Mulheres com endometriose estão optando por cannabis do mercado ilícito na Austrália
Mais de 70% das australianas com endometriose que participaram de uma pesquisa on-line relataram acessar maconha de origem ilícita para tratar sua condição — regulador médico australiano autoriza o uso da cannabis somente quando outros tratamentos forem tentados sem sucesso
Altos níveis de uso ilícito de cannabis para fins terapêuticos foram relatados por pacientes com endometriose na Austrália e Nova Zelândia. Embora o acesso à maconha medicinal legal esteja disponível por meio de prescrição médica através de vários esquemas federais, permanecem barreiras significativas ao acesso do paciente, segundo um novo estudo.
Em uma pesquisa on-line anônima distribuída nas mídias sociais por grupos de defesa da endometriose, 186 australianas e 51 neozelandesas relataram uso de cannabis com diagnóstico da doença, sendo que 72% e 88,2%, respectivamente, afirmaram fazer uso de maconha do mercado ilícito.
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As entrevistadas relataram resultados positivos no uso de cannabis para tratar a endometriose, condição em que o tecido que reveste o interior do útero (endométrio) está presente fora do mesmo, ocorrendo mais comumente na parte inferior do abdômen ou na pélvis. O tratamento da dor associada à endometriose constitui um desafio histórico na prática clínica e, muitas vezes, é realizado à base de hormônios, com uma série de efeitos colaterais.
De acordo com uma revisão realizada por pesquisadores israelenses, o tratamento da endometriose com medicamentos à base de cannabis é promissor, levando em conta que o útero possui uma alta densidade de receptores canabinoides, inclusive no endométrio.
Apenas 23,1% das australianas e 5,9% das entrevistadas na Nova Zelândia acessaram a cannabis por meio de receita médica, segundo o estudo, publicado na Cannabis and Cannabinoid Research.
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Em um post com orientações para o uso medicinal de maconha em seu site, a Therapeutic Goods Administration (TGA), regulador médico da Austrália, estabelece que a cannabis deve ser usada somente quando tratamentos aprovados foram tentados e não conseguiram controlar as condições e sintomas — com exceção do nabiximols, os produtos medicinais de cannabis não estão disponíveis como medicamentos de prescrição registrados no país.
18,8% das entrevistadas australianas e 23,5% das neozelandesas relataram não divulgar seu uso de maconha ao médico, citando preocupação com repercussões legais e julgamento social ou de seus médicos.
Os autores do estudo alertam que melhorar a comunicação entre médico e paciente sobre o uso de maconha medicinal pode melhorar os níveis de supervisão médica, e a preferência pela adoção legal de cannabis sobre a aquisição via fornecimento ilícito, e reduzir o estigma associado à planta.
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#PraTodosVerem: foto de uma mão que, com a palma voltada para a câmera, segura um baseado entre os dedos indicador e médio, com uma peça de madeira redonda e folhas de maconha compondo o cenário, no segundo plano, em fundo bege. Fotografia: Nataliya Vaitkevich / Pexels.
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