Itália não produz cannabis o suficiente e pacientes têm de recorrer ao mercado ilegal

Quase metade das solicitações de cannabis para uso terapêutico não foram atendidas em 2020 na Itália; pacientes se veem obrigados a realizar o cultivo caseiro ou procurar vendedores do mercado ilícito, correndo o risco de serem presos. As informações são do portal CannabisTerapeutica
Quase metade dos pacientes italianos que precisavam de cannabis medicinal para sua patologia em 2020 não a obteve. Estes são os dados implacáveis relatados pelo Il Messaggero, que pela primeira vez traz aos holofotes nacionais uma triste realidade: a única certeza para os pacientes italianos que são tratados com cannabis é a de não encontrá-la na farmácia quando precisam.
Não por causa dos farmacêuticos, que realmente se esforçam para tentar atender às necessidades dos pacientes, mas por que as reais necessidades dos pacientes que a utilizam há anos são subestimadas pelas instituições italianas.
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De acordo com a JIFE, o organismo internacional para o controle de drogas, em 2020 a necessidade de cannabis medicinal para a Itália era de 2 toneladas, em comparação com cerca de 1 tonelada distribuída. Em 2021, a necessidade foi de 3 toneladas e novamente foi distribuída em torno de uma tonelada.
“E assim”, sublinha Il Messaggero, “os pacientes crônicos, que teriam direito a terapias específicas para aliviar o sofrimento, são frequentemente obrigados a cultivar cannabis em casa ou, pior, a recorrer a traficantes. Existe também o risco de ir direto para a cadeia (como já aconteceu)”. Bastaria recordar o julgamento de Walter De Benedetto, ou o que está em curso contra Christian Filippo, ou o que virá contra Andrea Trisciuoglio.
Os pacientes italianos estão nessa situação há anos. Em 2017, o Ministério da Saúde respondeu aos pacientes que não podiam mais esperar devido à contínua escassez de cannabis que “a cannabis virá”. Quatro anos se passaram e eles ainda estão esperando por isso. No mesmo ano a fábrica químico-farmacêutica militar de Florença admitiu ter conseguido satisfazer os pedidos de um em cada cinco pacientes, nada mudou desde então.
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A produção em Florença continua muito baixa, cerca de 45 quilos por ano, o governo não aumentou as importações, não deu permissão a cinco empresas importadoras para poderem comprar de outra instituição que não o Ministério da Saúde neerlandês e não aumentou a produção italiana. A recente abertura do subsecretário de Saúde Andrea Costa continua o que é: uma bela esperança de que, se as coisas correrem rápido, será possível ver alguma cannabis nova em 3 anos.
Filippo Gallinella, deputado do M5S e presidente da Comissão de Agricultura, também se pronunciou sobre este ponto, sublinhando que “é necessário que o Ministério da Saúde emita o mais rapidamente possível as chamadas para o cultivo de cannabis para uso medicinal por parte de empresas públicas e privadas italianas. Isso está previsto por uma lei que desejávamos veementemente introduzir no decreto legislativo 148 de 2017, que solicitamos com uma questão parlamentar em julho passado e que finalmente obteve a abertura pelo subsecretário Andrea Costa no mês passado”.
Enquanto isso, os pacientes esperam. E eles sofrem.
Saiba mais:
#PraTodosVerem: fotografia, em vista aérea, mostra duas mãos amparando uma porção de buds de cannabis secos, acima de uma superfície em degrade de tons de cinza. Imagem: Kindel Media / Pexels.

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