macrófagos (células envolvidas na eliminação de corpos estranhos ao organismo, que podem assumir diferentes designações e fenótipos, de acordo com o local do corpo que ocupam e via de ativação).

Eles também são encontrados no sistema nervoso central, porém restritos ao tronco encefálico e algumas células piramidais do hipocampo, em condições fisiológicas normais (a expressão do CB2 é altamente induzível na micróglia, após ocorrer uma inflamação ou lesão).

Estudos sugerem que os receptores CB2, além da relação com a resposta imunológica, também estão implicados em efeitos antinociceptivos (redução na capacidade de perceber a dor).

CEPA

Ver ‘Strain’.

CHAPADO(A) 

Termo popularmente dado a quem está sob os efeitos associados ao uso da cannabis. Sinônimo informal para a pessoa ‘na onda’.

CLONAGEM 

Técnica de reprodução assexuada e sem necessidade de sementes. Consiste na retirada de estacas (pedaços do caule) que são plantadas em um meio úmido para enraizamento e desenvolvimento de novas plantas (clones).

CLUBE SOCIAL CANÁBICO OU DE CULTIVO 

Associação ou coletivo composto de cultivadores e consumidores, sem fins lucrativos. Geralmente, uma pessoa ou pequeno grupo se encarrega de plantar, enquanto outros pagam mensalidade e recebem uma quantidade proporcional de cannabis.

Pelo marco regulatório do Uruguai, clubes canábicos podem ter até 45 membros e cultivar até 90 plantas. Seus associados podem recolher mensalmente o máximo de 40 gramas de inflorescências de cannabis.

Em outros países, como na Espanha, mesmo sem haver um marco regulatório, apenas a descriminalização possibilita a existência dos clubes sociais canábicos, onde a ideia é cobrir as necessidades dos consumidores que legalmente têm o direito de consumir, mas não de cultivar.  

COFFEE SHOP 

Nos Países Baixos, coffee shops são estabelecimentos onde é permitido o consumo e a venda legal de maconha, haxixe e outros produtos. No Brasil, é um espaço conceito, que combina a cultura canábica, arte urbana, palco para debates, músicas e outras apresentações culturais. Por determinação legal, as coffee shops não comercializam maconha ou produtos derivados.

COLA

Cola é o conjunto de buds que se forma ao longo das hastes principais de uma planta de cannabis madura e podem chegar a mais de 40 cm. No topo da planta, forma-se a cola principal, também chamada de “Top Bud”.

COMESTÍVEL

Os comestíveis, ou edibles (em inglês), são produtos alimentícios infundidos com óleos, extratos ou manteigas à base de cannabis. O famoso ‘brisadeiro’ é exemplo clássico de um comestível de maconha, mas biscoitos, brownies, balas, chocolates e outros doces, além de bebidas e até pães fazem parte da categoria. Dispensários de cannabis legal costumam vender manteigas ou óleos com infusão de maconha para que pacientes façam suas próprias  receitas. No consumo de comestível de cannabis, os efeitos demoram mais para surgir e são diferentes da cannabis inalada. 

CONCENTRADO 

Nome dado à categoria de produtos da dissolução da maconha in natura, com concentrações muito altas de THC (geralmente mais do que buds ou haxixe), que podem se apresentar de formas variadas, como óleos espessos (BHO), pedaços resinados e resina moldável. Diante de uma variedade de técnicas para a produção de um concentrado, a classificação geralmente depende do método de fabricação e da consistência do produto final.

CREMA

Gíria para designar a cannabis e variados concentrados de alta qualidade.

CRUMBLE

Uma extração de cannabis de consistência seca e esfarelenta (característica que deu origem ao seu nome, “crumble”, que em inglês significa “esfarelar”), com alto teor de THC, obtida com o uso de solventes. É uma das formas mais secas de concentrado e tende a ter uma cor amarela.

CULTIVO INDOOR 

Método de cultivo de maconha em ambiente interno, com controle de iluminação, temperatura, fluxo de ar e umidade, simulando as condições externas em um espaço controlado.

CULTIVO OUTDOOR

Método de cultivo de maconha em ambiente externo, à luz do sol e sob as condições climáticas do local. 

DAB

Na cultura canábica, o termo em inglês refere-se ao ato de consumir óleos, haxixes e concentrados de cannabis, incluindo uma ampla variedade de butane hash oil (BHO), usando equipamentos que permitem o “derretimento” da substância em questão.  

Geralmente são utilizados bongs de vidro equipados com ponta de titânio ou vidro borossilicato, que é aquecida por meio de um maçarico. Com a peça superaquecida, basta encostar uma quantidade bem pequena de concentrado utilizando um coletor/haste, enquanto puxa, inalando o vapor com alta concentração de THC. Pesquisadores estimam que um dab (um trago) fornece uma quantidade de THC similar a de um baseado.

DA LATA

Expressão surgida de um episódio da história canábica brasileira que afetou a cultura popular dos anos 80, quando, em agosto de 1987, milhares de latas despejadas do navio Solana Star amanheceram nas areias do litoral paulista, dando início ao período que ficou famoso como “Verão da Lata”. No meio canábico e na imprensa em geral, a erva ficou conhecida como “maconha da lata” e a expressão “da lata” acabou se tornando uma gíria, usada principalmente no Rio de Janeiro, para se referir a algo que é de boa qualidade, uma vez que a cannabis vinda do mar ficou famosa por sua alta qualidade: “Essa é da lata?”.

