Maconha pode ser alternativa no tratamento da síndrome do estresse pós-traumático

A erva pode modificar áreas do cérebro ligadas a memórias traumáticas podendo até mesmo ser mais eficaz que os remédios usados atualmente no tratamento do distúrbio. As informações são do HuffPost US, via BrasilPost.

Mais de 5 milhões de americanos sofrem de sintomas da síndrome do estresse pós-traumático (SEPT) anualmente, e novas pesquisas sugerem que a maconha pode servir de alívio. A droga pode até mesmo ser mais eficaz que os remédios usados hoje no tratamento do distúrbio.
Segundo pesquisa publicada na revista Neuropsychopharmacology, a administração de canabinoides para ratos depois de um evento traumático pode prevenir sintomas comportamentais e fisiológicos da SEPT, precipitando mudanças em centros cerebrais associados com a formação e o armazenamento de memórias traumáticas.

O estudo se soma a um corpo crescente de pesquisas que “contribuem para o entendimento da base cerebral dos efeitos positivos da cannabis sobre a SEPT”,escrevem os pesquisadores.

Os canabinoides ocorrem naturalmente na planta da maconha, mas a pesquisa foi feita com WIN 55,212-2, um composto sintético que produz efeitos similares aos do THC, o principal composto psicoativo da maconha. Os pesquisadores observaram especificamente o efeito desse canabinoide na exposição a lembranças do trauma. É comum que eventos não-traumáticos (como sirenes, por exemplo) despertem memórias do evento traumático em indivíduos que sofrem de SEPT, amplificando os efeitos negativos do trauma.

Na primeira parte do experimento, os pesquisadores expuseram os ratos a um evento traumático (um choque elétrico). Depois do trauma, alguns dos ratos receberam injeções do composto de canabinoide sintética. No terceiro e no quinto dia depois do choque, os ratos foram expostos a “lembranças do trauma” que trouxeram à tona memórias do choque. Depois, os ratos passaram por um “procedimento de extinção”, designado para ajudá-los a lidar com os sintomas pós-trauma.

Os pesquisadores descobriram que, depois da exposição às lembranças do trauma, osratos que receberam as injeções do canabinoide não exibiram sintomas de SETP, como problemas de aprendizado de extinção, aumento em respostas de susto, mudanças na sensibilidade à dor e redução na plasticidade do centro de recompensas do cérebro. O grupo de controle (ratos que não receberam a injeção) apresentou os sintomas. Os ratos tratados também apresentaram melhores resultados que os que receberam o antidepressivo Zoloft, uma substância usada no tratamento de SEPT com resultados mistos.

Os pesquisadores também determinaram a base neurológica para esses efeitos comportamentais. Eles descobriram que, entre os ratos que foram expostos a traumas e lembranças de trauma, houve um aumento na expressão de dois receptores cerebrais associados ao processamento de emoções (os receptores CB1 e GR). O composto canabinoide evitou o aumento da expressão desses dois receptores em duas áreas envolvidas na formação e no armazenamento de memórias traumáticas: o hipocampo e o córtex pré-frontal.

Uma dos líderes do estudo, Irit Akirav, havia descoberto anteriormente que um composto de maconha sintética poderia ser eficaz na redução de sintomas de SEPT em ratos se administrado até 24 horas depois do evento traumático. Agora, a nova pesquisa de Akirav sugere que a maconha pode ser também uma intervenção efetiva na fase das lembranças do trauma.

A pesquisa é preliminar, mas sugere que testes com humanos devem ser realizados para examinar a promessa da maconha como opção de tratamento da SEPT.

“As conclusões do nosso estudo sugerem que há mudanças na conectividade do circuito do medo depois de um trauma. A administração de canabinoides impede que essa mudança aconteça”, concluem os pesquisadores. “Este estudo pode levar a futuros testes com humanos a respeito de possíveis maneiras de impedir o desenvolvimento da SEPT e de distúrbios de ansiedade em resposta a eventos traumáticos.”

Nos últimos anos, tem aumentado o foco nos benefícios potenciais que a cannabispode ter para veteranos de guerra sofrendo de SEPT.

Quase 30% dos veteranos que serviram no Iraque e no Afeganistão sofrem de SEPT, segundo um relatório de 2012 da associação que reúne os veteranos. Cientistas sugerem que a maconha pode ajudar a combater os sintomas da SEPT, que podem incluir ansiedade, flashbacks e depressão. Em um estudo recente, pacientes que fumaram maconha viram uma redução média de 75% nos sintomas da SEPT.

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