Indústria da maconha na Califórnia gera bilhões, mas ainda não há onde colocar esse dinheiro

Fotografia em plano fechado que mostra uma porção de flores secas de maconha verdinhas sobre notas de dólares. EUA.

Apesar de se mostrar um mercado cada vez mais lucrativo, ainda não há regulamentações claras que ajudem os empresários da maconha a terem mais segurança e confiabilidade na hora de guardarem seus lucros. Mas isso pode mudar. Entenda mais no texto da Forbes, com tradução exclusiva Smoke Buddies.

Os empresários da maconha na Califórnia devem gerar em 2018 uma receita de cerca de R$ 15 bilhões (US$ 5,2 bi), já que o uso recreativo da erva agora é legal por lá. Além disso, o Estado arrecadará cerca de US$ 1 bilhão em impostos. Esses números, estimados por Matt Karnes, analista da indústria e sócio da New York’s GreenWave Advisors, sinalizam a necessidade gigantesca por serviços bancários e financeiros nesta nascente indústria da planta legal. Além de não estarem disponíveis, eles são ilegais em âmbito federal. Alguns sinais de mudança, entretanto, podem ser vistos no horizonte.

Serviços bancários são extremamente limitados para a indústria da maconha. Como uma substância presente na “lista um”, a erva é considerada mais perigosa que a heroína e os bancos podem perder suas licenças federais se trabalharem com negócios verdes. As instituições financeiras precisam se registrar na FinCen (Rede de Execução de Crimes Financeiros do Departamento de Tesouraria dos EUA, em tradução livre) quando estabelecem relações com os conhecidos “Negócios relacionados à maconha”. Karnes estima que apenas 5% dos bancos fazem, de fato, esse registro.

Ele acredita que menos de 1% de todos os bancos dos Estados Unidos trabalham atualmente com empresas do tipo. Tyler Beurlein, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Hypur, uma companhia de financiamento tecnológico da indústria, diz que cerca de 25 instituições bancárias e agências de crédito têm pelo menos 15 contas de negócios verdes, estão abertamente bancando empresas de cannabis e buscando ativamente mais clientes.

A Hypur, empresa de Tyler, oferece um sistema que conecta bancos aos empresários e que pode ser customizado para a indústria da maconha. O produto pode, por exemplo, limitar o número de vendas ou até cobrir a quantidade de dinheiro das compras. “Isso ajuda a fornecer a transparência necessária para escritórios de compliance e suas regras”, diz. O conselheiro geral da Hypur, John Vardaman, ajudou a escrever o memorando do Departamento de Justiça, que afirma que uma empresa de cannabis que segue as leis e regulamentos financeiros em seu próprio estado não será processada pelo governo federal. A empresa de tecnologia Scottsdale Arizona tem clientes de bancos de cannabis em cinco mercados “e planeja estar no mercado legal de todos os estados até o final de 2018”, diz Beurlein.

Outras startups de tecnologia, como a Shield Compliance de Illinois, também planejam oferecer softwares que ajudem bancos com temas como compliance, transparência financeira e armazenamento de dados para reduzir os riscos de se trabalhar com a indústria verde.

O minúsculo número de bancos trabalhando com o mercado legal da maconha deixa a maioria dos negócios sem alternativas a não ser operar com dinheiro vivo. Isso significa que eles têm que gastar mais verbas para segurança, sistemas de vigilância, guardas e até mesmo carros para transporte de dinheiro. Problemas de segurança pública também podem surgir quando tanto dinheiro é armazenado em locais conhecidos, diz Karnes.

Com opções limitadas, encontram seus meios de contar com os bancos. Muitos escondem a natureza de seus negócios. Outros recorrem a criptografia, o que traz uma série de problemas. Ela tem “uma questionável habilidade de passar em testes regulatórios” porque é muito complexa. A falta de transparência também “continua a ser uma grande pedra no sapato”. Também tendem a flutuar em valor, por isso são muito menos estáveis que a moeda corrente.

Apesar da complexidade, a indústria da Califórnia está contratando. Vangst, uma empresa especializada em recrutamento no mercado da maconha, diz que o número de pessoas trabalhando em tempo integral com a erva cresceu de 43.374 pessoas em janeiro de 2017 para 47.711 em setembro.

Os poucos bancos que atendem a esta indústria geralmente se mantêm discretos e não anunciam esse nicho para novos clientes: “A palavra de uma instituição financeira que atende a indústria se espalha muito rapidamente”, diz Beurlein.

Enquanto o Procurador-Geral, Jeff Sessions, dá arrepios regulares através da indústria com seus pronunciamentos anti-maconha, o desejo de Donald Trump de reverter os regulamentos bancários inclui o desfecho da Lei Sarbanes Oxley, que foi criada para, entre outras coisas, reduzir a fraude contábil ao pedir aos executivos da empresa que certifiquem se seus relatórios financeiros são precisos. Esse tipo de desregulamentação poderia, indiretamente, facilitar a operação de cannabis. Se a taxa de conformidade associada à Sarbanes-Oxley for reduzida, diz Karnes, bancos e cooperativas de crédito podem ter mais tempo para que seus funcionários se concentrem na cannabis.

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