Primeiro vinho francês com CBD é produzido em Bordeaux

Foto que mostra a parte do meio da garrafa da Burdi W, onde se vê seu logo, um desenho da folha de cannabis em traços grossos brancos, em fundo verde-escuro, e duas taças de vinho, em uma mesa de madeira. Foto: divulgação.

Um empresário bordalês combinou vinho com canabidiol e garante que seu produto é certificado desde a semente da cannabis, que é cultivada na França. As informações são da AFP, via Ouest-France

Pela primeira vez na França, um empresário de Bordeaux fez a aposta em combinar vinho e CBD, uma substância canabinoide contida no cânhamo, cuja comercialização está aumentando em um contexto legal em rápida evolução.

“Mantemos o efeito clássico do álcool, mas acrescentamos o efeito relaxante”, explica Raphaël De Pablo, sobre a iniciativa desta produção denominada Burdi W, apresentada como  “um vinho aperitivo festivo” destinado a “quebrar os códigos tradicionais do vinho”.

O bordalês de 28 anos aliou-se a um amigo de infância, agora um enólogo, que prefere não se identificar, para encontrar “a mistura perfeita” entre o vinho e o CBD (abreviação de canabidiol), cuja adição não permite que o produto final seja legalmente reconhecido como vinho, mas como “uma bebida aromatizada à base de vinho”.

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Cânhamo cultivado na Gironda

O cânhamo utilizado no preparo é cultivado no sudeste do departamento de Gironda, na região de Nova Aquitânia, em um terreno de dez hectares explorado pelo empresário, pioneiro no cultivo de cannabis.

Em seguida, a planta é colhida manualmente antes de ser transferida para a Alemanha onde um laboratório garante a extração, proibida na França, “de todas as moléculas de CBD”, especifica o morador de Bordeaux que deseja desenvolver o setor dentro de um quadro legal.

Na França, a lei só autoriza o cultivo e a comercialização de fibras e sementes de cânhamo. O uso das folhas e flores da planta é proibido.

Mas a legislação em torno dessa molécula está evoluindo. Em nome da livre circulação de mercadorias, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), em 19 de novembro de 2020, declarou ilegal a proibição do CBD na França.

Por que, ao contrário do THC (tetraidrocanabinol), a molécula de CBD presente na cannabis não tem efeito psicotrópico e não é considerada um narcótico, disse o TJUE.

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“Trabalhamos com a região de Nova Aquitânia e os gendarmes”

Minha cannabis é certificada desde a semente até o produto acabado. Trabalhamos com a região da Nova Aquitânia, os gendarmes, os deputados da região”, defende Raphaël De Pablo, formado na produção de cannabis terapêutica após passar dois anos no Canadá.

O processo de fabricação de Burdi W, “mantido em segredo” devido à concorrência, combina 250 mg de CBD com um monovarietal 100% Petit Verdot, produzido localmente e geralmente usado na mistura de vinhos Grand Cru, para um resultado misto de “notas de cassis” com aquelas do CBD.

Com rótulo fosforescente e rolha serigrafada, esta garrafa estampada com CBD reúne todos os ingredientes para “conciliar vinho e juventude”, analisa Jean-Michel Delile, adictologista e diretor do Comitê de Estudo e Informação sobre Drogas Addictions de Bordeaux.

“É uma técnica de marketing para atrair os jovens” , continua, lembrando que a molécula, que não tem “riscos de dependência”, tem propriedades “antiepiléticas” e  “anti-inflamatórias” .

“O CBD é seguro, mas o álcool não”, alerta o adictologista.

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Financiamento participativo

Lançada por meio de uma plataforma de financiamento participativo (crowdfunding), a produção de Burdi W atingiu 10.500 garrafas, vendidas a € 34 (R$ 224) a unidade, em pré-venda. Quase 108 clientes já testaram o produto, por enquanto oferecido apenas pela internet.

“Existe um mercado real”, confirma Raphaël De Pablo, que registra “mais encomendas no exterior do que na França”, visto que um concorrente direto, sediado em Napa Valley, na Califórnia, apresenta preços “dez vezes superiores”.

De acordo com o Sindicato Profissional do Cânhamo, a França agora tem cerca de 400 lojas que vendem produtos de CBD (produtos alimentícios, óleos, cosméticos, cigarros eletrônicos, chás, buds para fumar ou inalar etc.), ou seja, quase quatro vezes mais do que dois anos atrás.

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#PraCegoVer: foto que mostra a parte do meio da garrafa da Burdi W, onde se vê seu logo, um desenho da folha de cannabis em traços grossos brancos, em fundo verde-escuro, e duas taças de vinho, em uma mesa de madeira. Foto: divulgação.

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