Jornalista brasileiro que denunciava tráfico de drogas é executado no Paraguai

Dono do site Porã News, Léo Veras denunciava a guerra travada entre facções criminosas na fronteira entre Brasil e Paraguai. As informações são da CartaCapital

O jornalista brasileiro Léo Veras foi assassinado com doze tiros na noite da quarta-feira, na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, cidade sul-mato-grossense a 342 km de Campo Grande. Segundo informações da Polícia Nacional do Paraguai, o jornalista foi executado com cerca de 12 tiros de pistola 9 milímetros. Ele estaria jantando com a família no quintal de casa quando foi surpreendido, por volta das 21h, por dois pistoleiros encapuzados.

Os atiradores teriam chegado em uma caminhonete branca, entraram pelo portão que estava aberto e invadiram a residência. Um dos disparos acertou a cabeça de Léo no momento em que ele tentou correr dos assassinos. O jornalista chegou a ser socorrido e encaminhado para um hospital particular da cidade paraguaia, mas não resistiu.

O jornalista era o dono do site Porã News que produzia notícias da região da fronteira em português e espanhol. Frequentemente ele noticiava situações relacionadas ao tráfico de drogas.

Em janeiro, Léo Veras cedeu entrevista a uma reportagem do programa Repórter Record, da TV Record, sobre a guerra travada entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas na fronteira entre Brasil e Paraguai e também sobre casos de corrupção envolvendo instituições brasileiras e paraguaias. Na ocasião, o jornalista revelou que vinha sofrendo ameaças via mensagens no celular. “Diziam que alguém ia sofrer um atentado e que era pra fechar a boca”, revelou à reportagem.

A reportagem coloca que a situação na cidade de Ponta Porã é tão perigosa para trabalhar que até mesmo a sede do Ministério Público Federal foi transferida da região para a cidade de Dourados, a 120 km de Ponta Porã.

O computador e o celular do jornalista devem passar por perícia. A casa de Léo Veras possuía câmeras de segurança, mas não estavam funcionando no momento do ataque.

O Ministério Público do Paraguai designou, na madrugada de quinta-feira (13), uma equipe de promotores para acompanhar o caso. Questionado sobre se já se sabe sobre eventual fuga dos assassinos para o Brasil, o promotor informou não descartar a hipótese, mas que não há precisão a respeito.

O Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso do Sul soltou uma nota de pesar pela morte do jornalista e chamou o ocorrido de “atentado à vida e à democracia”. “Mais uma vítima dos ataques contra os trabalhadores da comunicação, nestes tristes tempos de cerceamento da liberdade de expressão, Léo Veras merece mais do que condolências. O Sindjor-MS, entidade que representa os e as jornalistas profissionais deste estado, exige severa investigação por parte das autoridades sul-mato-grossenses e brasileiras, para que seja punido esse atentado à vida e à democracia”.

Em um outro vídeo da Abraji, o jornalista fala sobre a possibilidade de sua morte por pistoleiros e pede que não seja motivada por muitos disparos.

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#PraCegoVer: em destaque, fotografia em primeiro plano de Léo Veras vestindo um camisa roxa e falando e, ao fundo, um notebook ligado e parede de cor laranja. Imagem: TV Record.

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