Witzel diz que polícia fiscalizará ‘Maconhaço’, organizado (e já cancelado) por internautas
Evento criado em rede social, em resposta à intenção do governador de prender usuários, foi cancelado pelos organizadores, que alegaram ‘uma questão de bom senso’. ‘Atos de baderna não serão admitidos’, disse o governador. As informações são d’O Globo
Após o governador Wilson Witzel dizer que prenderá e levará para a delegacia usuários que forem pegos fumando maconha na praia, um evento foi organizado por internautas em uma rede social: “Maconhaço na praia pro Witzel prender geral”. Programado para ocorrer no próximo domingo, no Leme, o ato entrou na mira de Witzel.
“Esse ‘Maconhaço’ chegou ao meu conhecimento. Atos de baderna não serão admitidos”, disse o governador, que pretende instalar policiais militares para fiscalizar se haverá consumo de drogas. A instrução é prender e levar para a delegacia pessoas que estejam consumindo maconha ou qualquer outro entorpecente.
Até ontem (30), o “Maconhaço” tinha a presença confirmada de mais de 2.400 internautas, muitos dos quais aderiram ao evento na rede social mais com a intenção de protestar do que de comparecer ao ato.
Cancelamento
Procurados pela redação da Smoke Buddies, os organizadores do evento disseram que resolveram cancelar o Maconhaço, alegando ‘uma questão de bom senso’.
“Afinal, tudo começou como uma brincadeira mas acabou tomando grandes proporções”, diz um dos organizadores ao informar o cancelamento do evento, e completa, “acho que nossa cidade tem problemas maiores para se preocupar no momento. Seria uma grande falta de noção manter um evento que mobilizaria o efetivo da segurança pública a troco de nada”.
Venda de drogas na praia
Witzel também decidiu agir nas praias, onde ambulantes têm vendido drogas livremente, como reportagem do GLOBO mostrou no último domingo.
— Quem usa droga na praia comete um crime, embora a pena prevista na lei antidrogas não seja mais de privação de liberdade. Quem fuma maconha na praia ou usa qualquer entorpecente tem que ser imediatamente conduzido para a delegacia. Da delegacia, vai para o juiz. Quais são as medidas que o artigo 28 da lei estabelece: advertência e submissão dessa pessoa a tratamento, internação compulsória. O juiz é que determina. Tem aplicação de multa e até a possibilidade de uma compulsoriedade de tratamento em parceria com a família. Quer fumar maconha? Vai se submeter aos rigores da lei — afirmou.
Reportagem do GLOBO sobre o “feirão” de drogas mostrou que cigarreiros oferecem maconha, ecstasy e cocaína aos banhista , principalmente nos postos 8 e 9, em Ipanema. Na segunda-feira, agentes do programa Segurança Presente prenderam um vendedor de mate , que foi acusado de traficar drogas. Ele já tinha anotações por tráfico, porte ilegal de arma, porte ilegal de material explosivo (granada) e corrupção de menores.
Mas, para Manoel Peixinho, professor de Direito da PUC do Rio, a lei não prevê internação nesse caso:
— O consumidor de drogas será submetido a uma advertência sobre os efeitos das drogas, à prestação de serviços à comunidade ou à medida educativa. Percebe-se, portanto, que, em nenhum momento, a lei permite a internação compulsória do usuário de drogas.
Leia também:
Governador do Rio diz que quem for pego com maconha pode até ser internado. É verdade?
#PraCegoVer: Fotografia (de capa) mostra duas cangas estendidas na areia da praia e, entre elas, uma placa fincada no chão, com desenhos de buds de maconha e a frase “Sem vítima; sem crime!”.
- Justiça de São Paulo concede HC definitivo a mãe que cultiva maconha para filha autista - 28 de março de 2024
- Maioria dos brasileiros é contra a descriminalização do porte de maconha, segundo Datafolha - 23 de março de 2024
- Frente parlamentar promove debate e exposição sobre cânhamo na Assembleia de São Paulo - 23 de março de 2024
- Xenia França revela uso de psicodélicos e defende a legalização da maconha - 22 de março de 2024
- OAB-PE lança edital de trabalhos científicos para Congresso de Cannabis Medicinal - 20 de março de 2024
- Canabidiol pode ser eficaz no alívio dos sintomas relacionados à menstruação, segundo estudo - 16 de março de 2024