Uso de cannabis entre indivíduos com depressão tem aumentado, diz estudo
Pesquisa realizada nos EUA indica que os riscos de desenvolver depressão se mantiveram relativamente estáveis entre 2002 e 2017, enquanto a prevalência de consumo da maconha aumentou entre indivíduos com sintomas do transtorno. As informações são do Jairo Bouer / UOL VivaBem
Um estudo norte-americano sugere que informações propagadas pela mídia têm feito mais gente consumir maconha para tentar obter alívio para sintomas de depressão. A conclusão preocupa, já que evidências mostram que o consumo frequente da droga pode, na verdade, agravar o transtorno.
Segundo trabalho publicado no Jama, o periódico da Associação Médica Americana, o número de adultos que usa cannabis com frequência naquele país aumentou 98% de 2002 a 2017. E a prevalência de uso diário ou quase diário, no período, subiu 40%.
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Os dados foram analisados com base em uma amostra de 16.216 homens e mulheres de 20 a 50 anos de idade. Vale lembrar que, ao longo desse período, o uso medicinal da maconha foi aprovado em diversas partes dos EUA, e o uso recreativo foi permitido em alguns Estados, num esforço para combater o tráfico.
Os pesquisadores, da Universidade de Columbia e do Instituto de Psiquiatria do Estado de Nova York, afirmam que os riscos de desenvolver depressão se mantiveram relativamente estáveis entre 2002 e 2017. No entanto, a prevalência de consumo da droga aumentou expressivamente entre indivíduos com sintomas do transtorno.
Em 2006, indivíduos deprimidos eram 46% mais propensos a utilizar maconha com frequência, e 30% mais propensos a usar todo dia, em relação a quem não tinha sintomas do transtorno. Já em 2016, essa probabilidade foi 130% mais alta para o uso frequente, e 216% para o uso diário. A diferença reforça a ideia de que mais gente tem buscado a droga como forma de se automedicar.
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Uma pesquisa nacional recente revela que 50% dos norte-americanos acreditam que a cannabis faz bem para quem tem ansiedade ou depressão. Apenas 15% suspeitam que o consumo frequente da maconha pode agravar sintomas desses transtornos, algo que já foi observado em diversos estudos.
A maconha causa uma sensação imediata de bem-estar por que estimula o chamado sistema endocanabinoide, que tem um papel importante na resposta ao estresse e a recompensas. O problema é que, ao longo do tempo, seu uso frequente pode levar a mudanças nos neurônios que têm impacto nessas reações. Em indivíduos vulneráveis, isso pode aumentar o risco de problemas como a dependência. É por isso que a droga não deve ser considerada um “remédio natural” contra a depressão.
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#PraCegoVer: em destaque, foto tirada de cima para baixo que mostra uma mesa de madeira, onde flores de maconha secas são vistas num pote de vidro destampado, esparramadas em uma grande porção e em uma das partes de um dixavador, além de uma seda com erva triturada segurada pela mão de uma pessoa. Foto: Wesley Gibbs | Unsplash.
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