Pandemia abriu a cabeça de muita gente sobre a liberação da maconha, diz deputado

Foto que mostra uma folha de maconha, com sete pontas (folíolos) serrilhadas que partem de sua base, em fundo infinito de cor rosa pastel. Imagem: THCamera Photography. mercado evento cannabis

Para o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), diante do surto, os governos não sabem de onde tirar recursos e o Brasil está desperdiçando possíveis lucros da maconha. As informações são da Folha

O deputado estadual e ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc (PSB-RJ) acredita que “a crise provocada pela Covid-19 abriu a cabeça de muita gente”. A afirmação foi feita, nesta quarta-feira (29), durante a live ‘Ao Vivo em Casa’, promovida pela Folha.

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Minc usa como exemplo o Líbano, que durante a crise provocada pelo coronavírus decidiu liberar a produção de maconha a fim de salvar a economia — estudos mostram que o país pode lucrar até US$ 1 bilhão, cerca de R$ 5,4 bilhões, por ano.

Ele acredita que, diante da pandemia, os governos não sabem de onde tirar recursos e o Brasil está desperdiçando possíveis lucros da maconha.

Mediada pela jornalista Valéria França, a conversa, que foi dividida em duas partes e contou com sete profissionais que atuam na área, discutiu a maconha em tempos de pandemia, tanto sob a ótica da regulação no Brasil como dos termos de saúde e negócios.

Hoje, de acordo com a Anvisa, a indicação e forma de uso dos produtos à base de cannabis caberá ao médico. Atualmente, as principais doenças apontadas nos pedidos de importação de canabidiol são epilepsia, autismo, dor crônica e doença de Parkinson.

Porém, o Brasil esbarra com um grande problema, segundo os especialistas: o cultivo não é permitido, apenas a importação, o que faz com que poucas pessoas tenham acesso aos remédios, que custam cerca de R$ 2.000 — de acordo com Carlos Minc, o custo poderia ser rebaixado a R$ 400, caso a planta fosse cultivada aqui.

José Bacellar, ex-presidente da Bombril e fundador da VerdeMed, empresa canadense de cannabis medicinal voltada à América Latina, tem esperança de logo poder cultivar a planta medicinal no Brasil.

A Covid-19 não parou a discussão sobre a cannabis. Independente do governo ser mais ou menos conservador, isso é um tema de saúde para as pessoas, um tema de acesso. Hoje, o custo é muito alto, as pessoas não conseguem pagar e quem vai ter que arcar, no final, com a despesa é o SUS. Essa é uma indústria que queremos estabelecer no Brasil”, disse.

Rodrigo Mesquita, membro da comissão especial de assuntos regulatórios da OAB, enfatiza que a importação dessa matéria-prima também gera um déficit econômico para o Brasil.

“Nós temos uma vocação agrária muito forte, o Brasil é um dos celeiros do mundo. Temos uma indústria do campo que é líder tanto em produção quanto em tecnologia, temos uma empresa estatal que é referência no desenvolvimento de planta, que é a Embrapa”, disse.

Fundadora da Be Hemp, associação de pacientes com epilepsia e também sócia de uma empresa de cannabis medicinal nos EUA, Cristiana Taddeo afirmou que “são muitas vidas [que dependem do remédio], não é brincadeira. Se eles ficam sem o medicamento ficam com a imunidade superbaixa. São pessoas que estão no grupo de risco de se infectar com a Covid-19”.

A médica Paula Dall’Stella, radiologista e uma das pioneiras da prescrição de cannabis medicinal no Brasil, ponderou o assunto. “Estamos atrasados nesse sentido, mas a América Latina foi a primeira a observar o canabidiol e cannabis como medicamento e está exigindo todo o caminho da substância para ser regularizada como medicamento, não aconteceu isso nos EUA ou Canadá”.

Ela também comentou o aumento da procura de remédios à base de cannabis durante a pandemia. Em alguns estados dos Estados Unidos, tanto a liberal Califórnia como o conservador Colorado, notaram uma maior procura por maconha recreativa durante a quarentena, cerca de 159% e 46%, respectivamente.

A médica Paula Dall’Stella percebeu essa tendência no Brasil para o uso medicinal. Ela, que atende pacientes com doenças das graves às mais brandas, disse que aumentou o nível de estresse entre os pacientes, que estão com uma demanda maior do canabidiol, por conta da ansiedade. “O momento está um caos, percebo que os pacientes estão vindo com bastante com muita informação, o que é muito legal, aumentou a busca pela melhoria da ansiedade”.

“Gosto de deixar claro que o canabidiol é usado desde 2.000 a.C., mas que age como um remédio e pode ter efeitos colaterais, que são baixíssimos, mas existem”, afirmou ela, ao ressaltar o feedback positivo que recebe dos pacientes em relação ao uso no combate à ansiedade.

O único estrangeiro da conversa, o argentino Javier Hasse, diretor do Benzinga, empresa americana de fundos de capital com site informativo sobre a indústria da maconha, afirmou que empresas americanas enxergam no Brasil um mercado enorme para a cannabis.

Segundo ele, pesquisas mostram que a liberação possa gerar um lucro como no Líbano de U$S 1 bilhão, além de criar 100 mil empregos em cinco anos. Ele, ainda, deixou um recado para as autoridades brasileiras para regularizar a planta que, segundo ele, pode ajudar todo o país.

A conversa, disponível no YouTube, é parte do ‘Ao Vivo em Casa’, série de lives (transmissões ao vivo) que a Folha estreou durante a quarentena.

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#PraCegoVer: em destaque, foto que mostra uma folha de maconha, com sete pontas (folíolos) serrilhadas que partem de sua base, em fundo infinito de cor rosa pastel. Imagem: THCamera Photography.

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