Mais potente que o CBD e THC: Dr. Raphael Mechoulam explica sua última descoberta
Mechoulam desenvolveu um método que permite alterar ácidos canabidiolicos de forma a mantê-los estáveis o suficiente para uso em larga escala. Saiba mais com as informações da Forbes, traduzidas pela Smoke Buddies
O professor Raphael Mechoulam, também conhecido como o “pai da pesquisa sobre cannabis”, revelou sua mais recente descoberta, o éster metílico do ácido canabidiolico (EPM301), apenas alguns meses atrás. A introdução desse novo composto patenteado (moléculas canabinoides sintéticas e totalmente estáveis baseadas em ácido) causou uma onda de excitação no futuro da cannabis medicinal.
O composto em questão foi apresentado ao mundo em parceria com a EPM, uma empresa global de biotecnologia sediada nos EUA que visa preencher a lacuna entre as indústrias de cannabis e farmacêutica.
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Durante uma conversa recente e exclusiva, o CEO Reshef Swisa e o Dr. Mechoulam compartilharam a história da jornada por trás desse processo revolucionário e seu significado na evolução do uso do CBD como droga farmacêutica.
Conheça o EPM301
“A EPM desenvolveu um método para trabalhar com as substâncias originais da cannabis”, explicou o professor. “Então, enquanto todo mundo está discutindo THC e CBD, esses canabinoides são na verdade uma substância secundária; eles só aparecem mais tarde na planta”.
“Originalmente, existe um ácido que aparece na planta, e esses ácidos são esses mundos misteriosos de compostos que são muito mais potentes que os canabinoides“, acrescentou.
No entanto, esses ácidos canabidiolicos eram instáveis e, portanto, inúteis no desenvolvimento de drogas farmacêuticas. Até agora.
A recente revelação de Mechoulam deriva do desenvolvimento de um método que permite modificar os ácidos de maneira a mantê-los estáveis o suficiente para permitir seu uso em larga escala. Isso abre a porta para novas experiências farmacêuticas, explicou o professor.
“Pegamos um ácido de canabidiol e o estabilizamos através de um procedimento químico simples, chamado esterificação; então o composto é estável”, explicou Swisa.
A equipe então “começou a analisar as atividades desse composto… e descobriu que esse composto em particular causa supressão de ansiedade e da náusea“, continuou ele, acrescentando que isso também pode fazer uma enorme diferença em pacientes com câncer em quimioterapia, bem como pacientes com DII (Doença Inflamatória Intestinal) ou Psoríase.
Inovando aos 88 anos
Que o CBD e o THC podem ajudar com uma longa lista de condições, desde inflamação e ansiedade, a depressão e náusea, já se sabe há algum tempo.
De fato, Mechoulam foi possivelmente o acadêmico mais importante a esclarecer os princípios ativos da planta de cannabis nos anos 1960, quando seu trabalho no Instituto Weizmann levou à descoberta do sistema endocanabinoide humano, coroando-o como o “pai da pesquisa sobre cannabis”.
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Mas a mais nova descoberta do pesquisador de 88 anos de idade apresenta o ácido canabidiolico como um composto muito mais potente que o CBD ou o THC — sem efeitos colaterais negativos conhecidos.
“Precisamos urgentemente de novas drogas em várias doenças e algumas das drogas disponíveis podem ser muito boas, mas acabam causando efeitos colaterais”, disse ele, referindo-se à maioria dos medicamentos não naturais, que são semissintéticos.
“Hoje temos dois grupos de compostos que precisam ser substituídos: são os esteroides e opioides. Acreditamos que a cannabis tem a capacidade de introduzir substitutos nessas famílias.”
Uma alternativa aos esteroides e opioides
Embora o CBD tenha sido considerado uma alternativa às drogas prescritas que causam dependência há muitos anos, a patente da EPM sobre o uso de ácido canabidiolico é a primeira a provar que essas drogas podem ser essencialmente substituídas sem grandes alterações em sua eficiência.
“Comparamos nosso composto não apenas aos canabinoides, mas às drogas existentes hoje em dia”, explicou Mechoulam. “Então, por exemplo, na DII, comparamos nossos compostos com dois produtos convencionais: um é a prednisona (os esteroides) e o outro é uma droga biológica. E em ambos, conseguimos provar que a atividade do nosso composto é muito semelhante à atividade comum”.
O pesquisador está otimista quando se trata do futuro.
“Espero sinceramente que um dia tenhamos, nos próximos anos, um derivado do ácido canabidiolico no mercado paralelamente ao próprio CBD”.
Mas ele também alertou sobre a importância de classificar e regular as drogas corretamente para uso médico, a fim de evitar efeitos colaterais indesejados.
“As empresas devem ter cuidado ao tomar compostos e reivindicar terapêutica. Elas precisam fazer isso de acordo com o regulamento para criar consistência na linguagem… porque as pessoas confundem o uso recreativo com o uso medicinal e não estão necessariamente buscando uma indicação específica, com dosagem específica”, finalizou.
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#PraCegoVer: fotografia (em destaque) que mostra Raphael Mechoulam, em perfil, pegando uma das folhas de uma planta de maconha em estágio vegetativo que observa e prateleiras repletas de tubos e frascos, ao fundo. Imagem: High Times.
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