Nos EUA, todo mundo está perguntando ao Google sobre CBD e as buscas não param

Fotografia de dois buds de maconha presos a presilhas tipo jacaré, sendo que um está atrás da lente de uma lupa, com um fundo desfocado em cores escuras. Google.

Houve um aumento de pesquisas por CBD no Google de 160% em 2018, comparado a 2017, sendo que 6,4 milhões de pesquisas foram feitas em abril de 2019, devendo crescer ainda mais até o fim do ano, segundo um estudo publicado na JAMA Network Open. As informações são do USA Today

O CBD está em todo lugar, somente no Google.

O canabidiol, o popular derivado de plantas de cânhamo comercializado como um remédio para praticamente qualquer condição, foi aprovado pelos reguladores federais para tratar apenas algumas formas raras de epilepsia, mas sua popularidade está crescendo rapidamente.

Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (23), com o objetivo de avaliar como o interesse público pelo CBD cresceu, constatou que as pesquisas no Google por CBD aumentaram substancialmente desde 2014 e estão acelerando.

Em abril de 2019, os dados do último mês foram coletados, houve 6,4 milhões de pesquisas por CBD no Google e as pesquisas aumentaram 160,4% em 2018 em comparação a 2017, de acordo com a carta de pesquisa, publicada na revista revisada por pares JAMA Network Open.

Ziva Cooper, diretora de pesquisa da Iniciativa de Pesquisa de Cannabis da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), disse que os resultados destacam uma lacuna preocupante entre o interesse pelos produtos de CBD e o nível de testes rigorosos dos efeitos dos produtos disponíveis.

“Não sabemos muito sobre os efeitos do canabidiol”, disse Cooper, que não estava envolvida na pesquisa. “As pessoas estão procurando informações científicas sobre os produtos… (mas) não temos muitos dados”.

Atualmente, a Food and Drug Administration dos EUA aprovou o uso de um produto de CBD apenas para tratar duas formas raras e graves de epilepsia em crianças menores de 2 anos de idade.

No entanto, os produtos já são populares.

Quase 7% dos estadunidenses estão usando CBD, um cenário projetado para crescer para 10% dos estadunidenses em 2025, de acordo com a empresa de pesquisas de investimento Cowen & Co. O mercado em rápido crescimento já gera vendas de até US$ 2 bilhões. Isso pode crescer para US$ 16 bilhões até 2025, segundo a Cowen & Co.

A carta de pesquisa da JAMA constatou que as pesquisas no Google também devem crescer novamente até o final de 2019, para 117,7% a mais que em 2018.

Em estados como Oklahoma e Alabama, as pesquisas cresceram 211,2% e 605%, respectivamente, de 2014 a 2018, segundo a carta.

“Está crescendo. É muito maior do que se imaginava”, disse o autor da pesquisa John W. Ayers, professor da Universidade da Califórnia, em San Diego. “Há uma grande demanda em todos os 50 estados”.

Ayers e sua equipe também compararam as pesquisas por CBD com outros interesses populares de saúde e bem-estar, como “exercício”, “veganismo” e “maconha” e descobriram que as pesquisas por CBD eram maiores.

“Para cada duas pesquisas nos EUA no Google sobre dieta, há uma para o CBD”, disse Ayers.

Em 2018, o presidente Donald Trump assinou a Lei de Melhoria Agrícola, que afrouxou as restrições ao uso de produtos de cânhamo que contêm menos de 0,3% de THC. O THC é o componente psicoativo encontrado na maconha – o produto químico que produz uma alta quando fumado ou ingerido.

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O aumento do interesse no CBD também se alinha com os estados que legalizaram a maconha para fins médicos e uso adulto.

O CBD está disponível em quase todos os lugares e é vendido como cremes para a pele, loções, óleos, pílulas e aditivos alimentares, entre outros produtos. Empresas como Amazon, Walgreens e CVS também vendem produtos de CBD.

No entanto, o CBD, feito de cânhamo com baixo teor de THC, ainda está sujeito à supervisão federal e estadual. Alguns estados permitem, outros ainda não e a FDA o regula como um suplemento nutricional.

Muito do que a FDA tentou reprimir é a afirmação dos vendedores de que o CBD pode tratar doenças como câncer, doenças cardíacas e diabetes.

Na terça-feira, a agência emitiu outra carta de alerta para uma empresa que afirma que o CBD poderia tratar qualquer coisa, desde a doença de Alzheimer e o autismo até a dor da dentição de ouvido em bebês.

Jay Hartenbach, CEO da Medterra, uma empresa distinta que vende produtos de CBD, disse que reivindicações como essas afetam a indústria como um todo.

Ele concorda que testes mais rigorosos são necessários sobre os efeitos potenciais do CBD, mas acredita que o setor fez um bom trabalho de se policiar nas reivindicações sem fundamento enquanto explode em crescimento.

Além dos usos aprovados pela FDA, Cooper diz que alguns estudos iniciais indicam que o CBD pode ser capaz de aliviar os sintomas relacionados à ansiedade, esquizofrenia e transtorno do uso de opioides. No entanto, a pesquisa está longe do nível de aprovação da FDA e, nesses primeiros estudos, a dosagem de CBD necessária para tratar os sintomas é muito maior do que a disponível em dispensários ou on-line.

Há também pesquisas, de maneira semelhante nos estágios iniciais, que sugerem que altas doses de CBD podem ter efeitos adversos no fígado e nos sistemas gastrointestinais, diz Cooper.

Pouco se sabe também sobre a precisão da rotulagem de muitos produtos de CBD e como o CBD pode interagir com outros medicamentos que um paciente está tomando, acrescentou.

“Em dez anos, esperamos ter uma imagem diferente do que está acontecendo”, disse ela.

“Estamos competindo como empresa e como setor para divulgar esses dados”, disse Hartenbach. “Nós vemos isso como uma obrigação, de modo que se nós queremos estar no setor que a educação esteja lá”.

No entanto, persistem as reivindicações de amplos benefícios à saúde, que Ayers também considera preocupantes.

“O CBD está corroendo a confiança em nossos cuidados de saúde e medicina baseados em evidências”, disse ele. “O Humpty Dumpty* já está quebrado e é difícil juntar o Humpty Dumpty novamente”.

*Humpty Dumpty é um personagem representado por um ovo personificado presente em uma antiga cantiga infantil no Reino Unido e no livro “Alice através do espelho”.

Tradução: Joel Rodrigues | Smoke Buddies.

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) de dois buds de maconha presos a presilhas tipo jacaré, sendo que um está atrás da lente de uma lupa, com um fundo desfocado em cores escuras. Foto: John Vizcaino | Reuters.

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