Oglala Sioux: a única tribo dos EUA a legalizar a maconha em um estado onde é ilegal

Retrato do cacique Left Hand Bear, da tribo Oglala Sioux, do peito para cima, com o olhar mirando para o lado; pode-se ver uma da penas em tons de marrom de seu cocar e parte de sua roupa que parece ser feita de ossos, e um fundo bege-escuro. Imagem: recorte da obra de Herman Heyn / trialsanderrors / Flickr.

Líderes tribais propuseram a criação de um resort de maconha perto do cassino da tribo para atrair turistas e imaginam uma pequena indústria de ecoturismo se desenvolvendo no local. Com informações da StarTribune e tradução Smoke Buddies

Membros da tribo Oglala Sioux aprovaram um referendo para legalizar a maconha medicinal e recreativa na reserva Pine Ridge, em Dakota do Sul, EUA, de acordo com resultados preliminares da comissão eleitoral da tribo.

Uma proposta para permitir álcool no cassino da tribo falhou.

Os resultados da votação de terça-feira serão certificados até o final do mês. Na contagem de todos os recintos anunciados na manhã desta quarta-feira (11), a maconha medicinal e recreativa passou por amplas margens, com 82% dos eleitores aprovando maconha medicinal e 74% aprovando maconha recreativa. A proposta de álcool falhou em 12 pontos percentuais.

A Oglala Sioux se tornará a única tribo nativa dos EUA a estabelecer um mercado de cannabis em um estado onde é ilegal. Em seguida, o conselho tribal deve promulgar leis sobre como a maconha será legalizada e regulamentada. De acordo com os planos iniciais, a tribo não se responsabilizará pela produção ou varejo de cannabis, mas licenciará indivíduos e aplicará um imposto de varejo sobre a erva. O Conselho Tribal retomará a questão em 30 de março.

Chase Iron Eyes, porta-voz do presidente da tribo, Julian Bear Runner, disse que a votação reflete a diferença de como muitos membros da tribo percebem álcool e maconha. Ele chamou o álcool de “veneno” que foi imposto à tribo; ao passo que ele descreveu a maconha como uma “planta de cura” que apresenta um caminho para sair da pobreza e do trauma histórico.

Iron Eyes disse que, embora a sociedade Lakota tradicional ainda evite ambos, o álcool e a maconha, as pessoas foram influenciadas pelo potencial medicinal e econômico da cannabis.

Líderes tribais propuseram a criação de um resort de maconha perto do cassino da tribo para atrair turistas que visitam as Black Hills. Eles imaginam uma pequena indústria de ecoturismo se desenvolvendo a partir do aumento de visitantes.

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Rick Gray Grass, que faz parte da liderança executiva da tribo e promoveu a proposta de maconha, disse que espera ter dispensários abertos até agosto ou setembro. Ele ainda está formulando os regulamentos que serão apresentados ao conselho tribal. Ele supõe que o conselho limite as pessoas a comprar uma onça de maconha e promulgue medidas de segurança para impedir que as pessoas saiam com maconha das terras tribais.

Ainda assim, a proposta cria um potencial conflito com autoridades federais e estaduais. A tribo Flandreau Santee Sioux, na parte leste do estado, tentou cultivar e vender maconha em 2015, mas acabou queimando suas plantas de cannabis após conflitos com os governos federal e estadual.

Gray Grass argumentou que o tratado da tribo com o governo federal permite que eles atuem como uma nação soberana. “Acho que temos uma posição mais forte em Pine Ridge”, disse ele.

Líderes tribais disseram que querem cooperar com as autoridades na criação de um mercado de maconha e que têm discutido seus planos com a procuradoria dos EUA no estado. As autoridades federais e estaduais não comentaram o assunto.

A tribo também está procurando maneiras de obter prescrições de pessoas para a maconha medicinal. O Indian Health Services, que fornece a maior parte dos serviços de saúde na reserva, não prescreverá maconha porque é uma agência federal. Os planos atuais da tribo não têm provisões especiais para pessoas com receita médica.

Os eleitores de Dakota do Sul também decidirão sobre a legalização da maconha medicinal e recreativa em um referendo nas cédulas em novembro.

Se os eleitores decidirem legalizar a maconha no estado, isso poderá significar um boom para o mercado de maconha da tribo. Eles teriam uma vantagem no cultivo e venda da erva, tornando os membros das tribos os únicos varejistas do estado por um período.

Trent Hancock, um produtor de maconha do Oregon que ajudou a tribo a formular seus planos de maconha, espera que os membros da tribo possam vender US$ 100 milhões do produto em um ano neste cenário.

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#PraCegoVer: a imagem de capa traz o retrato do cacique Left Hand Bear, do peito para cima, com o olhar mirando para o lado; pode-se ver uma da penas em tons de marrom de seu cocar e parte de sua roupa que parece ser feita de ossos, e um fundo bege-escuro. Imagem: recorte da obra de Herman Heyn / trialsanderrors / Flickr.

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