Medicamentos de cannabis proporcionam redução de curto prazo na dor crônica, diz estudo

Pesquisadores financiados pelo governo dos EUA encontraram evidências de que a maconha tem benefícios clínicos no controle de dores neuropáticas
Uma revisão sistemática da literatura científica encontrou evidências para apoiar os benefícios de curto prazo dos produtos de cannabis para tratar a dor crônica.
A pesquisa, financiada pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, foi conduzida por pesquisadores da Oregon Health & Science University (OHSU) e publicada no Annals of Internal Medicine.
Os pesquisadores encontraram evidências para apoiar que dois produtos à base de THC (tetraidrocanabinol) sintético aprovados pela FDA (agência sanitária dos EUA) forneceram benefícios provisórios no tratamento da dor neuropática, que é causada por danos aos nervos periféricos, como acontece na neuropatia diabética.
Esses dois produtos, o dronabinol (Marinol) e a nabilona (Cesamet), são indicados, entre outros usos terapêuticos, para náusea associada à quimioterapia contra o câncer e para o tratamento de anorexia associada à perda de peso em pacientes com Aids, de acordo com a FDA.
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Outro produto que também mostrou evidências de benefícios clínicos para a dor neuropática foi o nabiximols, comercializado em vários países, inclusive no Brasil, sob o nome comercial Sativex ou Mevatyl.
Um spray bucal com proporção de 1 para 1 de THC e CBD, composto por extrato vegetal à base de cannabis, o nabiximols é usado para tratamento de espasticidade dolorosa e dor neuropática na esclerose múltipla.
Além das melhorias de curto prazo na dor crônica, a equipe também relatou no artigo de revisão que os produtos de cannabis analisados podem estar associados a um aumento do risco de tontura e sedação. Mais estudos são necessários para avaliar os resultados a longo prazo, observaram os pesquisadores.
As evidências sobre a eficácia de outros produtos de cannabis, além do dronabinol, nabilona e nabiximols, no controle da dor são insuficientes ou inexistentes, de acordo com a revisão.
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“Em geral, a quantidade limitada de evidências surpreendeu a todos nós”, disse a autora principal Marian S. McDonagh, doutora em farmácia e professora emérito de informática médica e epidemiologia clínica na Escola de Medicina da OHSU. “Com tanto burburinho em torno de produtos relacionados à cannabis, e a fácil disponibilidade de maconha recreativa e medicinal em muitos estados, consumidores e pacientes podem supor que haveria mais evidências sobre os benefícios e efeitos colaterais”.
A revisão investigou mais de 3.000 estudos na literatura científica em janeiro de 2022 e chegou a um total de 25 estudos com evidências cientificamente válidas — 18 estudos controlados randomizados e sete estudos observacionais de pelo menos um mês — sobre a eficácia de medicamentos de cannabis no tratamento da dor.
Os efeitos da maconha são baseados em sua capacidade de imitar o sistema endocanabinoide do corpo, que compreende receptores e enzimas no sistema nervoso que regulam as funções corporais e podem afetar a sensação de dor, explicaram os pesquisadores da OHSU.
Na revisão de evidências, eles classificaram os tipos de produtos em proporções alta, comparável e baixa de THC para CBD e compararam seus benefícios e efeitos colaterais relatados.
Dronabinol e nabilona se encaixam na categoria de alta proporção, com 100% de THC (sem CBD), e mostraram o maior benefício entre os produtos estudados, com meta-análise dos seis estudos controlados randomizados demonstrando benefícios estatisticamente válidos para aliviar a dor neuropática em comparação com um placebo.
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#PraTodosVerem: foto mostra uma pequena folha de maconha apoiada em uma colher de madeira contendo sementes da planta, próximo a dois frascos transparentes de tampa metálica e tamanhos diferentes contendo óleo e uma porção de cápsulas oleosas, em uma superfície cinza-escuro lisa. Foto: Pexels / Kindel Media.

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