De marcas de essências e alimentos para pets a nomes de músicas e drinques, as referências em homenagem ao Verão da Lata são vistas até hoje. Em julho de 1995, a expressão aparece no título e primeira faixa do terceiro álbum da cantora carioca Fernanda Abreu.

DEFOLIAÇÃO

Técnica de cultivo que consiste em remover as folhas da planta no período de pré-flora e flora visando maximizar o rendimento da produção.

DESCRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA NO BRASIL

Um encontro na Faculdade Direito da USP, em 1986, com a participação do diretor do Teatro Oficina, José Celso Martinez, dos advogados Carlos Alberto Toron e Paulo Erix, do presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Paulo Gonçalves da Costa Junior, e João Breda e Henrique Carneiro (na época, ambos candidatos pelo PT) iniciou o debate pela descriminalização da maconha no Brasil, movimento que luta para que a posse, o porte e o consumo pessoal de cannabis não seja considerado crime no país. 

Em 2006, o Congresso Nacional discutiu um projeto de lei que previa a substituição da pena de prisão por sanções administrativas no caso de posse de pequenas quantidades de droga para uso pessoal. Aprovado, o projeto de lei se tornou a Lei de Drogas, a Lei 11.343/06, que também pode ser chamada de Lei Antidrogas ou Lei de Tóxicos. 

Dentre as novidades da lei, destacava-se a mudança no tratamento da política criminal em relação ao usuário de drogas. O artigo 28 trata do porte de drogas para consumo pessoal e não prevê pena privativa de liberdade. O Art. 28 considera usuário quem adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo, para consumo próprio, drogas sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar. 

Porém, o artigo 33 da mesma lei foca na repressão à produção não autorizada pelo Poder Público e ao tráfico ilícito de drogas, definindo, inclusive, crimes. Pela lei, traficante é “quem importa, exporta, remete, prepara, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, tem em depósito, traz consigo, guarda, prescreve, ministra, entrega a consumo ou fornece drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 

Em ambos os tipos previstos pela lei, há condutas descritas que seriam basicamente as mesmas. Mas o art. 28 exige a presença de uma especial intenção do agente de que as condutas descritas sejam dirigidas ao consumo pessoal. Na prática, o ordenamento jurídico brasileiro permite que a distinção entre usuários e traficantes seja feita baseada na palavra do policial, cabendo ao juiz decidir em qual tipo se enquadra. Não há, portanto, um critério objetivo, como uma quantidade definida para classificar se o porte de droga se destina a consumo pessoal ou ao tráfico.

No Supremo Tribunal Federal tramita o RE 635.659 (Recurso Extraordinário 635.659), um processo que trata da descriminalização do porte de drogas para o consumo pessoal, em julgamento desde 2011, e sobre o qual apenas três dos onze Ministros do STF se manifestaram, votando a favor da descriminalização, sendo que dois deles, Luiz Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, restringiram a descriminalização ao uso e porte exclusivamente da cannabis (maconha), ficando dessa forma mantida a proibição do porte e uso das demais drogas tornadas ilícitas.

DIAMBA

Um dos nomes de origem africana que remete à planta de cannabis = panga, liamba.

DICHAVAR

Termo popularmente conhecido para o preparo necessário para o consumo de maconha, triturando as inflorescências secas de maconha. Dependendo do material vegetal, podem ser utilizados trituradores de erva ou tesouras. O termo também é utilizado entre os consumidores adultos para se referir ao ato de esconder ou se livrar da maconha durante um enquadro. Ex.: “Sujou, dichava o flagrante”.

DISPENSÁRIO

É o termo usado para as lojas que comercializam legalmente cannabis e seus produtos derivados, para usos medicinais e adulto. Nessas lojas, acessíveis somente a maiores de idades, portando documento de identificação, o cliente é atendido por profissionais especializados, mais conhecidos como budtenders.

DRY ICE HASH

Técnica de extração de tricomas para produção de concentrados sem solvente que utiliza gelo seco e bolsas filtrantes de diferentes micragens (porosidade), que são colocadas uma dentro da outra. A primeira bolsa de cima é preenchida com os buds e o gelo seco e então o conjunto é agitado para que as glândulas de resina congeladas sejam extraídas e filtradas através das bolsas. (Este método é basicamente o mesmo que é empregado no bubble hash, que utiliza água e gelo no lugar do gelo seco.)

EFEITO ENTOURAGE/COMITIVA

Originalmente o termo foi usado pelo pesquisador israelense Shimmon Ben-Shabat para descrever uma interação positiva que ocorre na fisiologia do organismo de mamíferos, mas se aplica também ao comportamento sinérgico entre compostos da cannabis e de nosso organismo.

Quando consumimos cannabis, nosso corpo absorve centenas de compostos botânicos. Cada um chega com efeitos e benefícios únicos e seu comportamento pode mudar na presença de outros compostos, como canabinoides e terpenos. Os compostos trabalham de forma conjunta, algo que é conhecido como Efeito Entourage (Entourage Effect) ou Efeito Comitiva. 

ENDOCANABINOIDES

O corpo humano possui uma rede de receptores e ligantes endógenos chamada sistema endocanabinoide. Os endocanabinoides e seus receptores, denominados CB1 e CB2, são encontrados em todo o corpo: no cérebro e em todos os outros órgãos, nos tecidos conjuntivos, nas glândulas e nas células imunológicas. Estes não são os únicos receptores de canabinoides, mas foram os primeiros descobertos e continuam sendo os mais bem estudados.

