Policiais são presos no RJ acusados de desviarem cocaína apreendida

Fotografia que mostra uma mão calçada com luva de cor roxa e segurando uma pilha de quatro tabletes, cada um com uma cor diferente (amarelo. marrom, vermelho e verde), na parte direita da foto e no primeiro plano, e, ao fundo desfocado, um amontoado de pacotes coloridos. Maconha.

As investigações começaram em 2020 após um perito intervir na apreensão de ao menos 40 tabletes de cocaína na Ponte Rio-Niterói. Informações d’O Globo

A Corregedoria da Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a participação de ao menos três policiais da instituição — que atuam no Posto Regional de Polícia Técnica e Científica (PRPTC) de São Gonçalo — em um esquema que envolve apreensão de drogas que posteriormente eram revendidas para criminosos de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. Na terça-feira, um perito criminal lotado no PRPTC foi preso acusado de participar do esquema. Além dele, um cabo da Polícia Militar também foi preso suspeito de atuar na organização criminosa.

Nessa quarta-feira, as corregedorias da Civil e da PM fizeram uma operação, intitulada de Desvio, para tentar prender um segundo cabo e um miliciano que se passava por policial, mas não os encontraram e ambos são considerados foragidos. Também foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão. Na audiência de custódia, a juíza Monique Correa Brandão dos Santos Moreira manteve a prisão do agente da Civil.

As investigações começaram em 28 de julho de 2020, quando o perito interveio na apreensão de ao menos 40 tabletes de cocaína que haviam sido apreendidos na Ponte Rio-Niterói pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

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De acordo com a Corregedoria Interna da Civil, o perito, dois PMs e uma pessoa que se passava por policial — em uma viatura do IML de São Gonçalo — interceptaram uma caminhonete Toyota Hilux, na altura do bairro Jardim América. O veículo que estava com as drogas vinha de São Paulo com destino a uma favela do Rio.

Após abordarem os indivíduos, segundo a investigação, os policiais exigiram que a droga fosse levada para a casa de um dos agentes em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Entretanto, o perito e os PMs não imaginavam que a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) monitoravam a Toyota Hilux — em uma operação contra o tráfico interestadual — e apenas esperavam que ela cruzasse a Ponte Rio-Niterói para que os dois ocupantes fossem presos.

Quando o veículo cruzou a ponte, ele foi parado pelos agentes da Core e da PRF. Entretanto, logo em seguida, a viatura do IML de São Gonçalo — que vinha “escoltando” — parou e informou que aquele carro havia sido parado, seus ocupantes presos e que as drogas estavam sendo levadas para a 71ª DP (Itaboraí), onde seria registrado o boletim de ocorrência e o flagrante seria lavrado. No entanto, isso não aconteceu.

— No meio do caminho, eles pararam na casa de um dos policiais e descarregaram a droga. Na delegacia apresentaram fração do material e o carro — contou o delegado Marcos André Buss, da Corregedoria da Civil, que comandou a operação contra os policiais.

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Na decisão da 21ª Vara Criminal da Capital, o juiz que determinou a prisão do policial civil e dos PMs destacou que “os policiais civis, no momento da confecção do registro de ocorrência, apresentaram versões contraditórias e conflitantes gerando suspeitas acerca da prática de condutas criminosas, possivelmente, associadas à subtração da carga de material entorpecente, além do transporte e depósito de drogas para fins de tráfico”.

De acordo com o magistrado, na delegacia, os agentes disseram que apreenderam a caminhonete “no curso de uma diligência estranha ao âmbito de competência do Departamento de Polícia Técnica e Científica e, em vez de carga de cocaína que apreenderam que supostamente se encontrava no veículo, os policiais teriam apresentado 1.460 gramas de maconha, cuja origem não foi esclarecida”.

Após saberem da notícia que apenas um quilo de maconha fora entregue na delegacia, os policiais da Core avisaram a Corregedoria da Civil e todos os policiais envolvidos foram levados para a sede da instituição, no Centro do Rio.

— Ele (perito) estaria desviando, junto com outros policiais militares e civis, essa droga. Esse material seria totalmente desviado, mas eles decidiram entregar uma parte do material. Inclusive, no dia do crime, um dos policiais estava dirigindo o carro em que as drogas estavam. Vamos apurar a lavagem de dinheiro desses agentes e vamos tirar o proveito do crime — destacou o delegado.

Durante as buscas e apreensões, os agentes encontraram documentos, armas e munições que foram apreendidas.

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#PraTodosVerem: fotografia mostra uma mão calçada com luva roxa e segurando uma pilha de quatro tabletes, cada um com uma cor diferente (amarelo. marrom, vermelho e verde), na parte direita da imagem, e, ao fundo, em pior foco, um amontoado de pacotes coloridos. Foto: Stefan Wermuth | Reuters.

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