Maconheiro fantasma: você é um deles?

Fotografia em plano fechado que mostra um cachimbo de vidro, com erva que é acendida pela chama de um isqueiro; é possível ver a mão da pessoa segurando o pipe, além de parte de seu rosto, e um cultivo, ao fundo desfocado. TEPT.

A quantidade de usuários da cannabis que estão saindo do armário e explanando que são maconheiros cresce a cada dia no Brasil. Porém, muitos ainda precisam esconder-se quando bate 4h20, ficam com medo de serem vistos comprando uma seda, por exemplo, ou mesmo não podem tocar no assunto no ambiente de trabalho. Caso se identifique com algum deles, você é um maconheiro “fantasma” ou como a indústria norte americana da cannabis vem chamando esses usuários, você é um “ghost user”.

No conforto do lar

Procurando os “ghost users” brasileiros, o mercado canábico nacional não para de inovar e no começo de 2016 algumas empresas brasileiras introduziram o conceito da “head shop box”. Baseado na modalidade dos clubes de assinatura de café, de roupas e cerveja, ao menos três empresas começaram este novo conceito de consumo dentro do universo da maconha.

Essas empresas prometem entregar todo mês ao assinante uma caixa contendo acessórios básicos para seu momento de relaxamento: sedas, piteiras, trituradores, brindes e até produtos exclusivos.

O Smoke Buddies conversou com três marcas para entender como anda esse “cannabusiness”. André Ward, 28 anos, idealizador da Royal Puff, conta que começou seu negócio em junho e atualmente possui mais de 40 assinantes dentro deles 21 são mulheres.  Suas caixinhas, além de incluir uma larica (doces), tem a pegada de caixa surpresa onde você não sabe qual acessório vai encontrar. Ele acredita que um dos objetivos destas “head shop boxes” é trazer produtos novos que os maconheiros não conhecem.

“…o mercado está criando seda de vários tipos, piteira de vários tipos, cases, potes, assinaturas. Então é todo um universo envolvido que vai forçando (a legalização) e uma hora só vai faltar maconha pra vender” – disse André, da Royal Puff.

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André, dono da Royal Puff, seleciona os produtos para enviar à um dos assinantes deste novo conceito de head shop.

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O dono da Seda em Casa, Demetrius Vaughan, inicialmente queria que seu negócio fosse um delivery de sedas. Porém, ele e os quatro sócios avaliaram que seu público precisava de algo a mais e com um serviço exclusivo. Hoje, sua empresa, inaugurada em fevereiro de 2016, envia diferentes kits para o assinante que pode personalizar o pedido, se o usuário só gosta de um tamanho de seda ou gosta apenas de blunt, ele pode fazer essa observação e receber um kit totalmente personalizado. “…os assinantes desacreditam que maconheiro poderia ser tão bem tratado” – contou Demetrius.  

Outra empresa que também chegou para mexer com o mercado maconhento é a Haze Box, lançada em Ribeirão Preto por Rafael Tassinari e outros dois amigos amantes da cannabis, a empresa conta com mais de 50 assinaturas. De acordo com os donos, a marca “quer levar o melhor da cultura canábica”. Rafael nos contou que a ideia de iniciar o negócio veio de um canal geek do YouTube que entrega produtos da cultura nerd para os assinantes.

“Quem nunca passou aquele perrengue de não ter uma seda? E duas horas da manhã você não tem onde comprar, a não ser no posto ou banca que cobram caro” – contou Rafael.

Sua empresa também agrega a ideia de ser uma caixa surpresa ao assinante, além de incluir produtos exclusivos criados por eles e feito por aquelas máquinas de impressão 3D.

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Feito em uma máquina de impressão 3D, esse preenchedor de cigarros em cone é um dos produtos da caixa Haze Box.

Cortando a brisa

O objetivo em comum desses clubes de assinatura, ou “head shop boxes”, é levar ao conforto da casa do cliente produtos canábicos e novidades do mercado nacional e internacional. Porém, as empresas esbarram em um mesmo problema quando buscam essas novidades – a alta taxa de importação para esse tipo de mercado. Demetrius, da Seda em Casa, nos disse que por mais que isso incentive a indústria nacional, paga um custo alto na importação.

“…problemas de importação nos deixam muito restritos a produtos. Você paga um valor muito alto para trazer, é meio que pra você nem importar mesmo. Acho que poderia ser mais barato pra termos o dobro de produtos à oferecer” – contou Demetrius.

De acordo com a tabela TIPI (tabela de incidência de imposto sobre produtos industrializados) da Receita Federal, que indicam os valores da alíquota sobre importação desses produtos. Sedas, blunts e bongs , por exemplo, são taxados em 45%. Máquinas de enrolar cigarros, um imposto de 15%. 

O futuro da regulamentação da cannabis no Brasil está seguindo um caminho peculiar onde vemos cada vez mais serviços e produtos legais voltados diretamente para o público maconheiro. Aos poucos pequenos empresários fomentam esta ignorada economia e ano a ano novidades chegam ao mercado nacional movimentando a economia do país, gerando empregos e impostos ao governo.

Foto de capa: Phill Whizzman

Sobre Leo Sativa

Produtor de conteúdo cannábico e fumador da @DjascoLibre - sativaleo@gmail.com
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