O sistema endocanabinoide executa diferentes tarefas no sistema imunológico, sistema nervoso e em todos os órgãos do corpo, regulando uma série de processos fisiológicos, incluindo apetite, dor, inflamação, pressão intraocular, controle muscular, metabolismo, qualidade do sono, resposta ao estresse, humor e memória.

ESTÁGIO VEGETATIVO

Primeiro estágio de crescimento no cultivo da maconha, quando são desenvolvidos o caule e as folhas.

ESTIRPE

Ver ‘Strain’.

EXTRAÇÃO

Técnica que consiste na separação dos tricomas (que contém canabinoides e terpenoides) da matéria vegetal (planta). Existem diversos tipos de extrações, com e sem solvente, além de técnicas diversas.

E-LIQUID

Também conhecidos como e-juices ou, em português, e-líquidos, os líquidos para cigarros eletrônicos geralmente são feitos de glicerol vegetal (GV) ou glicol propileno (GP), com uma base de óleo e extratos ricos em canabinoides, como CBD e THC que, combinados com outros elementos, podem ter sabores diversos. Óleos essenciais, como terpenos, também podem ser utilizados como e-liquids na aromaterapia.

FAN LEAVES

As grandes e icônicas folhas em formato de leque da maconha, que se desenvolvem durante o período de crescimento vegetativo da planta, são chamadas de “fan leaves”. Elas são essenciais para a fotossíntese, absorvendo luz e convertendo-a em energia para a planta crescer. (Ao contrário das sugar leaves, as fan leaves contêm apenas vestígios de canabinoides.)

FEMINIZADA

Termo usado para se referir à semente que foi criada para produzir somente plantas femininas, ou seja, as que produzem flores onde se encontra a maioria dos canabinoides. As sementes feminizadas facilitam as coisas para os cultivadores, eliminando a necessidade de determinar o sexo da planta em crescimento e remover os machos. 

FENÓTIPO

Termo que se refere às características físicas gerais da planta, como altura, cor, ramificação, configuração das folhas e estrutura celular ou qualquer marcador que possa ser usado para identificar e julgar a integridade de uma planta. 

FLAVONOIDES

Flavonoides são compostos polifenólicos que atuam como metabólitos secundários para uma miríade de plantas e fungos. A função primária dos flavonoides é fornecer pigmentação colorida às plantas.

Além de serem parcialmente responsáveis ​​pela proteção das plantas contra elementos como raios ultravioleta, pragas e doenças, os flavonoides desempenham um papel importante no fornecimento das qualidades distintivas que diferenciam as variedades de cannabis. Tanto o odor quanto o sabor são possíveis na maconha devido às qualidades sinérgicas que os terpenos e os flavonoides compartilham entre si.

Os flavonoides também afetam a pigmentação da cannabis, assim como o fazem com outras plantas. As variedades de cannabis roxa devem sua coloração aos flavonoides conhecidos como antocianinas. Em outras plantas, a antocianina pode causar coloração vermelha, rosa, violeta ou azul, dependendo dos níveis de pH.

Mais de 20 flavonoides foram identificados na cannabis, sendo que alguns, como as canflavinas, são farmacologicamente ativos. Estudos mostram que as canflavinas A e B têm propriedades anti-inflamatórias mais fortes do que as encontradas na aspirina, e um estudo separado ainda aponta para o potencial terapêutico da canflavina B no tratamento do câncer de pâncreas. A canflavina C e outros flavonoides também estão sendo estudados por seu potencial benefício medicinal.

FLORAÇÃO

Período necessário para uma planta produzir flores maduras. Os tempos de floração da cannabis são afetados pelo tempo de exposição diária ao sol ou outras luzes, com exceção das variedades do tipo ruderalis, que floresce automaticamente.

GENÉTICA

Resultado do cruzamento entre duas linhagens diferentes de plantas. Por exemplo: a genética Blue Dream é um cruzamento entre as linhagens Blueberry e Haze.

GROWSHOP

Loja especializada em produtos para o cultivo de cannabis e outras plantas. Nestes estabelecimentos encontram-se os itens necessários para o cultivo e sua manutenção. 

GROWER

Termo, em inglês, que se refere à pessoa que cultiva cannabis.

HAXIXE (HASH)

Produto resultante de extração de maconha, que consiste em um concentrado de tricomas com baixíssima ou nenhuma matéria vegetal.

HEAD SHOP

Termo em inglês para designar a loja que vende produtos relacionados à cultura canábica, que devem ser registrados e certificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nestes estabelecimentos é possível encontrar apetrechos, como papel de seda, bongs, pipes, trituradores e outros acessórios para o consumo de tabaco e cannabis, além de itens relacionados à moda, decoração e lifestyle.

HIDROPONIA/HIDROPÔNICA

Sistema de jardinagem que não utiliza solo. As plantas são cultivadas em água e recebem seus nutrientes diretamente pela solução. Para os produtores, as vantagens incluem maior controle sobre a estabilidade e a ingestão de nutrientes. O resultado do cultivo no sistema de hidroponia é comumente chamado de planta hidropônica.

ICE 

Técnica de extração, sem solventes, que utiliza apenas água e gelo. O nome também pode ser dado ao produto final.

