Maconha pode ajudar no tratamento de doenças da pele

Estudos clínicos realizados por pesquisadores no estado do Colorado (EUA) demonstram que a maconha pode ser uma alternativa natural e mais eficaz para o tratamento de doenças da pele como a psoríase e o eczema. As informações são da Inside Science, com tradução Smoke Buddies

A pele é o maior órgão do corpo. Ela possibilita o nosso sentido do tato e nos protege do mundo exterior. É uma camada protetora e nossa primeira barreira para combater doenças e condições. Mas também é a raiz dos problemas para muitos. Milhões de pessoas sofrem de doenças crônicas da pele, como o eczema – uma erupção cutânea dolorida, vermelha e com coceira que não possui cura. Existem medicamentos tanto sem receita médica como com prescrição, mas para algumas pessoas nenhum deles funciona. Os pesquisadores agora estão pesquisando compostos encontrados na maconha para ver como eles funcionam para ajudar algumas condições de pele.

“Há um grande segmento da população que não gosta de usar esteroides, mesmo que sejam tópicos em sua pele. Este seria um produto natural alternativo para essas pessoas tentarem”, disse Robert Dellavalle, da Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado.

“Então, quando temos alguém que tentou esteroides tópicos ou imunomoduladores tópicos que suprimem o sistema imunológico para tratar psoríase ou eczema e não ficou completamente melhor, há um potencial de usar essa nova terapia que pode funcionar de maneira diferente e ajudá-los”, disse Dellavalle.

A planta da maconha produz mais de 100 compostos químicos chamados de canabinoides, dos quais o THC e o CBD são os mais conhecidos e entendidos. O canabinoide CBD não produz os efeitos da “onda” – não é um psicoativo. Mas tem propriedades anti-inflamatórias que podem ajudar com a inflamação e coceira em condições como eczema, e alguns produtos que contêm esses compostos e reivindicam benefícios para a saúde já estão sendo vendidos aos consumidores. Os médicos advertem, porém, que mais testes precisam ser feitos.

“Todos esses produtos de dispensários não possuem controle, nem foram testados em ensaios de controle randomizados, mas há uma infinidade de empresas produzindo estes tópicos que estão amplamente disponíveis e são amplamente utilizados para dor, coceira e outras indicações. E os dados de como estão funcionando ainda não estão sendo coletados sistematicamente, e gostaríamos de fazer isso. Eu acredito que é um horizonte aberto com um tremendo potencial que precisa ser investigado, mas há uma série de obstáculos regulamentares que precisam ser superados e é aí que estamos”, disse Dellavalle.

Até agora, os pesquisadores iniciaram um estudo clínico para examinar uma determinada doença da pele que afeta alguns pacientes com doença de Parkinson.

“Cerca de metade dos pacientes com doença de Parkinson apresentam uma erupção cutânea no rosto chamada dermatite seborreica, e é como uma caspa no rosto perto do nariz”, disse Dellavalle.

Os médicos querem investigar se um medicamento oral contendo o CBD pode ajudar com a erupção cutânea relacionada ao Parkinson. Há 40 pacientes matriculados em fase clínica I e dois ensaios patrocinados pelo Departamento de Saúde Pública do Colorado, mas fazer a pesquisa funcionar não foi fácil.

“O fato de ser ilegal no nível federal, mas legal a nível estadual, leva a muitas complicações na tentativa de pesquisar sobre a maconha, seus derivados e todos os canabinoides. Eles superaram muitos anos de obstáculos regulamentares para iniciar estes trabalhos, como esse estudo de Parkinson que mencionei. Esse ensaio está realmente acontecendo. É randomizado, controlado, é o mais alto padrão de evidência para eliminar o viés”, concluiu Dellavalle.

Os resultados do estudo de Parkinson não estão completos, mas os pesquisadores sabem que os compostos da cannabis demonstraram aliviar a dor associada ao eczema e à psoríase – os médicos simplesmente advertem que é necessário fazer mais ensaios clínicos antes de fazer recomendações confiáveis.

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