Que partes da planta devo utilizar na culinária cannábica?

Fotografia que mostra em primeiro plano um recipiente de cerâmica com o nome Lilica 420 inscrito, e a mão da chef colocando um bud de cannabis dentro dele. Imagem: Lilica 420.

A boa notícia é que todas as partes da planta da maconha podem ser usadas na alimentação, algumas com maior e outras com menor concentração de canabinoides

“Não vamos desperdiçar nada” é uma frase que eu sempre digo e repito. Tenho certeza que alguém que já me assistiu preparando alguma receita deve ter escutado. Quero começar falando dela, porque hoje o tema aqui vai ser o aproveitamento máximo da cannabis na culinária. Quero mostrar pra você que colocar maconha na alimentação pode ser mais acessível do que imagina.

A maconha é uma PANC (Planta Alimentícia Não Convencional). As sementes, raízes, caules, folhas e flores podem ser comestíveis e são riquíssimas em diversos nutrientes e sais minerais, além de mais de 400 diferentes canabinoides já catalogados pela ciência.

Leia também: Você sabe as principais diferenças entre fumar e comer maconha?

As sementes da maconha são consideradas um superalimento, já que são ricas em ômega 3 e ômega 6, compostos essenciais para a saúde. Além disso são uma fonte incrível de proteína. A cada 100 g de sementes, encontramos uma concentração de 25 gramas de proteína, mais do que a encontrada na mesma proporção de carne moída, que é de 24 g de proteína. As sementes são ainda excelente fonte de minerais, como magnésio, fósforo, ferro e zinco, entre outros.

Muitas pessoas me perguntam se podem fazer uma manteiga cannábica com a planta macho. A minha resposta é: não! Já que produção de fitocanabinoides na planta macho é muito pequena, será preciso utilizar muita matéria vegetal para uma infusão potente. A principal função da planta macho é polinizar a planta fêmea e gerar sementes.

Quando a planta fêmea começa a produzir sementes, a produção de tricomas diminui, então a menos que você tenha a intenção de ser um breeder (criador de sementes), deve sempre descartar a planta macho assim que os primeiros sinais começarem a aparecer. Mas, não saia jogando fora de primeira, você pode e deve utilizar as folhas largas na culinária, e a minha sugestão é que use as folhas frescas para preparar saladas, vinagretes, sucos, chás ou ainda as faça empanadas, como tempurá. Dessa forma, você não vai sentir a onda dos comestíveis cannábicos, mas estará adicionando ao seu prato muito sabor, fibras e fitonutrientes que melhoram o seu bem-estar e a sua saúde.

A planta fêmea da maconha é a principal fonte de canabinoides. Na flor é que são produzidos os tricomas, aquela resina onde fica a maior concentração de canabinoides em toda a planta. Na planta fêmea, tanto as flores quanto as folhas largas ou pequenas, as aparas e até os caules têm tricomas em diferentes níveis de concentração, é claro. Então, tecnicamente, você pode usar todas as partes da cannabis fêmea na culinária.

Eu particularmente não uso os galhos, folhas largas e os caules para preparar as infusões porque a concentração de canabinoides nessas partes da planta é muito pequena para a quantidade de matéria orgânica, mas eu gosto sempre de preparar um chá com o caule e os galhos, ou até mesmo cosméticos cannábicos.

Leia também: Como colocar maconha na alimentação?

Eu uso as folhas grandes da planta fêmea da mesma maneira que as da planta macho. Também costumo preparar uma loção, bálsamo cannábico ou ainda um banho de imersão. As melhores partes pra você preparar as infusões da culinária são as flores e as aparas da manicure, que inclui pequenas folhas cobertas de tricomas conhecidas como sugar leaves, e as pipoquinhas, aqueles pequenos buds que ficam lá embaixo do pé da planta.

Infelizmente, a realidade aqui no Brasil é uma só: se você quer consumir flores ao invés de prensado ou você precisa desembolsar muito dinheiro ou o caminho é cultivar as próprias plantas. Quando você cultiva, consegue usar praticamente todas as partes da planta na culinária cannábica. Quem planta e cozinha sabe que essa combinação é maravilhosa!

E vou explicar o motivo, é claro. Quando colocamos maconha na alimentação, ela acaba virando o ingrediente mais especial, que não pode faltar de jeito nenhum. Mas, se fôssemos cozinhar apenas com as flores mesmo, o cultivo teria que ser bem maior. E, como no Brasil é crime plantar, por segurança o ideal é não abusar e ter vários pés em casa, né. Então, aí que entra a magia, porque quando você cultiva consegue usar as trimas, aparas e pipocas para fazer a sua manteiga, azeite ou extrato por exemplo.

Assim, aproveitamos ao máximo o que a planta nos oferece.
Então agora que você já sabe isso, quem sabe não sente ainda mais vontade de começar seu jardim. E, se quiser aprender mais sobre culinária cannábica, você também pode se matricular no meu curso on-line e fazer, de fato, parte da #RevolucaoCannabica!

Leia também:

Como calcular a dosagem dos comestíveis cannábicos?

#PraCegoVer: fotografia que mostra em primeiro plano um recipiente de cerâmica com o nome Lilica 420 inscrito, e a mão da chef colocando um bud de cannabis dentro dele. Imagem: Lilica 420.

Sobre Lilica 420

A Lilica cresceu dentro da cozinha do restaurante de sua família. São 40 anos de experiência culinária, aprendendo ao lado de diferentes cozinheiros várias técnicas, receitas e preparos. Quando ela descobriu que conseguia unir todo esse conhecimento à outra paixão de sua vida - a maconha - começou a cultivar, viajou para países legalizados, fez cursos, leu livros e aprendeu, na teoria e na prática, tudo sobre culinária cannabica. Agora, ela compartilha seu conhecimento, conquistado em anos de estudo, para que outras pessoas também passem a colocar maconha na alimentação. Principalmente, de maneira segura e saudável.
Deixe seu comentário
Assine a nossa newsletter e receba as melhores matérias diretamente no seu email!