KIEF

Nome dado aos tricomas que foram separados e coletados da inflorescência de cannabis. Como os tricomas são cristais pegajosos que contêm grande parte dos canabinoides da planta, o Kief é conhecido por sua potência. Principal ingrediente na produção do haxixe, o Kief pode ser erroneamente confundido com o pólen das flores. 

KUSH 

Nome de uma linha de plantas de maconha, oriundas das montanhas Hindu Kush, na Ásia Central, entre o Afeganistão e Paquistão. As cepas Kush são do epíteto específico indica e têm um aroma único que conquistou os apreciadores.

LARICA

Termo coloquial para fome. Larica é uma gíria da língua portuguesa, de origem incerta, para descrever uma vontade excessiva de comer após consumir maconha. Porém, tudo indica que a palavra vem do sobrenome de Maria Candelária “Larica”, como mostra o dicionário de provérbios, expressões e ditos populares “Mas será o Benedito?”, do escritor Mario Prata, de 1996.

“Dona Maria Candelária Larica, portuguesa que morava no Rio de Janeiro no final do século XVIII, foi quem teve a grande ideia e fez grande fortuna. Sendo também ela uma grande consumidora da Cannabis sativa (devia ser saliva), abriu uma rede de lojas pela capitania toda, especializada em doces portugueses. Principalmente quindim. Mas antes oferecia maconha (que não era proibida) aos clientes, que ficavam loucos para comer doces. A bodega chamava-se A Larica. Daí” a possível origem.

Em inglês, a palavra larica pode ser traduzida como munchies. Na área da botânica, larica é uma palavra usada para descrever o joio que normalmente cresce junto com o trigo.

MACONHA

Termo genérico para referir-se às plantas femininas de cannabis ou suas inflorescências secas. As fêmeas, por produzirem inflorescências que contêm alta porcentagem de canabinoides, são mais utilizadas. Aliás, a palavra maconha é um anagrama da palavra cânhamo, como mostra a figura abaixo:

MANTEIGA CANÁBICA

Manteiga infusionada com cannabis, rica em canabinoides e usadas para fazer comestíveis (edibles, em inglês).

MARCHA DA MACONHA [ref]

A “Global Marijuana March” começou na década de 1990, em Nova York, e conquistou cidades ao redor, além de outros países. No Brasil, em 2002, a portuguesa chamada Susana Souza organizou no Rio de Janeiro, pelos moldes internacionais da GMM, a primeira manifestação pela legalização da maconha, que levou o nome de “Marcha Mundial da Maconha”, mais tarde conhecida como Marcha da Maconha.

Em São Paulo, a primeira passeata rolou em 2003 e recebeu o nome de “Passeata Verde”. A edição se repetiu em 2004, mas, diferente da primeira, nessa a presença da polícia foi violenta, resultando em vários detidos e feridos. Durante muitos anos, as Marchas da Maconha foram ganhando territórios em grandes cidades pelo Brasil, até uma edição sofrer a maior repressão policial de sua história, em 2011. 

MAROFA

Aroma que permeia o ambiente durante a combustão de cannabis e seus derivados.

MEDICAMENTOS À BASE DE CANNABIS

Desde 2012, produtos feitos a partir da extração de canabinoides e utilizados para fins terapêuticos ficaram conhecidos pelo mundo por ‘medicamentos à base de cannabis/maconha’. Mesmo que em alguns países, como nos Estados Unidos, alguns destes produtos sejam classificados como suplemento alimentar, os mesmos podem ser classificados como medicamentos ao chegarem em outros países, dependendo de sua legislação sanitária.

Assim era no Brasil, de 2014 até 2020. Até entrar em vigor, em 10 de março, uma Resolução da Diretoria Colegiada, a RDC 357 de 2019, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que criou a categoria de ‘produtos de cannabis’, separando o que realmente é medicamento de outros produtos.

Pela RDC, os medicamentos à base de cannabis estão sujeitos a registro, validade de 10 anos com direito a renovação e podem adotar nomes comerciais. Sua utilização deve se dar de acordo com a apresentação de dados de eficácia e segurança, sendo obrigatória a avaliação prévia da Anvisa e seguir RDCs anteriores, diferente dos ‘produtos de cannabis’.

Essa mesma resolução define os procedimentos para a concessão da Autorização Sanitária para a fabricação de produtos de cannabis no Brasil.

ÓLEO DE CÂNHAMO

Produto oriundo da extração feita de partes das plantas de cânhamo, onde a concentração de THC é ínfima se comparada à das plantas fêmeas de cannabis, com no máximo 0,3%. Também conhecido como Hemp Oil, possui benefícios terapêuticos e pode compor outros produtos, como cosméticos, por exemplo.

ÓLEO DE CANNABIS

Resultado da extração feita em plantas fêmeas de cannabis, com finalidades terapêuticas, rico em canabinoides e com taxas de THC superiores a 0,3%; o extrato geralmente possui textura pastosa, antes de ser diluído em óleo vegetal e dar origem ao chamado óleo de cannabis, muitas vezes produzido no Brasil de forma caseira por associações e pacientes.

Os óleos de cânhamo e cannabis diferem de azeites ou óleos de cânhamo/hemp para uso culinário, que são obtidos através das sementes de cânhamo espremidas, que não possuem THC. O óleo de cânhamo culinário possui um aroma próximo ao de nozes e quanto mais escuro, mais acentuado é seu sabor.

PERLITA

Tipo de vidro vulcânico, em forma de grãos, usado para aerar o solo (facilitar a oxigenação) e promover um melhor enraizamento das plantas, ao impedir que o solo se torne compacto.

