Indústria de maconha medicinal ganha força na Colômbia com novas regras
Decreto assinado em julho pelo presidente Iván Duque permitindo a exportação de inflorescências impulsiona setor no país; estigmatização ainda mantém uso adulto fora do mercado regulado. As informações são da EFE, via UOL
As novas regulamentações sobre a cannabis medicinal na Colômbia estão impulsionando a indústria e permitindo grandes retornos econômicos, além do crescimento do seguimento, afirmaram especialistas que participaram de um fórum sobre o assunto em Cartagena das Índias nessa quinta-feira.
“Isso reduz a cadeia de produção, diminui os custos de produção e permite que a flor seja exportada”, explicou à Agência Efe o consultor em questões de regulamentação medicinal da cannabis Efraín Armando López, durante a Conferência Empresarial ExpoCannaBiz.
Em 23 de julho, o presidente da Colômbia, Iván Duque, assinou um decreto autorizando a exportação de inflorescência de cannabis seca para fins medicinais, a fim de proporcionar mais incentivos à indústria farmacêutica do país e garantir o acesso aos medicamentos derivados da planta.
Segundo López, isto criará renda a curto e médio prazo e permitirá à Colômbia “desempenhar um papel de liderança no mercado internacional”.
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Maior apoio governamental
Apesar de aplaudir os avanços na regulamentação da indústria da maconha na Colômbia, o presidente da ExpoCannabiz, Julián Andrés Tovar, disse ser necessário mais apoio do governo.
“Infelizmente, não tivemos esse apoio jovial do governo para poder fazer avançar a indústria da maconha”, considerou Tovar. “Não sabemos se existe uma falta de interesse do governo atual ou se eles não viram realmente como a indústria é importante”, acrescentou.
Da mesma forma, ele advertiu que a maconha se tornará o “ouro verde” quando a maneira de pensar mudar e for aceito que a maconha “não faz mais mal do que um copo de schnapps”. “Ao impulsionar essa indústria e legalizar o consumo, muitos problemas sociais serão resolvidos”, opinou.
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Desestigmatizar a maconha
Na visão de López, a maconha ainda é um forte tabu na sociedade colombiana. “Na Colômbia existem dois estigmas: um por causa do consumo e dos efeitos que a maconha gera, e dois por causa do derramamento de sangue que ela gerou nos anos 80. Portanto, afastar-se desses estigmas foi o que tornou difícil toda a questão da cannabis para uso adulto”, comentou.
Na mesma linha, Tovar afirmou que devido à sua natureza ilegal a indústria da cannabis há alguns anos foi “demonizada”. “Como está demonizado, acho que os governos também estão um pouco desconfiados de como realizá-lo, de como fazê-lo avançar”, concluiu.
Duque declarou que esse é um mercado que até 2024 valerá cerca de US$ 62 bilhões. Por isso, segundo ele, a exportação de inflorescência de cannabis seca permitirá o crescimento dos investimentos que chegaram ao país, que ultrapassam os US$ 250 milhões.
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#PraTodosVerem: fotografia mostra, à direita, uma inflorescência de maconha com pistilos amarelos e, ao fundo, fora do foco, as outras plantas do cultivo. Imagem: Don Goofy | Flickr.
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