Remédio à base de maconha chega ao Brasil no 2º semestre

Imagem que traz a fotomontagem de um frasco do medicamento nabiximols de onde sai uma planta de maconha ao lado de seu bocal borrifador desmontado, na parte esquerda, e, na parte direita, a foto de uma mão que segura entre seus dedos indicador e polegar o frasco do medicamento e ao fundo, desfocado, a face da pessoa; e um fundo branco. Spray.

[:pb]

O fitofármaco, vendido em outros países com o nome de Sativex, chega ao Brasil no segundo semestre como Mevatyl, sendo o primeiro medicamento à base de maconha com registro no país. Para especialistas, a liberação é um avanço, porém é preciso mais opções para o tratamento de outras doenças além da esclerose múltipla. As informações são do portal A Tribuna.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou esta semana o primeiro medicamento à base de maconha com registro no País, o fitofármaco Mevatyl, que deve ser vendido no segundo semestre, ainda sem preço definido. Especialistas avaliam a notícia como um avanço, mesmo que pequeno, na pesquisa de outros medicamentos com a erva – eficaz em diversos fins, conforme estudos internacionais.

Como não combate doenças, o Mevatyl é considerado apenas um fitofármaco. Consiste num medicamento com substâncias purificadas e isoladas a partir de matéria-prima vegetal, com estrutura química definida e atividade farmacológica.

Vendido em 28 países com o nome de Sativex, por enquanto o produto é indicado para conter um sintoma da esclerose múltipla: a espasticidade (rigidez muscular) moderada ou grave, a quem não responde a outros tratamentos.

A principal substância do Mevatyl é o tetrahidrocanabidiol (THC). Por isso, ele é contraindicado a quem tem epilepsia, pois sua fórmula pode piorar crises convulsivas, apesar de o produto também conter Canabidiol (CBD).

O CBD – também vindo da maconha – quando isolado, tem sido importante para diminuir crises convulsivas em pacientes com epilepsia. No entanto, somente por meio de processo na Justiça é possível adquirir esses medicamentos, que são importados. Segundo o Ministério da Saúde, produtos à base de CBD e contra o câncer são os que mais encarecem a lista da judicialização da Saúde.

Somente maiores de 18 anos poderão consumir o Mevatyl, pela falta de estudos à faixa etária anterior. A compra do tarja preta será com prescrição médica por meio de notificação de receita e assinatura de Termo de Consentimento Informado ao Paciente.

E agora?

A Anvisa não diz se há mais medicamentos a base de maconha na fila de liberação. Informa que os pedidos de registro são sigilosos por segredo industrial. Mas para o neuropediatra cujo nome é referência na prescrição, Eduardo Faveret, “a Anvisa já tem cadastrados diferentes óleos baseados em extratos de plantas de cannabis, óleos ricos em Canabidiol, e agora o Mevatyl”. Ele e outros especialistas consideram a novidade, um avanço.

Segundo a neurologista Yara Fragoso, que atende em Santos e é membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e coordenadora do Centro de Referência de Esclerose Múltipla do Litoral de São Paulo, há o que comemorar.

“São vários avanços. O problema do tabu é a confusão de informações que causa. Não é legal fumar por uma série de motivos, mas o que foi aprovado não é a maconha. É um medicamento. Daqui a pouco as pessoas vão entender como funciona”, diz.

Para Rafaela Coppo, neuropediatra do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, de Vitória (ES), que tem pacientes com epilepsia refratária e sugere a medicação com Canabidiol, é um avanço, mas é preciso mais.

“A nível prático, ainda há muito a fazer, pois não temos medicamento disponível para tratamento de outras patologias. A maconha é uma droga que tem diversos outros componentes maléficos à saúde. Mas o Canabidiol é só um óleo derivado da planta. Como ele e seus derivados têm eficácia comprovada, a luta para obtenção é grande”, diz.

Faveret vai além e acha que os médicos poderão ajudar mais pacientes com o Mevatyl. “Pode ser útil para uma série de outras coisas. Acho que é um grande avanço”.

Panorama

A liberação do Mevatyl acontece menos de dois meses após uma norma permitir urgência na importação, além de registro, produção e venda sob controle especial de medicamentos compostos por maconha no Brasil. Esses remédios podem conter uma concentração de maconha de até 30mg por mililitro. Produtos acima desse limite seguem na lista dos proscritos, por isso, continuam proibidos.

A briga pela liberação de medicamentos com canabidiol começou em 2014, quando um casal entrou na Justiça para importar um produto para reduzir crises convulsivas. O caso foi resolvido em 2015, marcando a primeira vez que a Anvisa cede à pressão de pacientes, em vez de indústrias farmacêuticas.[:]

Deixe seu comentário
Assine a nossa newsletter e receba as melhores matérias diretamente no seu email!