Em recorde histórico, vendas de maconha passam os US$ 100 mi em um mês no Canadá
Em novembro, a indústria da maconha apresentou mais de US$ 103 milhões em vendas para o Canadá, pouco mais de um ano da legalização no país. Com informações do The Motley Fool e tradução pela Smoke Buddies
É incrível a diferença que um ano pode fazer.
Nessa época do ano passado, as ações de cannabis estavam voando alto, e a expectativa era de que a maioria das empresas de marca se esforçasse em obter lucros recorrentes até o final do ano. É claro, retrospectivamente, sabemos que isso não aconteceu. Altas taxas de impostos em alguns estados dos EUA, problemas persistentes de fornecimento no Canadá e um mercado clandestino resiliente pesaram bastante sobre a indústria da cannabis em 2019 e levaram um número de ações populares de maconha para dois anos de baixa.
No entanto, pode haver luz no fim do túnel.
As vendas de maconha no Canadá atingiram um marco mensal
No final da semana passada, o Statistics Canada divulgou seus dados mensais de vendas no varejo para novembro. Como a indústria da maconha é rigorosamente regulamentada, mas ainda assim legal, dados de lojas de cannabis licenciadas foram incluídos neste relatório mensal. Além do fato de que as vendas de cannabis atingiram um novo recorde histórico em novembro — algo não inesperado, dado que a indústria canadense de maconha ainda está em alta —, o que realmente se destacou é que as vendas mensais finalmente eclipsaram em $ 100 milhões (em dólares estadunidenses).
Aqui está uma amostra de como as vendas de lojas de cannabis licenciadas progrediram desde que a erva para uso adulto chegou às prateleiras dos dispensários em 17 de outubro de 2018 [os dados são relatados em dólares canadenses (CA$), com parênteses para o equivalente em dólares estadunidenses].
Outubro (2018): CA$ 53,68 milhões ($ 40,83 milhões)
Novembro (2018): CA$ 53,73 milhões ($ 40,87 milhões)
Dezembro (2018): CA$ 57,34 milhões ($ 43,61 milhões)
Janeiro: CA$ 54,88 milhões ($ 41,74 milhões)
Fevereiro: CA$ 51,66 milhões ($ 39,29 milhões)
Março: CA$ 60,94 milhões ($ 46,35 milhões)
Abril: CA$ 74,58 milhões ($ 56,73 milhões)
Maio: CA$ 85,81 milhões ($ 65,27 milhões)
Junho: CA$ 91,46 milhões ($ 69,56 milhões)
Julho: CA$ 107,36 milhões ($ 81,66 milhões)
Agosto: CA$ 125,95 milhões ($ 95,8 milhões)
Setembro: CA$ 122,93 milhões ($ 93,5 milhões)
Outubro: CA$ 128,98 milhões ($ 98,1 milhões)
Novembro: CA$ 135,75 milhões ($ 103,25 milhões)
Levou mais de um ano, mas novembro apresentou mais de US$ 103 milhões em vendas para o Canadá, um mercado que Wall Street prevê gerar US$ 5 bilhões em vendas anuais até 2024. Como um todo, o mercado canadense de maconha gerou US$ 916,6 milhões em receita desde o início das vendas em 17 de outubro de 2018. Isso torna muito provável que o Canadá tenha ultrapassado US$ 1 bilhão em vendas agregadas de maconha desde o lançamento em dezembro, mas teremos que esperar um mês para confirmar.
Leia: O que impede o Canadá de ser líder em pesquisas sobre maconha?
As vendas canadenses de cannabis podem dar um grande salto em 2020
A esperança, entre Wall Street e investidores, é que esse aumento nas vendas seja realmente apenas a ponta do iceberg. Espera-se que duas mudanças importantes no mercado de cannabis melhorem a demanda dos consumidores e aliviem muitos gargalos no fornecimento que impediram as vendas de maconha até este momento.
