Polícia de Nova York prende mais negros e latinos por delitos envolvendo maconha

A polícia de Nova York prendeu 1.436 pessoas por posse e venda de maconha ilegal entre janeiro e junho e, dessas, 1.349 são negras ou hispânicas, de acordo com Serviço de Justiça Criminal do estado. O consumo, porém, é igual para os grupos étnicos americanos. Com informações do Queens Daily Eagle, e tradução por Henrique Oliveira

Mesmo com a descriminalização da posse de maconha em Nova York, e a polícia reduzindo significativamente o número de cidadãos presos por delito envolvendo maconha, a intensa disparidade racial persiste entre aqueles que são presos mais facilmente com uma quantidade de maconha em 2019. Negros e latinos são 94% do contingente de pessoas presas em Nova York, durante os primeiros seis meses do ano, de acordo com a polícia.

A polícia de Nova York prendeu 1.436 pessoas por posse maconha e venda de maconha ilegal entre janeiro e junho, e 1.349 pessoas presas foram identificadas como negras ou hispânicas, de acordo com Serviço de Justiça Criminal da polícia de Nova York. A agência do estado publicou o relatório trimestral sobre raça e etnicidade, com dados de certas acusações e crimes. 

O diretor do Projeto de Reforma e Organização Policial, Robert Gangi, disse que a “descarada” disparidade nas prisões por maconha e outros crimes de baixo nível ofensivo reflete a concentração do policiamento na comunidade de cor. “A razão é fundamentalmente onde a polícia está atuando e qual direção lhe é dada”, disse Gangi, que analisa os relatórios. “Eles estão atuando primeiramente nas comunidades de baixa renda e de cor, e lhe é dito para praticar o policiamento de ‘janelas quebradas’”(teoria que diz que a criminalidade começa em atos pequenos). 

Oitocentas e vinte pessoas foram presas por posse ilegal de maconha durante os primeiros seis meses do ano, 506 eram negras e 260 foram identificadas como hispânicos, segundo a NYPD (Departamento de Polícia de Nova York). Dos 616 presos por venda de maconha, 403 eram negros e 180 hispânicos, segundo o relatório. 

O relatório trimestral mais recente não incluiu dados de prisão por maconha para brancos ou asiáticos. O relatório indica que a polícia de Nova York não registra raça ou etnicidade. As pesquisas demonstram que o consumo de maconha é igual para todos os grupos étnicos nos EUA. 

A Sociedade de Assistência Jurídica conduziu uma análise demográfica dos seus clientes acusados de posse ilegal de maconha, e descobriu que o Queens liderou os cinco bairros em números de prisão durante os três primeiros meses do ano. Os defensores públicos da Assistência Jurídica representam cerca de metade dos réus de baixa renda em toda a cidade. 

Ao contrário dos procuradores do Brooklyn e Manhattan, o procurador do Queens continua processando pessoas por delito de maconha, embora o processo raramente termine em condenação. Melenda Katz, presidente do município e candidata democrata ao Ministério Público do Queens, prometeu não processar os delitos de maconha, o que poderia desencorajar a polícia do Queens a fazer prisões relacionadas a maconha. 

A disparidade racial em prisões por maconha reflete a persistente disparidade em prisões por evasão fiscal. Mais de 85% das pessoas presas por evasão fiscal entre abril e junho eram negras ou latinas, de acordo com os dados publicados pelo NYPD. A disparidade racial marca toda a área da política pública, mas onde é mais prejudicial e mais flagrante, em termos de dano as pessoas de cor, é no sistema de justiça criminal, porque leva ao encarceramento em massa”. 

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) que mostra um policial, acompanhado de outros dois homens fardados, algemando um jovem negro, que, de costas para a câmera, leva a mão esquerda à cabeça. Foto: Reuters.

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