Tio de assessor supremacista de Bolsonaro quer plantar maconha no Brasil

Fotografia de Elio Pereira (primo de Filipe Martins), Camilo Pereira e Jair Bolsonaro. Imagem: ContextoExato.

Lobista do agronegócio em Israel, Camilo Pereira passou a se apresentar como judeu e a se intitular Barão de Fulwood bem antes de trabalhar pelo cultivo de cannabis. As informações são do observatório De Olho nos Ruralistas

Assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins revoltou parlamentares ao fazer o gesto dos supremacistas brancos estadunidenses: algo que parece o sinal de OK, mas se refere a “white power”. O jovem de 31 anos repete as “teorias” de seu mentor Olavo de Carvalho, o astrólogo que acha a esquerda “moralmente responsável pela disseminação do vício”.

O mesmo Filipe é o principal articulador para a presença de seu tio, o autodenominado Baron Camilo Agasim-Pereira de Fulwood e Dirleton nos negócios internacionais brasileiros. O Barão de Fulwood é o presidente do CBD Brasil, o Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento do Cultivo e Estudos e Industrialização do Cânhamo e seus Derivados, criado em 2016 para, entre outras ações, “requerer junto aos órgãos competentes o direito de importar sementes certificadas de cânhamo, plantar o cânhamo e fornecer o medicamento para os pacientes que necessitem de fazer o tratamento com o estratos de CBD” (sic).

Barão de Fulwood foi o patrocinador do I Simpósio de Cultivo de Cannabis sativa, ocorrido em Goiânia, em dezembro de 2019, através da Câmara das Inovações e dos Negócios Estrangeiros (Cine Brasil), criada em junho de 2019, no início do governo Bolsonaro.

Essa mesma organização não governamental foi uma das que Filipe levou para a Israfood 2019, a principal feira de agronegócios em Israel. Lá, ele emplacou duas empresas: a Safra Brasil Alimentos Eireli e a Indústria e Comércio de Carnes e Derivados Boi Brasil Limitada.

A primeira é uma pequena empresa de Goiás que comercializa temperos, em nome de Williainy Silveira Mota, tesoureira da associação pela cannabis. O site da empresa informa que ela atende “vários países europeus e do oriente médio”.

A segunda é um frigorífico do Tocantins, cujo sócio Geraldo Heleno de Faria foi acusado de pagar propinas a fiscais do Serviço de Inspeção Federal em 2017. A Boi Brasil está em recuperação judicial desde 2014 e é citada em 264 processos, sendo mais da metade, 159, na Justiça Trabalhista.

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Barão já foi beneficiado pela Lei Rouanet e atuou na agropecuária

Um histórico das empresas e fundações que o Barão de Fulwood participa mostra que ele atira para todos os lados, de marchand das artes a pecuarista.

Além da Cine Brasil e da associação pró-cannabis, o Barão de Fulwood abriu a Federação dos Conselhos e das Associações dos Representantes dos Brasileiros em janeiro de 2020, cujo objetivo é definido genericamente como  “atividades associativas não especificadas anteriormente”.

Atualmente, apenas as três associações estão em funcionamento, mas ele teve por quatro anos a Aleph Beth Empresa Brasileira de Defesa em Segurança, encerrada em janeiro de 2020. Teve também uma distribuidora de bebidas, a Bela Vista, que durou onze anos, e a Estancia Fulwood (Barony Of Fulwood), que cuja atividade era o apoio à pecuária e foi fechada por não pagar impostos.

O lobista foi sócio, ainda, de duas empresas voltadas para as artes plásticas: a Debem Produções e Arte e a Brazilian Art Exchange Intercambio Brasileiro das Artes, ambas beneficiadas pela Lei Rouanet.

Nem judeu, nem nobre, Camilo Pereira cria a própria biografia

Em sua defesa contra a acusação de supremacista, Filipe Martins se autodenominou judeu. E, no seu estilo virulento, atacou no Twitter: “Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao ‘supremacismo branco’ porque em suas mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados; um a um”.

A intenção de se considerar judeu, e assim amigo de Israel, também é uma obsessão do seu tio. Ambos se consideram sefarditas, judeus de origem portuguesa ou espanhola, cujas famílias tiveram de se esconder diante da perseguição sionista. Para garantir a autodenominação, Camilo providenciou um julgamento, mas a suspeita é que o rabino Beit Abravanel, que o teria aceitado na religião, não existe.

Seu título de nobreza também foi forjado na Escócia, onde ele garantiu o direito de ser chamado de barão, ao comprar terras no país. Detalhe: ele deixou de pagar os tributos municipais dessas terras e foi processado pelas autoridades locais.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia de Elio Pereira (primo de Filipe Martins), Camilo Pereira e Jair Bolsonaro. Imagem: ContextoExato.

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