Tailândia realiza festival da maconha após legalização do uso medicinal

Fotografia em primeiro plano do monge budista segurando um frasco de óleo de cannabis diante da câmera; ao fundo pode-se ver outras pessoas, parcialmente nítidas, que participam do festival. Tailândia.

O país legalizou o uso medicinal da maconha em dezembro do ano passado e agora mostra que está mudando a mentalidade conservadora, ao realizar um festival totalmente dedicado à erva. As informações são da AFP, com tradução Smoke Buddies.

Um monge budista tira uma jarra de óleo de cannabis de sua túnica e coloca uma gota sob a língua. Ele é um dos muitos participantes de um festival dedicado à erva no nordeste da Tailândia, onde a legalização da maconha terapêutica está despertando entusiasmo.

A Tailândia se tornou o primeiro país do Sudeste Asiático a legalizar a maconha para fins medicinais no ano passado, juntando-se a países como Canadá, Austrália e Israel e mais da metade dos estados dos EUA.

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O mercado global deverá atingir bilhões de dólares em uma década, mas o ritmo lento da implementação da medida na legislação tailandesa está muito aquém do entusiasmo que tem despertado.

Um partido político apoia os benefícios da planta, há conferências e seminários em todo o país, e o festival de três dias que acontece em Buriram vem para ser adicionado ao culto à droga.

O festival “Pan Buriram” (Buriram Strain), que termina no domingo, é um evento nesta cidade tranquila, localizada a cerca de cinco horas a nordeste de Bangkok e conhecida principalmente por suas competições de futebol e esportes a motor.

O monge Chaivisit Visitvekin, de 67 anos, foi um dos milhares de participantes fazendo fila para apresentar documentos ao Ministério da Saúde como parte de uma indulgência para aqueles que já usam cannabis para aliviar a dor.

Ele disse que toma contra a dor no ombro, entre outros males. “Eu usei antes e não teve efeitos colaterais”, explicou ele.

A atmosfera no dia de abertura do festival refletiu a mistura de cautela e emoção pela legalização da maconha medicinal na Tailândia, liderada por uma junta militar.

Policiais armados atravessavam o festival, enquanto as músicas de Bob Marley tocavam, os vendedores vendiam papéis de cigarro e cachimbos, e o pungente odor da maconha flutuava nas margens externas do local.

Os palestrantes explicaram aos participantes tudo sobre “as quatro variedades de cannabis”, ou sobre os “controles de qualidade” em lojas com ar condicionado adornadas com plantas de maconha.

Os fornecedores mostraram fertilizantes, bem como equipamentos de iluminação e estufa para aqueles que buscam o cultivo da planta.

A recém-formada Surrerat Ruangnoy disse que usou maconha para ajudar no tratamento de enxaquecas, acrescentando que esperava que o tradicional estigma em torno da droga fosse aliviado como resultado de festivais como esse.

“No festival eu vi pessoas mais velhas, tirei fotos e as mostrei aos meus pais”, disse a jovem de 26 anos.

O Buriram é a fortaleza no nordeste do Partido Bhumjaithai do país, que disputou as eleições do mês passado em uma plataforma para legalizar a maconha e permitir que as famílias cultivem seis plantas cada uma.

O milionário Newin Chidchob, um dos membros fundadores de Bhumjaithai, que permanece influente no partido e dirige o império esportivo da cidade, presidiu o festival.

Ele disse à AFP no sábado que o objetivo do ato é ajudar os tailandeses a “entender e ter acesso aos benefícios da cannabis”.

O Partido Bhumjaithai é percebido como um parceiro chave na formação de uma coalizão governamental após a eleição de 24 de março, tanto o partido apoiado pela junta quanto seu principal rival se declararam vencedores.

Os resultados completos das eleições são esperados para 9 de maio, mas Bhumjaithai já adiantou que não se juntará a nenhum governo que não apoie suas políticas.

Embora as autoridades tailandesas planejem regulamentar rigorosamente o setor de maconha nos primeiros cinco anos, Newin previu que o próximo governo acelerará o processo.

Ele também lembrou o uso prolongado da maconha na medicina tradicional, em meio a disputas atuais sobre os reais benefícios da planta.

O Secretário-Geral da União da Sociedade de Medicina Tradicional da Tailândia participou do festival e disse que se uniu a Bhumjaithai há cerca de um ano por sua postura pró-maconha.

“Tem sido usada desde a era do Buda”, disse Sukasom Amratisha à AFP no sábado.

Alguns participantes veem o festival como parte de uma mudança na mentalidade conservadora da Tailândia.

“O estigma da cannabis está mudando”, disse Ryan Doran, um especialista em maconha dos EUA que aconselha agricultores tailandeses.

“Eu nunca pensei que poderia estar perto de tantos policiais (tailandeses) e muita maconha e não ser algemado”.

#PraCegoVer: fotografia (de capa) em primeiro plano do monge budista segurando um frasco de óleo de cannabis diante da câmera; ao fundo pode-se ver outras pessoas, parcialmente nítidas, que participam do festival.

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