Produtos à base de cannabis unem opositores no Congresso

Fotografia que mostra as mãos e antebraços de uma pessoa (com luvas azul-claro e blusa marrom-avermelhado) que manuseia uma das flores de um cultivo de maconha (que toma todo o restante da foto), ficando com resina, de cor marrom, grudada em seus dedos.

A atuação de deputados como Carla Zambelli (PSL-SP), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Paulo Teixeira (PT-SP), além dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Mara Gabrilli (PSDB-SP), em prol da maconha medicinal teve importante papel na decisão da Anvisa de aprovar o uso da planta no país. Com informações d’O Globo

A regulamentação do uso de medicamentos à base de maconha no Brasil ganhou simpatizantes no Congresso dos mais variados partidos, inclusive no PSL, ao qual o presidente Jair Bolsonaro era filiado. Deputados da direita à esquerda atuaram nos bastidores para convencer os diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)aprovar o uso do remédio no país.

Uma das mais aguerridas deputadas bolsonaristas na Câmara, Carla Zambelli (PSL-SP) selou uma aliança inusitada com Marcelo Freixo (PSOL-RJ) em prol da liberação do uso do medicamento à base de cannabis. Carla convidou Freixo a assinar um projeto de lei que autorizasse a plantação da maconha para pesquisa científica e elaboração de remédios. Ela se diz contra o uso para recreação.

A ideia de Carla só não avançou porque o deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE) já havia apresentado um relatório similar. Todos participam de uma Comissão Especial destinada a elaborar um parecer na Câmara. O colegiado envia a Montevidéu, no Uruguai, nesta quarta-feira, uma comitiva de técnicos da Câmara para visitar a empresa Inverell, responsável pela produção do remédio naquele país.

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No Congresso, o tema também ganhou adesão do Paulo Teixeira (PT-SP) e dos senadores Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). A tucana — que faz uso do medicamento com teor bem mais elevado do que o que foi aprovado ontem — procurou até mesmo a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que tem dado atenção especial a pessoas com doenças raras. No entanto, Mara não obteve resposta.

No Planalto, apesar da resistência do presidente Jair Bolsonaro, a proposta recebeu o apoio do assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Eduardo Villas Bôas. Ao GLOBO, Villas Bôas disse ter considerado “um avanço a recente medida da Anvisa, que poderá beneficiar milhões de pessoas portadoras de uma infinidade de doenças”.

Deixando bem claro que sou contra a liberação do consumo de maconha e outras drogas, questão que de má-fé é confundida com o uso de medicamentos dela derivados. Considerei um avanço a recente medida da Anvisa, que poderá beneficiar milhões de pessoas portadoras de uma infinidade de doenças — escreveu, com a ajuda da filha, Adriana Villas Bôas.

Villas Bôas e Adriana são portadores de doenças raras, mas não utilizam do medicamento. Segundo Adriana, o remédio não foi receitado ao general e, no caso, dela, havia também dificuldade em acessar o produto.

— No entanto, sempre acompanhamos a luta das mães com filhos com epilepsia e os benefícios que o medicamento traz a essas famílias. Gostamos de ressaltar que somos totalmente contra a liberação do consumo de maconha e outras drogas — afirmou Adriana ao GLOBO.

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) que mostra as mãos e antebraços de uma pessoa (com luvas azul-claro e blusa marrom-avermelhado) que manuseia uma das flores de um cultivo de maconha (que toma todo o restante da foto), ficando com resina, de cor marrom, grudada em seus dedos. Foto: Guillem Sartorio | AFP.

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