O primeiro é o lançamento de produtos derivativos de alta margem, que começou em meados de dezembro. Derivados são produtos de flores não secos, como vapes, comestíveis, bebidas infundidas, tópicos e concentrados. Os derivados não apenas oferecem um novo meio de consumo que não exige, necessariamente, o consumo fumado de cannabis, mas também são significativamente mais atraentes para uma geração mais jovem de usuários que demonstrou maior disposição para tentar comprar essas alternativas de consumo com margens mais altas.
De acordo com o banco de investimentos Cowen Group, espera-se que metade de todas as vendas de maconha dos EUA sejam geradas a partir de derivativos, com flores secas e cannabis pré-enrolada representando os outros 43% e 7%, respectivamente. Se esses números se traduzirem de maneira semelhante no Canadá, o lançamento de derivativos deve começar a colocar alguma força no passo do produtor no meio do ano, ou talvez até mais cedo.
O outro grande catalisador é a tão esperada reforma da licença de dispensário que está sendo realizada em Ontário, a maior província do país em população. Tendo trabalhado previamente com um ‘sistema de loteria’, Ontário, lar de 38% dos residentes do Canadá, abriu apenas 24 lojas de varejo de cannabis até o aniversário de um ano de vendas de maconha para uso social. Isso criou poucos canais para produtos legais atingirem os consumidores e permitiu que o mercado clandestino prosperasse.
No futuro, Ontário planeja emitir licenças de dispensário de maneira mais tradicional. As licenças devem começar a ser emitidas até abril, com a expectativa de 20 (ou mais) lojas abertas a cada mês. Até o final do ano, os reguladores provinciais esperam ter cerca de 250 locais abertos, representando um aumento de cerca de 10 vezes o número de lojas no começo do ano.
As ações de maconha podem não se beneficiar tão rápido
Do outro lado da moeda, enquanto as vendas deverão subir mais em 2020, não há garantia de que veremos um benefício imediato para as ações de maconha. Embora a receita mais alta e as margens aprimoradas com a venda de derivativos sejam boas, não há garantia de que veremos um progresso significativo nos resultados das ações de maconha, que é o que mais importa.
Por exemplo, a Aurora Cannabis tem sido um estoque de maconha altamente popular até este momento. Foi apontada como a principal produtora, uma empresa com a presença internacional mais ampla e uma prática “shoo-in” para conquistar um parceiro de marca, uma vez que contratou investidores ativistas e o bilionário Nelson Peltz como consultor estratégico.
No entanto, nos últimos meses, vimos a Aurora Cannabis colocar sua estufa Exeter à venda, bem como interromper completamente a construção de seu enorme projeto Aurora Nordic 2 na Dinamarca e o campus da Aurora Sun em Alberta. O que havia sido uma previsão firme que exigia pelo menos 625.000 quilos de produção em taxa de execução até meados de 2020 agora parece não ser mais do que 225.000 quilos, na melhor das hipóteses.
A Aurora Cannabis também está enfrentando o mesmo problema que a Canopy Growth e a Tilray — ou seja, que a expansão internacional não está pagando nenhum dividendo imediato. Apesar de Aurora, Canopy e Tilray estarem presentes em 24, 16 e 12 países fora do Canadá, respectivamente, muitos desses mercados legais de maconha medicinal ainda estão estabelecendo seus regulamentos ou ainda não estão prontos para se comprometer com grandes importações. Além disso, a Health Canada conta com seus produtores para saciar a produção doméstica antes de enviar para o exterior.
E, é claro, os balanços patrimoniais destas empresas continua uma bagunça. A Aurora Cannabis e a Canopy Growth estão transportando uma quantidade excessiva de boa vontade resultante de várias aquisições muito caras. A Aurora Cannabis também está enfrentando temores de que possa não ter capital suficiente disponível para pagar sua dívida existente.
As coisas podem estar melhorando para a indústria canadense de maconha como um todo, mas as ações individuais de maconha continuam sendo uma oportunidade de investimento arriscada.
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#PraCegoVer: em destaque, fotografia de um homem, estendendo os braços em posição de vitória e gritando, enquanto levanta uma bandeira do Canadá personalizada com a folha da maconha no lugar da folha bordo. Foto: Toke of the Town.
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