Quantidade e natureza da droga não afastam tráfico privilegiado, decide ministro do STF

Fotografia mostra uma estátua de Têmis, a deusa da Justiça, dourada que segura a balança à sua frente com o braço erguido enquanto mantém a espada junto ao corpo com a outra mão, em fundo bege liso. Imagem: Pixabay | pixel2013.

Em processo de homem condenado por possuir grande quantidade de diversas substâncias, o ministro Gilmar Mendes advertiu que a natureza e quantidade da droga, por si sós, não comprovam o envolvimento com crime organizado e determinou que o juízo reconheça a causa de diminuição de pena. Entenda o caso com as informações da ConJur

Se o agente é primário, tem bons antecedentes, não integra organização criminosa e não se dedica a atividade ilícita, deve ser reconhecido o tráfico privilegiado. A quantidade e a natureza do entorpecente não impedem a incidência dessa minorante.

Com esse entendimento, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que a Vara Criminal de Franco da Rocha (SP) reconheça a causa de diminuição de pena a um condenado por tráfico de drogas e defina nova dosimetria.

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O relator ainda ordenou que o juízo analise a possibilidade de abrandamento do regime inicial e de substituição da pena privativa de liberdade por medidas restritivas de direitos.

Histórico

O réu foi denunciado, junto a outro agente, por trazer consigo 415 porções de cocaína e possuir, em depósito, 1.210 porções de crack, 483 de maconha e uma porção de substância semelhante à cocaína. Além disso, policiais militares encontraram anotações típicas do tráfico no imóvel do homem.

Em primeira instância, o réu foi condenado a seis anos e três meses de prisão em regime fechado. Na ocasião, a juíza Juliana Nóbrega Feitosa vedou a aplicação do tráfico privilegiado. Segundo ela, a quantidade e a natureza das drogas apreendidas e a contabilidade do tráfico demonstravam que o homem se dedicava à atividade criminosa.

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Após recurso, o Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu a pena para cinco anos e dez meses, em regime inicial semiaberto. Porém, novamente não aplicou o tráfico privilegiado, pelos mesmos fundamentos.

A defesa, feita pelo advogado Diego Alves Moreira da Silva, sócio do escritório William Oliveira, Infante, Vidotto e Alves Advogados, impetrou Habeas Corpus no Superior Tribunal de Justiça. O desembargador convocado Jesuíno Rissato negou a liminar.

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STF

Gilmar lembrou que o juiz não precisa aplicar o máximo da minorante quando presentes os requisitos, e pode fixar a pena que entender necessária e suficiente para reprovar e prevenir o crime.

Ele ressaltou que a natureza e a quantidade de droga apreendida podem ser consideradas em apenas uma das fases de dosimetria da pena, “sendo vedada sua apreciação cumulativa”. No caso, esses elementos foram usados na primeira e na terceira fase de dosimetria.

O relator destacou que a quantidade e a natureza da droga, por si sós, não comprovam o envolvimento com crime organizado ou dedicação à atividade criminosa:

“A habitualidade e o pertencimento a organizações criminosas deverão ser comprovados, não valendo a simples presunção. Não havendo prova nesse sentido, o condenado fará jus à redução de pena”, acrescentou o ministro.

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#PraTodosVerem: fotografia mostra uma estátua de Têmis, a deusa da Justiça, dourada que segura a balança à sua frente com o braço erguido enquanto mantém a espada junto ao corpo com a outra mão, em fundo bege liso. Imagem: Pixabay | pixel2013.

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