Maior exportador mundial de haxixe, Marrocos está mais perto da legalização

Fotografia tirada no Marrocos mostra um cultivo de cannabis a céu aberto, com diversas folhas amareladas, no primeiro plano, e uma cordilheira dividindo a linha do horizonte com um céu de nuvens brancas, ao fundo. Imagem: Youtube / Dinafem Seeds.

Legisladores marroquinos votaram a favor de um projeto que legaliza o cultivo de maconha para fins medicinais e industriais; o rei Mohammed VI tem que aprovar a legislação antes que ela possa entrar em vigor. Com informações da Bloomberg

O parlamento do Marrocos votou pela legalização do cultivo local de cannabis para uso medicinal e industrial, em uma vitória potencial para os agricultores marginalizados no maior exportador mundial da droga.

O Marrocos, onde dezenas de milhares de pessoas vivem do cultivo ilegal de maconha, debateu a legalização na última década, com defensores dizendo que isso permitiria aos agricultores vender ao governo em vez de aos traficantes.

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Eles encontraram um novo aliado poderoso no Ministério do Interior depois de 2017, quando uma grande onda de protestos na região norte do Rif expôs queixas socioeconômicas há muito ignoradas. Rif é responsável por uma grande parte dos 475 km2 de cultivo de cannabis no reino do Norte da África, e espera-se que a legalização acalme as tensões, acabando com o status de fugitivos dos fazendeiros locais e proporcionando alívio econômico.

Um total de 119 legisladores votou a favor da legalização e 48 contra, disse o chefe do comitê de finanças e assuntos econômicos da câmara, Abdellah Bouanou, por telefone. Seu Partido da Justiça e Desenvolvimento, ou PJD — islamistas que lideram o governo de coalizão —, votou contra o projeto.

O rei Mohammed VI tem que aprovar a legislação antes que ela possa entrar em vigor. O uso adulto permanece ilegal.

O mercado global de cannabis medicinal e produtos relacionados com a cannabis cresceu rapidamente nos últimos anos, à medida que mais países se afastam da proibição total da planta cujos derivados podem ser usados ​​para fins terapêuticos.

As mudanças legais devem aumentar a receita dos agricultores com o cultivo da planta em cerca de um terço, para 4,8 bilhões de dirhans marroquinos, ou cerca de R$ 2,8 bilhões, até 2028, disse o ministério no projeto de lei. Esse número ainda é uma fração do valor comercial do comércio ilegal de resina de cannabis processada marroquina, que chega a 118 bilhões de dirhans, o equivalente a mais de R$ 69 bilhões, apenas para exportações à Europa, de acordo com atas de debate no parlamento.

“A situação no Rif é instável”, disse Noureddine Mediane, legislador da região, ao parlamento no mês passado, descrevendo a droga como “ouro verde”.

“Queremos que esses agricultores plantem sua cannabis de cabeça erguida”, disse ele. “Devemos também proibir o cultivo de passas, figos e cevada, quando servem para fazer álcool e cerveja?”.

As reformas acabarão com o limbo jurídico que viu milhares de fazendeiros terminarem nas listas de procurados pela polícia, enquanto os campos de maconha são cultivados tão abundantemente que podem ser vistos ao longo da sinuosa estrada principal que corta o Rif predominantemente montanhoso. O reino “continua a ser o país de origem mais frequentemente mencionado para a resina de cannabis em todo o mundo”, de acordo com o último relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.

Em um comunicado, o PJD disse que a lei foi apresentada sem a devida consulta, inclusive com as pessoas em áreas de cultivo de cannabis, e foi “enredada em considerações eleitorais” antes das eleições parlamentares de setembro. Ele questionou se as mudanças ajudariam a combater a pobreza no Rif, onde o descontentamento também está ligado a disputas por identidade étnica e liberdade política.

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#PraCegoVer: fotografia tirada no Marrocos mostra um cultivo de cannabis a céu aberto, com diversas folhas amareladas, no primeiro plano, e uma cordilheira dividindo a linha do horizonte com um céu de nuvens brancas, ao fundo. Imagem: Youtube / Dinafem Seeds.

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