USADA não vai mais punir resultados positivos para uso de maconha no UFC

Foto de Nate Diaz, onde o lutador aparece do peito para cima, com os braços erguidos e um baseado em uma das mãos, expelindo uma nuvem de fumaça, no interior da arena Honda Center (Califórnia). Imagem: Hans Gutknecht | Los Angeles Daily News.

Agência agora só dará punição em caso de maiores evidências de uso em período de competição. Decisão, no entanto, não inclui comissões atléticas, que têm seus próprios regulamentos. As informações são do Combate.com / ge

A Agência Antidoping dos EUA (USADA, na sigla em inglês), entidade responsável pelo controle independente do uso de substâncias proibidas no UFC, anunciou nesta quinta-feira que não vai mais punir lutadores que testem positivo para maconha, especificamente THC (tetraidrocanabinol), principal substância psicoativa encontrada na planta. Agora, a punição será dada apenas se “evidências adicionais demonstrarem que a substância foi usada pra melhora de performance”.

Importante frisar que a decisão não exclui a realização de exames antidoping para a substância, e não inclui as comissões atléticas estaduais que regulamentam o esporte nos Estados Unidos, nem as comissões atléticas locais espalhadas pelo mundo, como a Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA). Estas entidades seguem testando e têm seus próprios regulamentos e punições para o uso da substância. A USADA espera, contudo, iniciar um debate que leve à mudança gradual na forma como a maconha é vista pelos reguladores do esporte.

Segundo o regulamento anterior da USADA, os lutadores eram testados para uso de maconha apenas no período de competição (desde a pesagem até o exame pós-luta), e eram punidos caso os exames apontassem nível de THC no sangue superior a 180 ng/ml (a maioria das comissões atléticas tem regulamento semelhante, mas com níveis diferentes de tolerância e de punição). Contudo, um relatório produzido pelo Departamento de Transporte dos EUA enviado ao Congresso americano, intitulado “Direção Prejudicada por Maconha”, mostrou que níveis de maconha no sangue, diferentemente de níveis de álcool no sangue, não têm correlação exata com o quanto a direção do motorista está prejudicada.

Leia mais: Testar motoristas para cannabis é difícil, veja o porquê

— Como tudo que fazemos neste programa, é baseado na ciência. Especialmente nesta era de pandemia, tivemos todos esses problemas com lutadores aceitando lutas de última hora e terminando com resultados positivos para maconha e sempre investigamos depois. “Quando você usou?”. E sempre o uso tinha sido dias ou semanas antes da luta. (…) O que a ciência mostra é que há tantas variáveis nos níveis de THC no sangue e na urina que não há correlação científica entre esse número e um impedimento. E a única coisa que nos importamos na luta de uma perspectiva antidoping é se o lutador está afetadoexplicou Jeff Novitzky, diretor de saúde e performance do UFC, ao site “MMA Fighting”.

O lutador ainda pode ser punido por uso de maconha, caso seja comprovado que esse uso se deu durante o período de competição. Novitzky exemplificou que evidências podem levar a uma punição.

— É inerente que “melhora de performance” significa que você está afetado pela maconha, que está sob influência. Estamos supondo que, se você está sob a influência, há algum benefício de melhora de performance. Os cenários que posso pensar seriam se um lutador aparecesse na noite da luta no vestiário com olhos vermelhos, se cheiram a maconha, estão com a fala mais lenta ou com olhar distante. Há evidência que eles usaram recentemente maconha, acho que isso qualificaria como fator de melhora de performance, porque eles estão afetados numa luta — disse o dirigente.

Outrora vista como uma droga perigosa, a maconha vem sendo progressivamente mais aceita através do mundo e especificamente nos EUA. O uso medicinal da droga já é permitido em 35 dos 50 estados americanos, e 15 estados além do Distrito Federal legalizaram a planta também para uso recreativo (adulto). Em dezembro de 2020, o Congresso americano votou a favor da legalização da maconha no nível federal — a medida ainda precisa passar pelo Senado e pelo presidente eleito Joe Biden para ser oficializada.

Muitos atletas usam maconha — seja o THC ou o canabidiol (CBD), uma das substâncias não psicoativas encontradas na planta — para se recuperar de lesões, aliviar dores, tratar ansiedade e insônia. Alguns, como Cris Cyborg, Amanda Nunes e Gilbert Durinho, são patrocinados por marcas de produtos de CBD. O UFC anunciou em 2019 uma parceria com a empresa Aurora Cannabis para estudar como a maconha ajuda no tratamento de dores e lesões.

Leia também:

Novo código antidoping quer educar atletas que usam drogas sociais

#PraCegoVer: a imagem de capa é uma foto de Nate Diaz, onde o lutador aparece do peito para cima, com os braços erguidos e um baseado em uma das mãos, expelindo uma nuvem de fumaça, no interior da arena Honda Center (Califórnia). Imagem: Hans Gutknecht | Los Angeles Daily News.

Deixe seu comentário
Assine a nossa newsletter e receba as melhores matérias diretamente no seu email!