Marrocos: projeto de legalização da cannabis avança e prevê anistia para cultivadores
A proposta em tramitação no Parlamento marroquino visa aprovar o plantio de maconha para fins medicinais e industriais e tem como alvo principal os agricultores das montanhas Rif. As informações são da Newsweed
Os 400.000 marroquinos que vivem da cultura do “kif” serão anistiados pelo governo do reino, de acordo com uma revelação do site Maghreb Intelligence. “Dezenas de milhares de cultivadores de cannabis no norte de Marrocos serão beneficiados com uma anistia geral e não serão mais processados”, revela o site de informações, citando fontes confiáveis.
Esta é uma nova etapa do Projeto de Lei nº 13.21 “sobre o uso legal de cannabis”. Apresentado no início do ano, este texto se propõe a autorizar o cultivo de cannabis para fins medicinais e industriais. Tem como alvo principalmente os territórios do norte de Marrocos. Nas montanhas do Rif, o kif obtido originalmente das plantas de cannabis da variedade Beldia é uma instituição ancestral, que remonta ao século XV.
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O executivo quer legalizar rapidamente. Os 395 deputados marroquinos tiveram até o dia 11 deste mês para apresentar as suas emendas a fim de modificar o texto elaborado pelo ministro do Interior, Abdelouafi Laftit. Mas o imperativo de rapidez esbarra em desavença política. Na verdade, Laftit é um político da região de Rif. Independente, não sendo membro de nenhum partido, ele se opõe notoriamente ao Partido da Justiça e Desenvolvimento (islâmico, conservador) no poder em Rabat, a capital marroquina. E este partido se opõe fortemente à legalização da cannabis.
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Eleições em setembro de 2021
O projeto de lei 13.21 agora deve passar pelos deputados em plenário. E não será um longo rio tranquilo. De fato, o PJD conta com uma coorte de 125 deputados na Câmara dos Representantes, sendo a maioria fixada em 198 votos. E vários líderes deste partido estão ameaçando abandonar o mandato se a Câmara votar pela legalização da cannabis.
Outra dificuldade: as próximas eleições. Os 36 milhões de marroquinos são chamados às urnas em setembro. E para muitos políticos, o projeto de legalização da cannabis não acontece por acaso. Especialmente porque o Rif — principalmente o povo berbere — é uma região historicamente hostil ao poder central. Ela inclusive foi independente do Marrocos, mesmo que brevemente, na década de 1920. Os deputados da Comissão do Interior atacam, portanto, o ministro Abdelouafi Laftit, criticando-o por este calendário. A legalização da cannabis “não tem nada a ver com eleições”, mas sim com “um serviço ao país”, defende Laftit.
Eleições ou não, os cultivadores de cannabis do Rif estão ansiosos para poder trabalhar com o kif legalmente. Até acabam de criar uma “Coordenação das Áreas de Origem da Cannabis”, uma associação que defende os seus interesses. O que ela está pedindo? Em primeiro lugar, “uma revisão do registo criminal”, segundo informou o jornal Al Ahdath Al Maghribia. Nesse ponto, o governo os ouviu.
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#PraCegoVer: fotografia que mostra dois cultivadores marroquinos, ambos usando máscara tipo ninja feita com camiseta, uma vermelha e outra azul, com os corpos arqueados para frente enquanto cuidam das plantas em uma plantação de cannabis a céu aberto. Imagem: LBCI.
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