PIPE

É o nome em inglês dado ao acessório similar a um cachimbo (o avô dos pipes) que dispensa o ato de apertar um baseado, podendo ser de vidro, metal ou silicone. Os que usam água para filtrar e resfriar a fumaça são chamados de bubblers.

PISTILO

Os famosos ‘cabelinhos’ encontrados nas flores. Os pistilos, na realidade, fazem parte do órgão reprodutivo feminino da cannabis. Eles são os responsáveis por capturar o pólen para fecundar as flores.

PITEIRA

Acessório que é colocado na extremidade do baseado ou cigarro que vai à boca. Geralmente de papel ou vidro, ela serve para resfriar a fumaça inalada e pode ser usada junto com um filtro. Quanto maior o espaço entre a brasa e a boca, maior a distância que a fumaça terá que percorrer e menor a temperatura da mesma quando for tragada.

No século passado, a partir de 1910, as piteiras compridas de plástico eram acessórios típicos femininos na hora de fumar tabaco. Além de protegerem as mãos de manchas e cheiro, as piteiras são úteis também para reduzir os danos à saúde.

PITO DO PANGO

Pango, Diamba, Liamba, Fumo de Angola, Veneno Africano ou Maconha, assim era chamada a cannabis por escravizados, e sua proibição foi imposta em 1830, na época do Império. 

Reportagem d’O Globo, publicada em outubro de 1930, lembrava que, cem anos antes, a Câmara do Rio já havia fixado punições para “os contraventores”. No grupo estavam incluídos o vendedor do Pango, que pagaria multa, e “os escravos e mais pessoas que delle usarem (sendo punidos) em três dias de cadeia”. Mas o código dos primórdios do Império parecia letra morta. Segundo a reportagem, a “Diamba” era vendida no início dos anos 30 em herbanários da então capital da República, “como O Globo demonstrou, adquirindo-a, por baixo preço, num desses estabelecimentos commerciaes”, na Rua São José 23.

PLANTA AUTOMÁTICA

Definição para plantas que não são fotodependentes, ou seja, não dependem da quantidade de horas de luz para florescer. Naturalmente, a cannabis é uma planta de dias curtos, ela vegeta quando os dias são mais longos que 12 horas (período de luz) e floresce quando o dia possui menos de 12 horas.

PRENSADO

Nome popular dado à maconha largamente comercializada no mercado não regulamentado. Para reduzir o volume, as inflorescências e outras partes da cannabis são prensadas em tabletes para distribuição. Daí a origem do termo ‘prensado’.  

PRODUTOS DE CANNABIS

Em um âmbito genérico, é todo produto feito à base de cannabis e/ou seus canabinoides.

Ao entrar em vigor, em 10 de março de 2019, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 357, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, criou-se a categoria “produtos de cannabis”, que, apesar de terem fins medicinais, não podem ter em seu rótulo, embalagem e folheto informativo os termos medicamento, remédio, fitoterápico, suplemento, natural ou qualquer outro que tenha semelhança com estes.

Pela RDC, os produtos de cannabis estão sujeitos a autorização sanitária, com validade de cinco anos e podem ser prescritos quando estiverem esgotadas outras opções terapêuticas disponíveis no mercado brasileiro. Não podem ostentar nomes comerciais e devem ser designados pelo nome do derivado vegetal ou fitofármaco acompanhado do nome da empresa responsável.

RE 635.659

O termo representa o Recurso Extraordinário nº 635.659, um processo que tramita no Supremo Tribunal Federal com tema de repercussão geral que trata da descriminalização do porte de drogas para o consumo pessoal.

No julgamento em questão, o porte de drogas para consumo pessoal é analisado sob o enfoque de sua incompatibilidade com as garantias constitucionais da intimidade e vida privada. Se baseia em analisar o artigo 28 da Lei 11.343/2006 essencialmente com relação à vedação constitucional da criminalização de condutas que digam respeito à esfera privada do agente.

O Recurso foi interposto pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo em favor de um condenado por porte de drogas para uso pessoal, por portar 3 g (gramas) de Cannabis sativa (maconha). A Defensoria alega a inconstitucionalidade do art. 28, por violar o art. 5º, X, da Constituição Federal.

REDE REFORMA

Fundada em 2016, a Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas é uma associação civil formada por advogados(as) e outros atores relacionados à área jurídica que atuam pela reforma da política de drogas no Brasil. A Reforma é responsável pela maioria dos salvo-condutos impetrados na Justiça que resguardam pais e pacientes que cultivam cannabis para fins terapêuticos.

REDUÇÃO DE DANOS (RD)

Termo que, apesar de ser autoexplicativo, é utilizado para referir-se especificamente ao trabalho de vários coletivos e ativistas antiproibicionistas de informar aos usuários sobre meios seguros de consumo de drogas, sob a perspectiva da apologia ao cuidado, visando reduzir danos possíveis do consumo de substâncias e considerando a autonomia dos usuários.

A prática de RD fazia parte da Política Nacional de Drogas até junho de 2019, quando entrou em vigor a nova lei que permite a internação involuntária e fortalece as comunidades terapêuticas, onde o tratamento de dependentes químicos é feito através do isolamento social e abstinência total.

RESINA

Substância secretada com a função de proteger a planta, que pode ser vista como pequenos ‘pontos brancos’ nas flores; concentra os canabinoides e terpenos. 

