Justiça autoriza família de Londrina (PR) a plantar maconha para tratamento do filho

Fotografia que mostra Felipe sentado entre os pais e olhando para a câmara, todos usando máscaras de cor preta, próximo a uma parede bege com janela marrom. Imagem: RPC Londrina.

Menino de 7 anos foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e espectro autista; autorização é válida por seis meses e família poderá plantar 18 plantas de maconha. As informações são do G1

Uma família de Londrina, no norte do Paraná, foi autorizada pela Justiça a cultivar maconha para cunho exclusivamente medicinal. Neste caso, a liberação veio após a família provar que precisava da planta para o tratamento de saúde do próprio filho.

Para a família, a decisão é muito mais do que uma autorização para cultivar uma planta que no Brasil é proibida. Significa ajudar o filho de apenas 7 anos que foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e espectro autista.

“Conseguimos o direito de poder trazer qualidade de vida para o nosso filho. É satisfatório, é recompensador saber que o meu filho poderá ter um tratamento mais digno, com qualidade”, disse o pai do menino Felipe, Caetano de Brito Mota Júnior.

Caetano e a mulher Jeniffer entraram na Justiça para poder plantar maconha para extração e produção de óleo, e assim ter o remédio que o filho precisa.

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Felipe recebeu a recomendação médica para ser tratado com medicamentos à base de cannabis, mas, como o valor do remédio é muito alto, a família precisou entrar na Justiça.

A autorização judicial aprovou o cultivo por seis meses e poderão ser plantados 18 pés de cannabis para o tratamento.

“Nos deu um prazo de seis meses para podermos cultivar esse primeiro tratamento. Depois desse prazo apresentaremos documentos e laudos médicos sobre a eficácia do tratamento nesse paciente e pedindo que a terapia continue”, explicou o advogado da família Diogo Maciel.

Autoridades de segurança foram informadas da decisão e a família também recebeu um salvo-conduto que em caso de fiscalização pode ser apresentado à polícia, por exemplo.

O médico que receitou o uso da cannabis para o Felipe explica que a planta tem componentes que podem ajudar muito em diversos tratamentos desde que usada com recomendação de um profissional da área da saúde.

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“A maioria das pessoas não sabe que o paciente autista pode ter benefícios com a cannabis, ou um paciente com epilepsia, um paciente com doença genética, síndrome de Down, paralisia cerebral, ansiedade, depressão, insônia, transtorno bipolar. São mais de 100 patologias que a cannabis pode auxiliar”, explicou o médico Renan André Abdalla de Souza.

No entanto, o médico alerta. O uso da cannabis com acompanhamento é diferente de usar maconha como droga, que é sim prejudicial à saúde.

“[O produto que vem do Paraguai] contém semente, galho, terra, às vezes inseto, é um composto que não é planta, não é o natural, é um composto químico que vai fazer mais mal ao paciente”, concluiu o médico.

Para a família o objetivo agora é focar na produção do remédio e torcer para que os resultados apareçam e ajudem o filho.

“Queremos encorajar as pessoas a irem atrás, a pesquisarem sobre os benefícios e assim quebrar o preconceito. Temos oportunidade de falar isso abertamente, de falar de uma forma científica e nunca deixar como última opção, precisa ser um tratamento viável e acessível”, ressaltou a mãe de Felipe, Jeniffer Santos.

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#PraCegoVer: fotografia que mostra Felipe sentado entre os pais e olhando para a câmara, todos usando máscaras de cor preta, próximo a uma parede bege com janela marrom. Imagem: RPC Londrina.

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