López Obrador propõe plano de pacificação do México que inclui lei de anistia

Andrés Manuel López Obrador atrás de um microfone e apontando para a cabeça.

Novo presidente eleito do México, López Obrador, se prepara para enfrentar a grave crise de segurança pública que assola o país. Descriminalização da maconha e da papoula e anistia de jovens e mulheres cooptados pelo narcotráfico são algumas das medidas propostas. As informações são d’O Globo.

O presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, apresentou nesta sexta-feira sua proposta para pacificar o país “sem disparar mais balas”, num momento em que o México se encontra em uma espiral de violência alimentada pelo narcotráfico. O projeto inclui não só uma polêmica lei de anistia para perdoar os baixos escalões do mundo criminoso — e que será elaborada a partir de uma consulta nacional — como uma legislação de redução de pena para quem der informações que permitam capturar os traficantes.

Outros pontos importantes, apresentados por parte de sua nova equipe de governo, incluem a descriminalização da maconha e da papoula — planta a partir da qual se extrai goma de ópio para fabricação da heroína —, a profissionalização de corpos policiais, para que possa haver a retirada gradual do Exército das ruas, e e uma tentativa de frear o crescente tráfico de armas na fronteira.

Leia: Futura ministra do Interior do México propõe descriminalização da maconha

O grupo será encabeçado pela ex-ministra da Corte Suprema Olga Sánchez, que também deve ser a próxima secretaria de Governo (Interior). O plano vai funcionar com organizações internacionais como as Nações Unidas, várias igrejas, e a sociedade civil. Segundo o governo, não se trata de anistiar narcotraficantes, mas crianças, jovens, mulheres, camponeses, entre outros, que tenham sido obrigados a entrar no crime organizado.

— Não será só anistia, será uma lei para reduzir o tempo de prisão. Vamos propor a descriminalização, criaremos comissões da verdade, atacaremos as causas da pobreza, daremos bolsas de estudos para os jovens e trabalharemos no campo para tirá-los da situação de drogas — explicou Sánchez.

Para o presidente eleito, a violência tem origem na pobreza, na desigualdade e na falta de oportunidades dos agricultores que se dedicam ao cultivo ou ao transporte de maconha e papoula. Portanto, Sánchez explicou, seu plano para acabar com a violência inclui um forte conteúdo social.

— Quem poderia estar sujeito à anistia: crianças, jovens cooptados pelo crime organizado (…) no caso de mulheres que cometem crimes ‘por amor’, apoiando seu parceiro carregando drogas e armas.

O plano, que deverá ser tocado imediatamente, inclui ainda uma tentativa de frear o crescente tráfico de armas no país, assim como o fluxo de ilícitos. O indicado à Secretaria de Segurança, Alfonso Durazo, explicou que está propondo modificar a operação dos filtros de segurança, que atualmente só são aplicadas na fronteira norte do país, e combater a corrupção em alfândegas, portos e aeroportos.

López Obrador, conhecido como AMLO — que assumirá a Presidência em 1º de dezembro — propôs, durante a campanha, um enfoque diferente para acabar com uma guerra que levou o país a perder 21% de seu Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, segundo cálculos privados.

#PraCegoVer: fotografia de capa  em primeiro plano de Andrés Manuel López Obrador atrás de um microfone e apontando para a cabeça. Créditos da foto: Marco Ugarte – Associated Press.

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