Tutora de cão com hidrocefalia tenta obter na Justiça remédio à base de maconha

O pedido é para que a União e o Estado do Ceará forneçam o canabidiol para tratamento do animal. Informações do g1
Uma advogada entrou com uma ação na Justiça nessa quarta-feira (22) para que a União e o Estado do Ceará forneçam um medicamento à base de canabidiol para o tratamento de um cachorro que sofre de hidrocefalia em Fortaleza. A tutora do animal não pode pagar pelo remédio. O medicamento é feito com substâncias extraídas da maconha (cannabis) e foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento em pessoas.
A importação de medicamentos à base de canabidiol está liberada no Brasil desde 2015. Os remédios são usados em pessoas no tratamento de dezenas de doenças, como artrite, epilepsia, esclerose múltipla e mal de Parkinson, além de ser utilizado para aliviar dores crônicas causada por cânceres. O medicamento, no entanto, só pode ser fornecido com receita médica.
Diagnosticado com hipoplasia cerebelar e hidrocefalia, o cão Valentim, da raça golden, sofre quase que diariamente com convulsões. A advogada animalista Cinthia Belino, que entrou na Justiça com o pedido do medicamento, disse em entrevista ao g1 que acompanhava a tutora de Valentim pelas redes sociais quando decidiu ajudar, já que ela não conseguia obter o medicamento em razão do preço caro e por não conseguir autorização para obter o remédio.
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Valentim foi diagnosticado com hidrocefalia e hipoplasia cerebelar e sofre com convulsões. Foto: arquivo pessoal.
“Acompanho o Valentin nas redes sociais e vi que o médico tinha oferecido esse tratamento para ele e a tutora estava com dificuldades não só de comprar o remédio, como de ter acesso a esses cadastros. Então eu ofereci os meus serviços para ela para que a gente entrasse na Justiça e fizesse essa tentativa de conseguir esse medicamento e esse cadastro por via judicial”, disse a advogada.
O uso de medicamento à base de canabidiol para o tratamento em Valentim foi prescrito pelo médico-veterinário Felipe Pereira, que acompanha o animal desde agosto de 2021. Na prescrição, ele recomenda o tratamento canábico para que Valentim tenha qualidade de vida, “tendo em vista que o quadro clínico do paciente não teve resultados satisfatórios com a utilização de terapias convencionais”.
Eficácia da substância
O veterinário Felipe Pereira explicou ao g1 que existem estudos que provam a eficácia do óleo de canabidiol no combate a dores e ataques epilépticos em cães, “principalmente fora do brasil”. Ele também disse que o tratamento não provoca efeitos colaterais nos animais.
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“Temos vários estudos em humanos/crianças que têm frequência elevada de convulsões e que são refratárias às terapêuticas convencionais e que passam a fazer o uso clínico de extratos padronizados contendo canabidiol para tratamento de casos graves de epilepsia no Brasil”, disse.
Sobre o caso do cão Valentim, o veterinário explicou que ele foi diagnosticado com uma malformação congênita do cerebelo e hidrocefalia, doença do sistema nervoso caracterizada pelo acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano.
“O Valentim, desde seu nascimento, teve dificuldades motoras e atividades convulsivas constantes. Até os seus dois anos de idade foi realizado terapêuticas voltadas para o controle de suas convulsões, inicialmente utilização de barbitúrico (fenobarbital) e elevando suas doses. Depois passamos a utilizar propentofilina, mas, mesmo após ser feito alguns procedimentos e com a utilização de anestésicos, Valentim voltou a ter quadros convulsivantes. Como já mencionado, o uso do óleo é de aplicabilidade não só como tratamento único, mas sim coadjuvante com a medicação que auxilia no fluxo principalmente cerebral, para assim termos uma terapêutica eficaz e uma condição de vida digna para o paciente”, explicou o veterinário.
O medicamento receitado para o cão Valentim, segundo o veterinário Felipe Pereira, custa em torno de R$ 200 a R$ 300.
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#PraTodosVerem: fotografia mostra um golden retriever do pescoço para cima, e um fundo de vegetação desfocado. Imagem: Unsplash / Shayna Douglas.

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