Vendas de sorvete e biscoitos aumentaram após a legalização da maconha nos EUA

Fotografia tirada de cima para baixo que mostra uma casquinha em forma de cestinha com sorvete coberto com dônutes e confeitos de chocolate coloridos, na parte direita do quadro, em foco, e um copo de milkshake. Crédito: Jeswin Thomas | Unsplash.

Os governos devem ponderar os efeitos da cannabis no consumo de alimentos ao considerar a legalização do uso adulto, de acordo com os pesquisadores. As informações são do The Academic Times

A legalização da maconha para uso adulto leva ao aumento das vendas de sorvete, biscoitos e batatas fritas, de acordo com um estudo pioneiro que estabelece uma relação causal entre a cannabis legal e o consumo de junk food.

“Você acha que a maconha não faz mal — esse é o consenso atual”, disse o economista da Universidade Estadual da Georgia Alberto Chong em uma entrevista ao The Academic Times. “Mas existem consequências não intencionais, e uma delas é o fato de que você realmente fica com muita fome e começa a comer porcaria”.

Chong e a coautora Michele Baggio, da Universidade de Connecticut, descobriram que a legalização da maconha para uso adulto faz com que as vendas de junk food aumentem cerca de 6,3% em termos de vendas e 5,1% em volume. Os autores apresentaram suas descobertas na edição de dezembro de 2020 da Economics & Human Biology.

Os pesquisadores acrescentaram que, embora a tendência de comer alimentos altamente calóricos e pouco nutritivos depois de fumar um baseado possa ser um estereótipo do maconheiro, suas descobertas têm implicações reais para as políticas públicas em um momento em que mais de 40% dos adultos estadunidenses são obesos, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Os governos devem ponderar os efeitos da maconha no consumo de alimentos ao considerar a legalização do uso social da droga, de acordo com os pesquisadores.

Depois de fumar, segundo Chong, “você fica tipo ‘estou com muita fome agora’… É o que as pessoas sempre dizem, é o que as pessoas sempre pensam, mas isso realmente prova”.

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Os pesquisadores usaram dados populacionais de condado por condado dos estados americanos de Colorado, Oregon e Washington, bem como dados do Nielsen Retail Scanner de 2006 a 2016 para vendas de itens de junk food em lojas de conveniência, drogarias e supermercados.

Colorado e Washington se tornaram os primeiros estados a legalizar a maconha adulta em 2012. Oregon veio logo em seguida, em 2014. Em 2021, 15 estados e o Distrito de Columbia haviam legalizado o uso adulto da maconha nos EUA.

A diferença de estado para estado no momento da legalização da maconha para uso adulto ajudou Chong e Baggio a observarem uma relação causal entre a droga e as vendas de junk food. Os pesquisadores também controlaram fatores demográficos como raça, idade média da população, taxa de desemprego e educação.

Uma versão anterior do artigo incluía uma análise das vendas de junk food por tipo que não faz parte do estudo publicado na Economics & Human Biology. A maconha legal impulsionou as vendas de sorvete em 3,1%, biscoitos em 4,1% e batatas fritas em 5,3%, de acordo com o trabalho de 2019 de Chong e Baggio, com cobertura da revista Economist.

Embora Chong normalmente trabalhe como economista de desenvolvimento, prestando consultoria para organizações como o Banco Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, ele se interessou em pesquisar a maconha depois que o Uruguai se tornou o primeiro país a legalizar a droga em 2013. Desde então, ele e Baggio têm escrito vários artigos atraentes sobre os efeitos da legalização.

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Em um artigo de 2020 para o Canadian Journal of Economics, Chong, Baggio e Sungoh Kwon, do Instituto Coreano de Finanças Públicas, descobriram que a legalização da maconha levou a uma queda de mais de 12% nas vendas de álcool. O estudo usou métricas semelhantes — estatísticas estaduais dos EUA e dados de vendas do Nielsen — como o estudo de junk food mais recente.

Outro estudo feito por Chong, Baggio e David Simon, da Universidade de Connecticut, descobriu que legalizar a maconha leva a um aumento geral na atividade sexual, uma redução no uso de anticoncepcionais e um aumento geral no número de nascimentos. Esse artigo, intitulado “Sex, marijuana and baby booms”, foi publicado em 2019 no Journal of Health Economics.

Chong disse ao The Academic Times que está cansado de pesquisar a maconha e quer passar para outros tópicos, mas acrescentou que tem mais um artigo a ser publicado sobre a relação entre a maconha e a violência doméstica. Ele caracterizou suas descobertas como “bastante robustas” e “um tanto surpreendentes”, mas se recusou a comentar mais porque o artigo precisa de mais trabalhos.

O professor, que obteve seu doutorado na Universidade Cornell, disse que estudar os efeitos da maconha adulta nos EUA é muito mais fácil do que em outros países como Uruguai e Canadá, que também legalizaram a droga.

“Há tantos dados que você pode explorar que não consegue encontrar em outros países”, disse ele.

Quando os economistas enviaram a versão original de seu artigo de junk food para a Economics & Human Biology, em 2019, ela tinha apenas cinco páginas, de acordo com Chong. No entanto, o editor solicitou aos pesquisadores que expandissem seu trabalho, e a versão final tem 13 páginas.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia tirada de cima para baixo que mostra uma casquinha em forma de cestinha com sorvete coberto com dônutes e confeitos de chocolate coloridos, na parte direita do quadro, em foco, e um copo de milkshake. Crédito: Jeswin Thomas | Unsplash.

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