Maconha e Surfe: o uso entre os atletas

Fotografia que mostra Nathan Flecther, em propaganda para Weedmaps app, segurando um baseado que traga, parte de sua prancha de surfe, sobre as águas, e, ao fundo, uma costa com vegetação.

O assunto não é novo e sequer se restringe ao esporte. A legalização da maconha e seus derivados é debatida ao redor do mundo. Em países com a cultura do surfe como Estados Unidos e Austrália, a erva é utilizada como remédio, mas ainda causa debates sobre seu consumo. Afinal de contas, maconha e surfe combinam? Saiba mais no texto de Emanoel Araújo para o Yahoo Esportes

O assunto não é novo e sequer se restringe ao esporte. A legalização da planta e de derivados da maconha é debatida ao redor do mundo. Em países com a cultura do surfe como Estados Unidos e Austrália, a droga é utilizada como remédio, mas ainda causa debates sobre seu consumo. Afinal de contas, maconha e surfe combinam?

Esqueça o estereótipo do rapaz de cabelo platinado que vivia na praia e só fumava erva. Ao ganhar seu primeiro título mundial, Gabriel Medina deixou claro que essa imagem ficou para trás:

“Antes o surfe era malvisto, eram ‘os maloqueiros que fumavam maconha e todo mundo era drogado’. Hoje podem ver que é uma profissão séria. Você precisa se dedicar para ser um atleta de ponta.”

Gabriel Medina – em coletiva após o título mundial de 2014

Basta um olhar mais detalhado para perceber que a rotina de um surfista tem a agenda e preparação de um verdadeiro atleta olímpico. No entanto, é exatamente neste ponto que o esporte se divide em dois.

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Maconha como patrocínio

Os havaianos Mason Ho, Dustin Barca e Bruce Irons formam uma equipe de surfe com um patrocínio pra lá de peculiar. Trata-se da Weedmaps, um aplicativo que indica em quais locais próximos a você há um ponto de venda de cannabis medicinal.

Dentre os patrocinados, Mason Ho é o mais famoso no Havaí. Sua participação na última transmissão de um campeonato de surfe local abordou o tema. Ao falar sobre a lesão de um amigo, chegou a exagerar para elogiar os efeitos do óleo que usa:

“Eu dei a ele um pouco de Elixicure no outro dia. É esse novo óleo mágico da CBD que conserta tudo no mundo.”

CBD é uma sigla para canabidiol, uma das 100 propriedades extraídas da planta da maconha. Esta é a parte não-entorpecente da droga que ficou conhecida por reduzir ataques em pessoas com epilepsias. Seu uso também é indicado para combater dores crônicas. O CBD foi bem aceito nos Estados Unidos por substituir analgésicos que incluiam opióides.

Aos surfistas profissionais, o remédio pode ser uma ótima opção a quem precisa combater lesões e dores frequentes que sessões em mares pesados podem causar. Outra vantagem apresentada é uma variação do remédio que pode resolver um problema trivial aos atletas. Com uma rotina de voos e fusos horários, a droga pode auxiliar no sono dos atletas.

O movimento começa a ganhar novos simpatizantes. Atual campeão mundial de ondas grandes, Billy Kemper é embaixador da EcoScience, outra empresa de CBD. Um câncer na garganta da mãe de Kemper o fez descobrir as pílulas e entender a eficácia do remédio. Hoje o havaiano admite tomar o medicamento duas vezes ao dia.

Se o tema gera polêmica no mundo do surfe, outros esportes radicais lidam com o tema de forma mais natural. Nascido na Califórnia – primeiro estado a legalizar a droga – o skate trabalha com patrocinadores oriundos dos negócios legais que a maconha movimenta. A aliança entre os lucros da cannabis e o investimento no skate é defendida por ídolos, como é o caso do ex-skatista e presidente da Confederação Brasileira de Skate, Bob Burnquist. O recordista em medalhas dos X-Games e ícone do esporte afirma que sempre fez uso da maconha e foi ela quem o ajudou nas dores crônicas que sentia.

#PraCegoVer: Fotografia mostra um anúncio publicitário da marca DGK, em que vemos um homem andando de Skate e as palavras em destaque Cannabis & Skateobarding. No skate é normal encontrar roupas e patrocínios de produtos derivados da maconha (Reprodução)

Pouco a pouco, o surfe desperta para a necessidade de tirar seus esqueletos do armário e ter um diálogo aberto em relação às drogas. Afinal, o debate amplo sobre aquilo que é ou não é nocivo ao atleta precisa ser discutido amplamente. No entanto, o antidoping olímpico precisa participar dessa conversa. É esse o tema do próximo texto dessa série especial no Yahoo Esportes.

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) que mostra o surfista profissional Nathan Flecther, em propaganda para Weedmaps app, segurando um baseado que traga, parte de sua prancha, sobre as águas, e, ao fundo, uma costa com vegetação. Imagem: reprodução / Youtube.

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