ROCHEDA

O termo ‘tá rocheda’, amplamente usado no Nordeste do país, sobretudo em estados como Ceará e Pernambuco, segundo o Museu da Língua Portuguesa quer dizer “‘beleza’, ‘muito bom’, ‘ótimo’, elogio para uma pessoa bacana”. Mas, nos bairros da periferia de Fortaleza, originalmente “rocheda” também é uma gíria usada no contexto do consumo de maconha, indicando que o “bagulho é louco, é rocheda”.

ROSIN

Técnica de extração sem solventes que utiliza pressão e temperatura para extrair o óleo ou resina. Consiste em ‘esmagar‘ a inflorescência em uma prensa, dentro de um filtro que barra a matéria vegetal, separando assim a extração.

RSO (Rick Simpson Oil)

Óleo de cannabis concentrado com fins terapêuticos criado pelo canadense Rick Simpson que contrariou seu médico e buscou por conta própria o tratamento à base de maconha. Simpson teve melhoras significativas, inclusive no tratamento de um câncer, e passou então, no início dos anos 2000, a cultivar cannabis, produzir sua própria forma de concentrado e distribuir o óleo de forma gratuita para quem precisava. [ROUGH, Lisa. Who is Rick Simpson and what is Rick Simpson Oil (RSO)? Leafly]

SALVO-CONDUTO PARA CULTIVO

É uma decisão judicial em Habeas Corpus (HC) preventivo que resguarda o paciente e seus familiares que já cultivam maconha para tratamentos terapêuticos; qualquer cidadão pode impetrar um HC.

Habeas corpus preventivo é uma ação judicial amparada pela Constituição que visa para proteger o direito de locomoção ou contra ameaça de ato abusivo de uma autoridade. A intenção deste tipo de ação é resguardar o cultivador da ameaça de ser preso.

SEDA (PAPEL DE SEDA)

Com uma ampla variedade de tipos, formas de produção e tamanhos, a seda é o papel usado para a confecção dos baseados. Em livretos geralmente com cerca de trinta folhas, as sedas são um item quase indispensável no kit de uma pessoa consumidora de cannabis. [Clique aqui e conheça a fábrica das melhores e mais premiadas sedas do mundo.]

SEED BANK

Nome em inglês dado ao local que comercializa e fornece sementes de cannabis, que significa ‘banco de sementes’ na tradução literal. Normalmente encontrado em países onde a maconha já foi regulamentada.

SHATTER

Tipo de extração, normalmente realizada com solventes, no qual a textura final é parecida com “vidro” estilhaçado. Daí o nome, que significa ‘quebrar’ em inglês.

SKUNK

Nome usado genericamente no Brasil para referir-se à “supermaconha” comercializada no mercado ilícito e/ou cultivada de forma ilegal. O termo é usado erroneamente por juristas, policiais e até consumidores mal informados para classificar a cannabis mais potente, ou seja, com mais THC, sendo muitas vezes grafada de forma errada, ao associar-se o nome com a banda Skank.

O skunk, na realidade, é uma variedade/strain/cepa de cannabis híbrida, ou seja, o resultado do cruzamento de subespécies diferentes de plantas do mesmo gênero (Cannabis), com o objetivo de obter uma concentração maior de tetraidrocanabinol, ou THC. 

SMOKE BUDDIES®

Fundada em 2011, a Smoke Buddies é uma empresa de conteúdo jornalístico especializado em informações sobre maconha, em conformidade com o art. 5o, inciso IX, da Constituição Federal/88. As pautas giram em torno dos avanços, retrocessos, estudos e hábitos de consumo, tanto adulto quanto terapêutico, da cannabis. 

A Smoke Buddies® também reúne cerca de um milhão e meio de consumidores nas plataformas on-line, que debatem e interagem acerca da cultura canábica. Mais genericamente, apesar de registrada, a marca Smoke Buddies tornou-se um sinônimo de “roda virtual canábica”.

SMART SHOP

Não tão comum no Brasil como as coffeeshops, smart shop é um estabelecimento de varejo especializado na venda de substâncias psicoativas, incluindo alucinógenos como cogumelos, sementes e ervas. Muito comum nos Países Baixos, Portugal e outras partes da Europa. 

SOLANA STAR

O navio que deu origem ao famoso Verão da Lata foi o Solana Star, que lançou ao mar da costa sudeste brasileira, em 13 de setembro de 1987, 22 toneladas de maconha armazenada em latas. O Solana Star partiu da Austrália e parou para recolher sua preciosa carga em Singapura, no sudeste da Ásia. Seu destino oficial era o Panamá, mas no caminho a droga seria distribuída nos EUA, a partir de Miami. Depois de navegar por 65 dias, o barco começou a ser perseguido pela Marinha e Guarda Costeira, perto de Angra dos Reis, após ter que fazer uma baldeação de emergência no Brasil. A tripulação do navio, temendo ser presa no Brasil, resolveu lançar ao mar milhares de latas da erva.

STRAIN

A maconha é uma planta milenar originária da Ásia Central e que se espalhou para todos os continentes ao longo dos tempos. Após muitas gerações, começaram a se desenvolver variações entre os cultivadores que ficaram conhecidas como variedades, ou strains, de cannabis.

As variedades são desenvolvidas para produzir características distintas desejadas na planta. São comumente nomeadas por seus criadores, ou por consumidores criativos. Os nomes das strains podem refletir a aparência da planta, seu efeito, sabor, linhagem ou local de origem. 

