O que você precisa saber sobre os terpenos nas extrações sem solvente
As extrações sem solvente vão muito além da concentração de THC e, cada vez mais, os hash makers estão direcionando sua atenção para o perfil de terpenos da planta e em como preservá-los ao máximo durante os processos de extração. Vamos entender melhor o que são os terpenos e por que estão ganhando tanta evidência no texto de Felipe Del Valle e Mayara Goes
Apenas recentemente os terpenos passaram a ganhar popularidade entre os entusiastas da cannabis, mas, na verdade, eles são essenciais para uma experiência completa e para usufruir de todas as possibilidades da planta. Essas moléculas influenciam o cheiro, o sabor e o efeito causado por diferentes genéticas e também desempenham funções essenciais para a planta, como protegê-las de predadores, atrair polinizadores e combater fungos.
Os terpenos são hidrocarbonetos orgânicos aromáticos (compostos orgânicos que possuem um ou mais anéis benzênicos ou núcleos aromáticos) responsáveis pelos distintos cheiros e sabores das plantas. A substância também tem um papel importante nos variados efeitos que a cannabis pode causar.
Mas está errado quem acha que terpenos são substâncias exclusivas da cannabis. Pelo contrário, eles estão presentes na natureza em abundância em frutas, árvores, flores e folhosas, como vamos ver no decorrer desse texto.
Por fazer parte do metabolismo secundário das plantas, os terpenos não são diretamente responsáveis pelo processo de crescimento, desenvolvimento e reprodução delas. No entanto, o composto tem capacidade de repelir animais nocivos e, ao mesmo tempo, atrair insetos polinizadores, importantes para o desenvolvimento do vegetal.
Na cannabis, os terpenos são produzidos em pequenas glândulas de resina em sua superfície, mais conhecidas como tricomas, e a sua quantidade varia de acordo com a genética e condições do ambiente e do cultivo. A quantidade de terpenos na maconha varia entre 1% a 4%, na maioria dos casos, e, além de uma concentração reduzida, eles são voláteis, e boa parte deles se perde durante a secagem e processos de extração. No entanto, podemos esperar que essa concentração aumente no futuro a partir do momento que os growers estão focando nessa variante genética para a criação de novas cepas.
Entender o perfil de canabinoides e terpenos de uma genética de cannabis pode ajudar o consumidor a prever a experiência que terá com determinada cepa, e, no caso do uso medicinal, ajudar a entender quais os efeitos terapêuticos que se pode esperar ao mesmo tempo que facilita a busca por efeitos terapêuticos específicos.
Efeito Comitiva, ou Entourage Effect
Na cannabis, os terpenos podem aumentar ou modificar o efeito causado pelos canabinoides a partir da sinergia entre essas substâncias, o chamado entourage effect (efeito comitiva, em português). O termo foi introduzido em 1999 por Rafael Mechoulam, pesquisador israelita que fora, também, o primeiro a isolar as moléculas de THC e CBD.
O cientista confirmou em estudo que alguns componentes da cannabis não tinham tanto efeito se atuassem isoladamente, mas se tornavam mais eficazes se combinados com outras moléculas da planta, como os terpenos.
Os terpenos podem trabalhar para aumentar o efeito dos canabinoides, e cada um tem seu próprio impacto no corpo humano, mesmo se tomado individualmente.
Levando em consideração que a cannabis atua em determinados receptores em nosso corpo, produzindo sensações e efeitos quando a consumimos, o entourage effect é um aumento da eficácia e do efeito que um consumível de cannabis tem, causado por um maior número de componentes, em vez de consumir, por exemplo, apenas o THC ou o CBD isolado.
Terpenos e extrações sem solvente
Sabemos agora da importância dos terpenos e da sua interação com os canabinoides e nosso organismo, além da sua concentração baixa e alta volatilidade. Sendo assim, como podemos garantir maior quantidade de terpenos na planta e nas extrações sem solvente?
Um dos principais fatores é a genética e, mais, o potencial dela em relação a produção de óleos e seu perfil de terpenos. Hoje é possível, com alguma pesquisa, ter uma ideia do perfil genético de diferentes cepas. Se você procura, por exemplo, efeitos sedativos e analgésicos, cepas com maior concentração de linalol podem ser escolhidas.
Mas a genética somente não basta, o ciclo de cultivo também é muito importante, pois determina se aquela planta alcançará o potencial genético dela. Isso depende de muitos fatores como iluminação, ventilação, nutrição e possíveis estresses que a planta pode sofrer e, consequentemente, diminuir ou interromper a produção dos óleos.
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A hora de colher também irá influenciar no perfil de terpenos por conta das dimensões de maturação dos tricomas. Os tricomas não atingem a sua maturação ao mesmo tempo e, mesmo na hora da colheita, existem tricomas mais maduros e outros ainda no início do processo de maturação, assim como uma árvore de frutas. Como não podemos colher os tricomas individualmente conforme sua maturação, devemos aguardar até que a maioria dos tricomas tenham atingido seu potencial a fim de maximizar a produção de óleos em seu interior.
Após a colheita, a secagem se inicia, e a preocupação com os tricomas e os óleos aumenta. Por conta da alta volatilidade de alguns terpenos, o processo de secagem exige um ambiente controlado com temperatura amena e umidade em torno de 60% para permitir uma secagem lenta e com menos perdas.
Com a matéria seca, podemos pensar em fazer a extração dos tricomas através dos métodos sem solvente. Nesse momento, podemos prever algumas perdas durante os processos, principalmente no ICE, onde alguns desses terpenos, por serem hidrossolúveis, saem na água.
Hoje em dia, um dos métodos de extração preferidos para a preservação dos terpenos é o Ice Fresh Frozen, que é feito com matéria fresca e congelada. Isso garante que os terpenos não sofram com o processo de secagem, permanecendo intactos até o momento de iniciar o processo na água e no gelo.
O Rosin pode ser realizado tanto de flores secas quanto de extrações sem solvente e é a maneira mais fácil de se obter uma extração Full Melt. Por conta do contato com a temperatura elevada (60 ºC a 105 ºC), podemos perder alguns terpenos, no entanto, como o tempo de exposição é reduzido, as perdas são pequenas.
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No entanto, nem tudo são perdas. Quando falamos em envelhecer o hashish, como no caso da Temple Ball (clique aqui e saiba mais sobre a Temple Ball de Frenchy Cannoli), ocorrem diversas reações químicas em seu interior, fazendo com que terpenos e canabinoides se alterem. Alguns terpenos resultantes dessas reações químicas no envelhecimento do hashish não existem em plantas de cannabis, somente no hashish. Mas essa é uma conversa para outro texto.
Se você curtiu aprender sobre os terpenos na cannabis, acompanhe o Instagram da Overgrow. Toda segunda-feira, serão apresentados terpenos encontrados na planta, quais seus aromas, efeitos e onde estão presentes na natureza.
A Overgrow é a primeira empresa brasileira de produtos para extração sem solvente. Quer conhecer mais sobre esse assunto? Baixe agora mesmo o E-book sobre extrações sem solvente da Overgrow e se inscreva no canal Melt Labs no Youtube, com vídeos sobre extração, cultivo, uso medicinal e adulto, workshops e muito mais.
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