O potencial do uso de CBD no combate ao vício em crack e cocaína

Fotografia que mostra um frasco de cor âmbar, uma porção de flores de maconha secas atrás do mesmo e, à sua frente, um conta-gotas contendo um pouco de óleo, sobre um pedaço de tecido de algodão cru. Imagem: BC Cannabis Stores.

Estudos indicam que a cannabis, em particular o CBD, é uma terapia adjuvante promissora para o tratamento do uso problemático de crack e cocaína. Saiba mais, a seguir

A Cannabis sativa pode ter um importante potencial terapêutico para o tratamento do uso problemático de cocaína e crack. O canabidiol (CBD), em particular, tem propriedades ansiolíticas, antipsicóticas e anticonvulsivantes e desempenha um papel na regulação dos circuitos de motivação no cérebro e no controle dos distúrbios do sono. Vários estudos já foram realizados avaliando a atuação do composto em modelos experimentais para cocaína.

A professora Dra. Andrea Gallassi, coordenadora do Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da UnB, e colegas realizaram uma revisão sistemática para avaliar o uso potencial do canabidiol no tratamento do transtorno do uso de cocaína e/ou crack, publicada na revista Pharmacology, Biochemistry and Behavior.

Os relatórios considerados na revisão foram de estudos experimentais que administraram CBD a humanos e/ou animais adultos em uso ou com histórico de uso de cocaína/crack. O risco de viés (qualquer distorção durante o processo de investigação, que pode levar a resultados incorretos) foi avaliado por dois revisores independentes seguindo o protocolo do Centro de Revisão Sistemática para Experimentação com Animais de Laboratório (SYRCLE).

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Principais descobertas

Os pesquisadores analisaram cinquenta e um estudos, dos quais 14 foram selecionados (apenas um ensaio clínico, em andamento, foi encontrado). Um baixo risco de viés foi detectado em quatro estudos somente.

O CBD promove redução no consumo de cocaína, além de interferir na estimulação da recompensa do cérebro induzida pela cocaína e liberação de dopamina. O composto da maconha promove alteração na memória contextual (habilidade para memorizar e discernir a origem de uma memória específica) associada à cocaína e nas neuroadaptações, hepatotoxicidade e convulsões induzidas pela cocaína/crack.

Conclusão

A evidência indica que o CBD é uma terapia adjuvante promissora para o tratamento da dependência de cocaína devido ao seu efeito sobre: sistema de recompensa cerebral da cocaína, consumo de cocaína, respostas comportamentais, ansiedade, proliferação neuronal, proteção e segurança hepática.

Os pesquisadores também apontam que ensaios clínicos são fortemente necessários para determinar se as descobertas em modelos animais ocorrem em humanos com diagnóstico de transtorno por uso de cocaína ou crack.

Clique aqui para acessar o estudo na íntegra.

Estudo clínico

Atualmente, a equipe de pesquisadores liderada pela Dra. Andrea Gallassi está realizando um estudo clínico com usuários de crack para avaliar a eficácia do canabidiol (CBD) na supressão ou diminuição do vício em crack.

“Estamos indo muito bem e em breve publicaremos”, declarou a pesquisadora Mariana Caroba, sobre o andamento do ensaio, à Smoke Buddies via Direct.

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Maconha contra o vício em crack

O uso de cannabis pode ser uma estratégia eficaz para pessoas que buscam controlar o uso de crack, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores do Centro sobre Uso de Substâncias da Colúmbia Britânica (BCCSU), no Canadá.

Os cientistas examinaram os históricos de uso de crack de 122 pessoas nos bairros Downtown Eastside e Downtown South, em Vancouver, e observaram reduções na frequência do uso de crack após períodos em que relataram o uso de maconha para controlar o uso da droga.

“Descobrimos que o uso intencional de cannabis precedeu o declínio no uso de crack entre usuários de crack que buscavam a automedicação com cannabis”, disse a médica Dra. Eugenia Socias, autora principal do estudo.

A pesquisa revelou que as pessoas que usaram maconha para controlar seu uso de crack apresentaram um declínio acentuado no consumo da substância, com a proporção de pessoas que relataram uso diário caindo de 35% para menos de 20%.

O estudo canadense se alinhou com um pequeno estudo realizado no Brasil, pelo psiquiatra Dartiu Xavier qual acompanhou 25 pessoas que buscavam tratamento contra o uso problemático de drogas e relataram usar maconha para reduzir a vontade por outras drogas mais pesadas como a cocaína e o crack. Em um período de nove meses de estudo, 68% dos participantes tinham parado de consumir o crack.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia que mostra um frasco de cor âmbar, uma porção de flores de maconha secas atrás do mesmo e, à sua frente, um conta-gotas contendo um pouco de óleo, sobre um pedaço de tecido de algodão cru. Imagem: BC Cannabis Stores.

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