Legalização da maconha não fez aumentar o uso entre jovens, diz novo relatório

Fotografia, em close, de alguns buds de maconha secos, em tons de verde e laranja, em uma superfície bege-esverdeada, que se mistura ao fundo da imagem. Photo by Alex Woods on Unsplash.

Uma coalização de políticas de cannabis apoiada pelas indústrias do álcool e tabaco divulgou um documento que fornece uma visão geral dos estudos mostrando que a regulamentação da planta não levou ao aumento do consumo por jovens

Um grupo de representantes de indústrias regulamentadas, acadêmicos, autoridades de segurança pública, profissionais de saúde e entidades de equidade social, que tem como missão promover uma estrutura regulatória federal abrangente para a cannabis, divulgou um relatório que mostra que a legalização da maconha em nível estadual nos EUA não levou ao aumento do consumo entre jovens.

A Coalition for Cannabis Policy, Education, and Regulation (CPEAR — Coalizão para Política, Educação e Regulamentação da Cannabis), cujos membros incluem Altria Client Services, Constellation Brands e Molson Coors Beverage Company, divulgou uma análise que aponta para estudos que contradizem as alegações feitas por fanáticos antidrogas de que a regulamentação da cannabis levaria a um aumento do uso da planta por adolescentes.

O novo relatório da CPEAR detalha como os pesquisadores descobriram que o uso de maconha por jovens “diminui ou permanece estável nos mercados regulamentados de cannabis”.

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Entre as principais conclusões do relatório, a CPEAR destaca que “sob orientação do governo, acesso à pesquisa e maior exposição à programação pós-escolar orientada para a comunidade e baseada na ciência, o uso de cannabis entre os jovens diminui e evita-se a ingestão em idade precoce”. “O acesso à cannabis pelos jovens provavelmente diminuiria em mercados regulamentados devido à falta de mercados ilícitos”, acrescenta o grupo.

“A CPEAR acredita que as comunidades locais devem estar no centro de qualquer esforço para reduzir o uso e o uso indevido de cannabis pelos jovens. Esses esforços incluem programas pós-escolares compostos por metas mensuráveis em tempo hábil”, diz o relatório. “Além disso, um sistema regulatório federal deve consistir em políticas para financiar sistemas comunitários e garantir que os recursos apropriados estejam disponíveis. Finalmente, uma abordagem de comunidade deve ser orientada por dados e ciência para se adaptar continuamente”.

 

 

 

Em sua análise, a CPEAR adverte que “a implementação da regulamentação federal da cannabis exigirá uma abordagem abrangente para contabilizar as externalidades resultantes do acesso generalizado. A mais importante delas é seu impacto sobre a juventude e a disponibilidade de recursos para combater quaisquer vias de uso indevido por esse segmento da população”.

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“Mais de 100 milhões de americanos vivem em um estado com cannabis legalizada para uso adulto — mas o que devemos considerar é o que isso significa para a juventude de nossa nação”, disse Andrew Freedman, diretor executivo da CPEAR e ex-czar da cannabis do Colorado. “Esta pesquisa destaca que para impedir que os jovens usem cannabis é necessário que as comunidades locais e as partes interessadas estejam na vanguarda desse esforço. Ela descreve ainda a necessidade de ação do Congresso para construir uma estrutura federal de cannabis enraizada em dados, corrigir a atual colcha de retalhos das leis de cannabis e criar medidas preventivas para proteger os jovens estadunidenses do uso indevido de cannabis”.

As conclusões do relatório estão alinhadas com outras pesquisas recentes que demonstraram que o consumo de maconha entre adolescentes e jovens não aumentou, apesar do movimento de legalização em curso em vários estados nos EUA.

A porcentagem de adolescentes que relataram maconha, nicotina vaporizada e outras drogas ilícitas diminuiu significativamente em 2021, de acordo com os resultados mais recentes da pesquisa Monitoring the Future sobre comportamentos de uso de substâncias e atitudes relacionadas entre alunos da oitava, 10ª e 12ª séries nos EUA.

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Um relatório do Centro Nacional de Estatísticas da Educação do Departamento de Educação dos Estados Unidos (NCES), divulgado em maio do ano passado, analisou algumas pesquisas de alunos do ensino médio de 2009 a 2019 e concluiu que “não houve diferença mensurável” na porcentagem de alunos da 9ª à 12ª série que relataram consumir cannabis pelo menos uma vez nos últimos 30 dias.

Uma pesquisa anterior conduzida pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA descobriu que o consumo de maconha entre os alunos do ensino médio diminuiu durante os anos de pico da legalização da cannabis adulta nos estados.

Outro estudo do Colorado, divulgado em 2020, mostrou que o consumo de maconha pelos jovens no estado “não mudou significativamente desde a legalização” em 2012, embora os métodos de consumo estejam se diversificando.

Um oficial da Iniciativa Nacional de Maconha do Gabinete de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca foi ainda mais longe, admitindo durante uma apresentação sobre os impactos da legalização da maconha que, por razões que não são claras, o consumo de cannabis pelos jovens “está diminuindo” no Colorado e em outros estados legalizados e que é “uma coisa boa”, mesmo que “não entendamos o porquê”.

Em 2019, um estudo considerou dados do estado de Washington e determinou que o declínio do consumo de maconha pelos jovens poderia ser explicado pela substituição do mercado ilícito por regulamentações ou pela “perda de apelo à novidade entre os jovens”. Outro estudo de 2020 mostrou o declínio do consumo de cannabis pelos jovens em estados legalizados, mas não sugeriu possíveis explicações.

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#PraTodosVerem: fotografia, em close, de alguns buds de maconha secos, em tons de verde e laranja, em uma superfície bege-esverdeada, que se mistura ao fundo da imagem. Photo by Alex Woods on Unsplash.

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