Witzel diz que polícia fiscalizará ‘Maconhaço’, organizado (e já cancelado) por internautas

Foto de uma placa fincada na areia da praia, próxima a uma canga cor de rosa, estendida sobre o chão, com os dizeres "Sem vítima, sem crime!", e desenhos da flor de cannabis. Foto: Dave Coutinho saúde

Evento criado em rede social, em resposta à intenção do governador de prender usuários, foi cancelado pelos organizadores, que alegaram ‘uma questão de bom senso’. ‘Atos de baderna não serão admitidos’, disse o governador. As informações são d’O Globo

Após o governador Wilson Witzel dizer que prenderá e levará para a delegacia usuários que forem pegos fumando maconha na praia, um evento foi organizado por internautas em uma rede social: “Maconhaço na praia pro Witzel prender geral”. Programado para ocorrer no próximo domingo, no Leme, o ato entrou na mira de Witzel.

“Esse ‘Maconhaço’ chegou ao meu conhecimento. Atos de baderna não serão admitidos”, disse o governador, que pretende instalar policiais militares para fiscalizar se haverá consumo de drogas. A instrução é prender e levar para a delegacia pessoas que estejam consumindo maconha ou qualquer outro entorpecente.

Evento foi organizado em uma rede social Foto: Reprodução

Até ontem (30), o “Maconhaço” tinha a presença confirmada de mais de 2.400 internautas, muitos dos quais aderiram ao evento na rede social mais com a intenção de protestar do que de comparecer ao ato.

Cancelamento

Procurados pela redação da Smoke Buddies, os organizadores do evento disseram que resolveram cancelar o Maconhaço, alegando ‘uma questão de bom senso’.

“Afinal, tudo começou como uma brincadeira mas acabou tomando grandes proporções”, diz um dos organizadores ao informar o cancelamento do evento, e completa, “acho que nossa cidade tem problemas maiores para se preocupar no momento. Seria uma grande falta de noção manter um evento que mobilizaria o efetivo da segurança pública a troco de nada”.

Venda de drogas na praia

Witzel também decidiu agir nas praias, onde ambulantes têm vendido drogas livremente, como reportagem do GLOBO mostrou no último domingo.

— Quem usa droga na praia comete um crime, embora a pena prevista na lei antidrogas não seja mais de privação de liberdade. Quem fuma maconha na praia ou usa qualquer entorpecente tem que ser imediatamente conduzido para a delegacia. Da delegacia, vai para o juiz. Quais são as medidas que o artigo 28 da lei estabelece: advertência e submissão dessa pessoa a tratamento, internação compulsória. O juiz é que determina. Tem aplicação de multa e até a possibilidade de uma compulsoriedade de tratamento em parceria com a família. Quer fumar maconha? Vai se submeter aos rigores da lei — afirmou.

Reportagem do GLOBO sobre o “feirão” de drogas mostrou que cigarreiros oferecem maconha, ecstasy e cocaína aos banhista , principalmente nos postos 8 e 9, em Ipanema. Na segunda-feira, agentes do programa Segurança Presente prenderam um vendedor de mate , que foi acusado de traficar drogas. Ele já tinha anotações por tráfico, porte ilegal de arma, porte ilegal de material explosivo (granada) e corrupção de menores.

Mas, para Manoel Peixinho, professor de Direito da PUC do Rio, a lei não prevê internação nesse caso:

— O consumidor de drogas será submetido a uma advertência sobre os efeitos das drogas, à prestação de serviços à comunidade ou à medida educativa. Percebe-se, portanto, que, em nenhum momento, a lei permite a internação compulsória do usuário de drogas.

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#PraCegoVer: Fotografia (de capa) mostra duas cangas estendidas na areia da praia e, entre elas, uma placa fincada no chão, com desenhos de buds de maconha e a frase “Sem vítima; sem crime!”.

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