Big Bong Night: israelenses realizam décimo protesto anual pela legalização da maconha

Fotografia de uma camiseta branca com o nome Big Bong Night, em hebraico e cor verde, e outras informações do evento, junto ao desenho de um bong, em preto, sendo segurado em protesto realizado por ativistas israelenses. Foto: Avrora Vesyoli.

Estima-se que centenas de israelenses tenham se reunido na Praça Rabin, em Tel Aviv, no último dia 20/4, para protestar a favor da legalização da planta e por reformas no mercado de cannabis medicinal. As informações são do The Jerusalem Post

O protesto “Big Bong Night”, que aconteceu pelo décimo ano, é ideia do polêmico ativista Amos Dov Silver, que está na prisão há dois anos depois de ser indiciado por comandar o que o governo israelense chama de uma “organização criminosa” e aguarda julgamento.

A organização criminosa a que se referem é a TeleGrass, uma rede de revendedores que Silver uniu no aplicativo de mensagens criptografadas Telegram que revolucionou o mercado de cannabis de Israel e deu início ao movimento de legalização, levando Israel a liderar o mundo no número de usuários adultos após seu lançamento em 2017.

Devido à sentença de Amos, este ano, o evento foi planejado por sua esposa, Gali. Ela falou ao The Jerusalem Post que o evento deste ano foi transferido de Jerusalém para Tel Aviv devido a preocupações com o coronavírus, o que limitou as reuniões até recentemente e causou incerteza em torno do evento, deixando-a com menos tempo do que o normal para planejar o protesto.

Amos sempre preferiu fazer isso na frente do Knesset, para garantir que a mensagem enviada fosse política nos termos mais fortes possíveis. Mas como eu só tive um pouco menos de três semanas para planejar tudo desta vez, decidimos que Tel Aviv seria a opção mais viável”, disse ela.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leia mais: Drone joga centenas de sacos de maconha em Tel Aviv (Israel)

O protesto deste ano foi marcado pela ênfase especial nos benefícios dos produtos de cannabis medicinal para pessoas que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), com vários dos palestrantes e artistas sendo eles próprios pacientes.

Essa ênfase foi ampliada por um trágico incidente na segunda semana de abril no qual o veterano de guerra de 26 anos e complexo paciente de TEPT Itzik Saidian se incendiou em protesto em frente aos escritórios da Divisão de Reabilitação do Ministério da Defesa, em Petah Tikva.

O evento foi organizado em conjunto pela organização sem fins lucrativos Legalize Mitpakdim e pela TeleGrass, que há muito tempo fez seu nome doando de 10% a 15% dos lucros de seus muitos “jogos de caça ao tesouro” em todo o país para diferentes instituições de caridade.

“Ontem fizemos caça ao tesouro em quatro cidades”, disse Silver. “Eu sei que no mês passado doamos refeições de Páscoa para 300 famílias de prisioneiros. Mas isso muda dependendo de quais questões consideramos relevantes para a época.”

Silver contou ao Post sobre a batalha de seu filho contra o TEPT depois que ele foi preso e interrogado aos quatro anos de idade. “Os policiais aqui [no Arizona] são mais legais com ele. Eles tentam dar-lhe doces, tentam falar com ele e ele simplesmente se esconde atrás de mim”.

Embora a cannabis tenha se mostrado um tratamento eficaz para o TEPT, também demonstrou ajudar a tratar problemas de saúde mental como ansiedade, insônia e depressão, bem como uma ampla variedade de doenças e condições gástricas, oncológicas e inflamatórias.

Leia: Cannabis pode prevenir os principais efeitos colaterais da quimioterapia, diz estudo israelense

Um estudo com usuários de cannabis para fins medicinais em Israel, realizado pela empresa israelense de cannabis Panaxia, mostrou os pacientes em função das doenças para as quais foram prescritos produtos de cannabis.

O estudo descobriu que as pessoas receberam prescrição de cannabis medicinal em uma taxa semelhante de cerca de 12-13% para TEPT, discos deslocados e problemas ortopédicos em geral, com quase 80% dos pacientes relatando alguma forma de dor física.

Mais da metade dos pacientes recebeu prescrição de cannabis, pelo menos em parte, devido a problemas repetidos de sono, enquanto quase um quinto dos entrevistados relatou alguma forma de ansiedade ou depressão. Quase um quarto dos pacientes que receberam prescrição para cannabis relatou sofrer de falta de apetite, o que é estranho considerando a quantidade relativamente baixa de pacientes que receberam produtos de cannabis para tratar doenças inflamatórias do intestino, como doença de Crohn (3,3%) ou colite ulcerativa (0,8%).

“Como a maioria dos estudos se concentra nos compostos principais, THC e CBD, temos evidências muito limitadas sobre a eficácia terapêutica dos canabinoides menores que existem na planta Cannabis sativa”, disse a Dra. Sheina Tarlovski, gerente médica da Panaxia. “Com base nesses dados preliminares, é justo supor que há um grande potencial por trás deles, especialmente para o campo da oncologia.”

O estudo também descobriu que as pessoas receberam prescrição de cannabis medicinal em uma taxa semelhante de cerca de 9-10% para fibromialgia, alterações de humor e diabetes.

Os resultados preliminares também revelaram que quase dois terços dos pacientes de maconha medicinal eram homens (64,8%) e que mais da metade (54,3%) dos pacientes tinham entre 40 e 70 anos.

Leia também:

Juiz pede descriminalização da maconha com meme “Girl From Rio”

#PraCegoVer: fotografia de uma camiseta branca com o nome Big Bong Night, em hebraico e cor verde, e outras informações do evento, junto ao desenho de um bong, em preto. Foto: Avrora Vesyoli.

Deixe seu comentário
Assine a nossa newsletter e receba as melhores matérias diretamente no seu email!