O que gasta mais energia: cultivar maconha ou minerar Bitcoin?

A mineração de bitcoins é uma das atividades que mais demandam energia elétrica no setor de tecnologia, mas e em comparação ao cultivo de maconha? O que será que gasta mais energia? A revista VICE levantou a questão e foi atrás da resposta que você confere no texto abaixo.

Tem muita gente preocupada com o gasto de energia via mineração de criptomoedas, mas como será que é em comparação ao plantio da cannabis?

Não é segredo nenhum que minerar criptomoedas – um processo em grande parte automatizado e que usa computadores potentes – exige bastante eletricidade. Tipo, muita eletricidade mesmo.

É tanto consumo de eletricidade que, em Washington, nos EUA, as autoridades locais dão de cara com apartamentos lotados de servidores minerando dinheiro digital.

Este último fato levou uns engraçadinhos a fazerem piada nas redes sociais sobre como, caso fosse legalizado, cultivar maconha em casa levaria a polícia a encontrar um tantão de erva da boa em vez de mineradoras não-autorizadas.

Isso tudo me fez pensar: quem será que gasta mais energia, maconha ou Bitcoin?

Quanto de energia é necessária para se cultivar maconha?

De acordo com relatório de 2014 da Northwest Power and Conservation Council (NPCC)— organização que presta serviços de planejamento energético e ambiental para Idaho, Montana, Oregon e Washington, nos EUA – a maioria dos gastos com eletricidade no cultivo é composto por iluminação (38%) e climatização (21%), o restante se diluindo entre injeção de CO2, desumidificação e demais operações correlatas.

De acordo com o material da NPCC, o cultivo indoor de cannabis pode consumir entre 4.000 e 6.000 kilowatts/hora de energia por quilo do produto. Em janeiro de 2018, a CBC, em matéria sobre o próspero mercado maconheiro canadense, noticiou que são necessários cerca de 2.000 kWh para produzir meio quilo de maconha, o que dá mais ou menos a média informada pela NPCC.

Considerando estes dados, é hora de fazermos uma continhas para determinar o quão caro é, em termos de eletricidade, cultivar maconha. Na região de Nova York, energia custa cerca de de 19.8 centavos por kWh, de acordo com dados de fevereiro deste ano e você gastaria cerca de 1.000 dólares ao consumir seus 5.000 kWh por ali como bem entendesse. Com esse tanto de energia, daria pra alimentar cinco casas comuns (que consomem cerca de 900 kWh ao mês). Ou então você poderia cultivar um quilinho de maconha, o que renderia uns 12.000 dólares de erva.

Quanto de energia é necessário para se minerar Bitcoin?

Com base no preço, o mais próximo de um quilo de maconha (12.000 dólares) em Bitcoin seriam cerca de duas bitcoins – que valem 14.800 dólares. Vejamos quanto de energia é necessário para se minerar duas bitcoins após solucionar um bloco de dados transacionais.

De acordo com estimativas extremamente generosas de Alex de Vries do Digiconomist (supondo que o minerador use o hardware mais eficiente possível), a rede Bitcoin como um todo usa 32 terawatts/hora anualmente, o que são 32 bilhões de killowatts/hora. Supondo que um bloco é resolvido a cada dez minutos, temos uma média de 52.560 blocos de dados de Bitcoin solucionados em um ano. Após o uso total de energia da rede por ano é dividido pela quantidade de blocos de Bitcoin encontrados, chegamos a uma estimativa de 608.828 killowatts/hora para cada bloco de Bitcoin solucionado.

Um bloco rende 12.5 bitcoins para o minerador. Se dividimos a quantia de killowatts necessárias para solucionar um bloco por este número e multiplicarmos por dois, vemos que gerar duas bitcoins – que valem 14.800 dólares – custa 100.000 kWh de eletricidade, uns 19.000 dólares em energia elétrica no estado de Nova York. Tendo por base os valores pagos por mineradores de nível industrial (de digamos, dois centavos por kWh), o custo bateria em 2.000 dólares. Tanta eletricidade poderia muito bem alimentar uma dúzia de casas por um mês, quase que uma comunidade.

Cabe mencionar que esses cálculos são meras estimativas e um belo de um chutômetro, mas a conclusão inegável é que é preciso muito mais eletricidade – tipo umas vinte vezes mais – para conseguir um valor equivalente ao da cannabis em bitcoins.

Conclusão: minerar bitcoins não é o novo plantar maconha; é bem pior.

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#PraCegoVer: fotografia de uma moeda em pé mostrando o símbolo do bitcoin ao lado de um saco plástico com flores de maconha, sobre uma superfície com outras moedas.

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