Pessoas que iniciaram o uso de maconha na adolescência são motoristas perigosos, diz estudo

Imagem que mostra uma cena do filme sobre maconha “Up in Smoke” (Queimando Tudo), onde, em plano fechado, Cheech, que está ao volante de um carro, olha apreensivo para o retrovisor.

Mesmo quando sóbrios, usuários pesados ​​de maconha, principalmente os que iniciaram o uso na adolescência, são motoristas perigosos, diz um novo estudo realizado em Boston, nos EUA. Com informações da NBC News e tradução pela Smoke Buddies

A má condução parece estar isolada para aqueles que começaram a usar maconha antes dos 16 anos, relataram pesquisadores na terça-feira na Drug and Alcohol Dependence. A teoria é que o uso precoce da maconha muda o cérebro, deixando as pessoas mais impulsivas e mais aptas a tomar decisões precipitadas.

No novo estudo, que testou participantes de um simulador de direção, pesquisadores do McLean Hospital, em Boston, descobriram que usuários sóbrios de cannabis que começaram a usar a droga na adolescência tiveram mais acidentes, dirigiram a velocidades mais altas e passaram por mais luzes vermelhas em comparação com pessoas que nunca tinha usado maconha.

A maconha é a droga ilícita mais usada nos Estados Unidos, mas tem havido relativamente pouca pesquisa sobre seus efeitos na saúde, principalmente em cérebros de adolescentes.

Leia: Maconha pode alterar processo decisório em cérebros de adolescentes, sugere estudo

“Esta pesquisa sugere que a exposição precoce à cannabis pode resultar em dificuldades na execução de tarefas cognitivas complexas”, disse a coautora Staci Gruber, professora associada de psiquiatria e diretora de Investigações de Maconha para Descoberta Neurocientífica na Harvard Medical School e McLean Hospital.

Para o experimento, os pesquisadores recrutaram 28 usuários regulares e pesados ​​de cannabis (23 homens e cinco mulheres) e 17 não usuários (seis homens e 10 mulheres) cujas habilidades de condução foram testadas em um simulador. A idade média dos participantes foi de 23 anos.

As pessoas do grupo de cannabis relataram ter usado a droga pelo menos em cinco dos sete dias anteriores e pelo menos 1.500 vezes durante a vida. Eles foram instruídos a abster-se por pelo menos 12 horas antes da visita do estudo para garantir que não estivessem ‘altos’ no momento do teste.

Quando estavam no laboratório, todos os participantes do estudo forneceram amostras de urina, que foram testadas quanto a drogas de abuso, incluindo cannabis. Os participantes também preencheram vários questionários, incluindo uma avaliação psicológica.

Durante o teste de direção, os usuários de cannabis foram mais propensos do que os não usuários a acelerar, atropelar um pedestre, cruzar a linha central, perder sinais de parada e atravessar o sinal vermelho. Os usuários de maconha também foram mais propensos a pontuar alto no comportamento de impulso.

Quando os pesquisadores reanalisaram seus dados, levando em consideração a idade do primeiro uso de cannabis, descobriram que a má condução era quase exclusivamente limitada às pessoas que começaram na adolescência e que os jovens iniciantes também eram mais impulsivos.

Uma coisa que os dados não podem mostrar é se os iniciantes eram impulsivos no início ou se o uso de cannabis na adolescência os tornou assim.

No entanto, disse Gruber, existem estudos que sugerem que o uso de cannabis enquanto o cérebro está em desenvolvimento pode levar a várias mudanças, incluindo um aumento no comportamento impulsivo.

O papel da maconha em acidentes

O número de acidentes fatais de veículos nos quais os motoristas testaram positivo para cannabis mais que dobrou de 2007 a 2016, passando de 8% para 18%, segundo a Administração Nacional de Segurança no Trânsito nas Rodovias.

Como os estados legalizam o uso recreativo da maconha, são necessárias mais pesquisas sobre como o consumo afeta a segurança na direção, disse Ryan Vandrey, professor associado da unidade de pesquisa em farmacologia comportamental da Faculdade de Medicina Johns Hopkins.

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“Nós não entendemos completamente os impactos na saúde do uso intenso e frequente de cannabis”, disse Vandrey.

Os resultados do novo estudo provavelmente não se aplicam a pessoas que usam maconha medicinal, porque tendem a gravitar para produtos com baixo teor de THC, o constituinte psicoativo da maconha, disse Gruber.

Os resultados mostram aos educadores e pessoas envolvidas em políticas públicas a importância de evitar a exposição precoce à maconha, disse Gruber.

Pesquisadores do Instituto de Seguros para Segurança nas Rodovias notaram uma tendência de mais acidentes nos estados que legalizaram a maconha.

“Uma análise dos dados de seguros no Colorado, Oregon, Washington e Nevada encontrou um aumento combinado de 6% nas reivindicações de colisão versus estados de controle”, disse Joe Young, porta-voz do instituto.

Uma análise separada dos acidentes relatados pela polícia apenas no Colorado, Washington e Oregon encontrou um aumento semelhante de 5,2%, segundo Young.

“O papel da maconha nos acidentes não é tão claro quanto o papel do álcool, mas as primeiras pesquisas sugerem que os estados devem proceder com cautela ao procurar legalizar”, disse ele.

É legal para adultos maiores de 21 anos usarem maconha para fins medicinais e recreativos em 11 estados, assim como no Distrito de Columbia. A maconha medicinal é legal em 21 estados.

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#PraCegoVer: em destaque, imagem que mostra uma cena do filme “Up in Smoke” (Queimando Tudo), onde, em plano fechado, Cheech, que está ao volante de um carro, olha apreensivo para o retrovisor. Imagem: Cheech & Chong.

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