SUBSTRATO

Sedimento, base ou qualquer meio que possa servir de suporte a organismos vivos no cultivo. Os substratos podem ser orgânicos, quando é rico em macro e micronutrientes (humus, terra etc), inertes, quando não há nenhum nutriente presente (fibra de coco, turfa etc) ou semi-inertes, uma mistura dos dois primeiros.

SUG

Nome dado às propostas de apoio público, no portal e-cidadania do Senado Federal, onde qualquer cidadão pode sugerir uma ideia legislativa que, se alcançar o apoio de 20 mil pessoas, vai a debate nas Comissões do Senado como uma SUGESTÃO LEGISLATIVA ou SUG, como a SUG 8 de 2014 que foi a primeira proposta para regular a maconha no Senado Federal.

Se aprovada nas comissões, uma SUG pode se transformar em um Projeto de Lei, como a SUG 25 que após aprovada tramita como uma Proposta de Lei do Senado, a PLS 514 de 2017. 

SUGAR LEAVES

As pequenas folhas que crescem em meio aos buds são denominadas “sugar leaves” (folhas de açúcar) e recebem esse nome em razão da alta concentração de tricomas que apresentam, o que as faz parecer estar cobertas de açúcar. As sugar leaves possuem alto teor de canabinoides e geralmente são utilizadas na produção de concentrados e tinturas e na culinária.

TERPENO

Composto químico produzidos por uma ampla variedade de plantas, inclusive a cannabis. Basicamente, são óleos aromáticos, produzidos na inflorescência de cannabis junto ao CBD, THC e outros canabinoides. Cada variedade possui uma composição única de terpenos, afetando tanto o aroma como o sabor.

A característica mais fascinante dos terpenos é sua capacidade de interagir sinergicamente com os canabinoides e contribuir para seus efeitos no organismo, criando o Efeito Comitiva, que potencializa os benefícios terapêuticos dos componentes individuais da cannabis.

No corpo humano, os terpenos se conectam com neurotransmissores como a dopamina, a molécula da motivação, ou a serotonina, que regula o sono e o humor, por exemplo. Eles também controlam o fluxo de THC no cérebro.

TETRAIDROCANABIEXOL (THCH)

No estudo italiano que descobriu o fitocanabinoide canabidiexol (CBDH), publicado em dezembro de 2020, na revista Scientific Reports, os pesquisadores também relataram a descoberta do tetraidrocanabiexol (THCH), expandindo a série de homólogos do CBD e do THC. A pesquisa teve como autor principal o professor Giuseppe Cannazza, do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Modena e Reggio Emilia.

TETRAIDROCANABIFOROL (THCP). Relatado em dezembro de 2019, por cientistas da Universidade de Salento, na Itália, o novo canabinoide mostrou ter uma afinidade pelo receptor CB1 mais de trinta vezes maior do que a apresentada pelo tetraidrocanabinol (THC), em testes pré-clínicos. Para os pesquisadores envolvidos no estudo, o THCP deveria ser incluído na lista dos principais fitocanabinoides a serem determinados para uma avaliação correta do efeito farmacológico dos extratos de cannabis administrados aos pacientes.

TETRAIDROCANABINOL (THC)

O canabinoide mais comum produzido pela cannabis e um dos primeiros fitocanabinoides a ser descoberto e isolado. Apesar de não ser tóxico, doses muito altas produzem efeitos psicoativos importantes, com alteração do comportamento. Foi isso que trouxe popularidade à cannabis como droga de uso adulto, e durante décadas foi visto como responsável pelos efeitos no organismo. 

O THC liga-se a ambos receptores canabinoides, CB1 e CB2, como ativador parcial, o que explica seus efeitos psicoativos característicos. Devido à atividade agonista, promove tolerância dos receptores conforme seu uso é aumentado. Daí a importância do uso racional e da associação de outros canabinoides, como o CBD, que modulam essa atividade e promovem equilíbrio do sistema endocanabinoide.

Por ser o canabinoide mais extensamente estudado, seus efeitos terapêuticos são bem documentados, como a redução da inflamação, alívio da dor, estímulo do apetite, entre outros. Estas aplicações estão melhores descritas na seção “condições médicas“.

TETRAIDROCANABIVARINA (THCV)

Canabinoide com estrutura molecular semelhante à do THC, porém com atividade diferente, uma vez que atua como agonista parcial do receptor CB2 e antagonista do CB1, em doses baixas. Outra diferença é em relação ao apetite: enquanto o THC é estimulante, a THCV é inibitória.

Em um estudo extenso com roedores, a THCV demonstrou alta eficácia no tratamento de adicção por nicotina. Também foi concluído que este canabinoide pode ter eficácia no tratamento da adicção de outras drogas viciantes. Em outra pesquisa, também com roedores, foram encontrados efeitos anticonvulsivantes importantes, o que demonstra potencial no tratamento da epilepsia.

Além disso, a THCV pode ajudar no tratamento da diabetes. Um estudo demonstrou eficácia na redução da glicemia de jejum e melhora da função pancreática em pacientes diabéticos.

TETRAIDROCANABUTOL (THCB)

Canabinoide encontrado na cannabis, também análogo do tetraidrocanabinol (THC), descoberto no mesmo estudo que descreveu o canabidibutol (CBDB). Em teste pré-clínico, o tetraidrocanabutol demonstrou atividade agonista para o receptor CB1. A pesquisa em andamento busca possíveis propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. (Análogo do canabidiol, o canabidibutol foi relatado em pesquisa realizada por cientistas italianos e publicada em julho de 2019. O canabinoide foi identificado como uma impureza do canabidiol comercial extraído do cânhamo.)

TOP BUD

Inflorescência localizada na copa da planta. Normalmente é a maior e mais alta inflorescência da planta.

TRICOMA

Apêndices que secretam a resina da planta. Essa resina tem como objetivo proteger a planta e é nela que estão concentrados os canabinoides e terpenos, quando seca é chamada de “Kief”.

TRIMMING

Termo em inglês que descreve a técnica realizada após a colheita de cannabis, que consiste em retirar as folhas presentes entre as flores dos buds, proporcionando melhor cura e sabor.

USO ADULTO/SOCIAL/RECREATIVO

Expressão que se refere ao consumo de uma substância, geralmente psicoativa, como álcool ou outras drogas, em situações de lazer e entretenimento. Como o ecstasy usado em baladas ou a cerveja, a maconha é usada mais socialmente, com os amigos, para relaxar.  

O termo comumente utilizado é USO RECREATIVO, mas o termo mais adequado é uso adulto, ou uso social, já que o termo “recreativo” pode ser relacionado a “infantil”.

USO TERAPÊUTICO/MEDICINAL DE CANNABIS

Consumo que tem como objetivo controlar, prevenir e tratar condições de saúde de pacientes, da planta in natura ou de produtos e medicamentos à base de cannabis.

Diante das propriedades benéficas dos canabinoides, todo consumo de cannabis é tratado como terapêutico/medicinal, geralmente através de prescrições médicas ou compartilhamento de experiências de pessoas com condições similares.

VAPE/VAPORIZADOR

Nome dado ao dispositivo usado para consumir maconha e derivados, em forma de vapor. Possui uma câmara interna, onde as flores de cannabis, ervas secas e extrações são aquecidas sem haver combustão como ocorre nos baseados, bongs e pipes. 

A vaporização é mais saudável do que o ato de fumar, pois não se inala fumaça, contudo esse método produz efeitos quase instantâneos. Nos modelos eletrônicos, é possível controlar a temperatura e o tempo de duração de uma sessão de aromaterapia ou vaporização.

VARIEDADE

Ver “strain”. 

VERÃO DA LATA

Episódio da história canábica brasileira que afetou a cultura popular da década de 1980, um período de abertura política e de transformações na sociedade brasileira. Em agosto de 1987, a Polícia Federal recebeu de órgãos internacionais a informação de que um navio que se aproximava da costa brasileira estaria carregando toneladas de maconha acondicionadas em latas de metal. Uma grande força tarefa foi montada para interceptar a droga, mas apesar do esforço conjunto das autoridades civis e militares, tudo o que encontraram na embarcação foi um porão vazio. Frustrados, os policiais brasileiros se perguntaram como 22 toneladas de maconha poderiam ter desaparecido. A resposta não demorou a vir à tona. Poucos dias depois, milhares de latas amanheceram nas areias do litoral paulista, dando início ao período que ficou famoso como Verão da Lata. 

WAX

Tipo de extração, normalmente feita com solvente, que possui aparência de cera (wax, em inglês).

420/4:20/4i20

Com diversas teorias para explicar a sua origem, a expressão 4:20 faz referência à hora de fumar maconha, mas a simbologia do 420 na cultura canábica ganha cada vez mais significados. Celebrações à maconha no 20 de abril (que em inglês é escrito na forma 4/20, em função do mês 4 e do dia 20) ocorrem há vários anos nos Estados Unidos e vários países, incluindo o Brasil.

A teoria mais aceita e conhecida diz que a origem do 420 remete ao ano de 1971, quando era usada como uma senha por estudantes de ensino médio de San Rafael, no estado americano da Califórnia. No outono daquele ano, cinco adolescentes teriam encontrado um mapa desenhado a mão que mostrava a localização de uma plantação de maconha em Point Reyes, próximo a San Francisco. Eles resolveram encontrar o “tesouro” e marcaram de se reunir para a expedição às 4h20 da tarde. Nunca encontraram a plantação, mas a hora do encontro não seria mais esquecida.

710

Outra expressão oriunda da cultura canábica em homenagem à maconha, mais especificamente o óleo de maconha (710 de ponta-cabeça, lido de trás para frente, vira “OIL”, que em inglês significa óleo). Assim como o 420 é celebrado no dia 20 de abril, o 710 é comemorado em 10 de julho (7/10, no inglês americano) como o dia internacional do óleo de maconha. No Brasil, o 710 também é comemorado em 7 de outubro (7/10).

Tal como o 420, existem diversas teorias para explicar o princípio do 710. Em 2010, o termo foi incluído no Urban Dictionary, mas sem nenhuma relação com a cannabis; em 2011 foi inserida uma segunda entrada vinculando 710 ao concentrado de maconha. O jornal californiano LA Weekly publicou em 10 de julho de 2013 uma matéria com o título “Maconha: 710 é o novo 420”. Em 2014, o International Business Times também publicou um artigo sobre o 710. Nenhuma dessas postagens, no entanto, conjectura sobre quem criou o 710.

#PraTodosVerem: a arte em destaque traz, sobre fundo branco e em tons de verde, a imagem da folha de maconha composta por palavras que fazem parte do vocabulário canábico.

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