Campanha debate impactos do surto de coronavírus nas políticas sobre drogas no Brasil

Com o intuito de vigiar o Poder Público para que a pandemia não agrave as violações de direitos contra populações vulneráveis, coletivos da área de política de drogas criaram campanha on-line
O projeto Drogas na Quarentena é uma iniciativa conjunta da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas e da Plataforma Brasileira de Política de Drogas. A ação tem o propósito de fiscalizar e analisar os impactos das políticas de drogas aplicadas no país a partir do novo cenário de pandemia e cobrar do Poder Público que as atuais circunstâncias não provoquem ainda mais violações de direitos contra populações vulneráveis.
As recomendações de quarentena não são acessíveis a todas as pessoas. Uma parcela da população não tem a opção de trabalhar em casa ou perdeu o emprego diante da paralisação das atividades em diversos setores. Além disso, muitas pessoas se encontram em situação de rua ou de extrema vulnerabilidade social e não têm acesso a medidas governamentais efetivas de prevenção à Covid-19. Em atenção a estes grupos, o projeto listou advogados, profissionais da saúde e movimentos independentes que se organizaram para ajudar.
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As medidas de prevenção e precaução contra o coronavírus precisam ser tomadas por toda a população, inclusive pelos usuários de substâncias psicoativas, que podem se utilizar da redução de danos para se protegerem efetivamente do contágio.
Para este público, a campanha informa sobre a importância das práticas de redução de danos, orienta a fazer-se o uso de maconha e outras drogas de forma individual, evitando contato físico com outras pessoas e elenca grupos, coletivos e redes que se movem para minimizar os danos causados pelo coronavírus no âmbito do uso de drogas durante a quarentena.
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Na questão sobre o uso de substâncias e a quarentena, a Iniciativa Negra iniciou a campanha “Brisa em Casa”, através das redes sociais, com objetivo de dialogar diretamente com o usuário, levando informações sobre uso adulto de substâncias psicoativas durante o período de isolamento social e orientações para redução de danos.
A campanha também fará a transmissão de lives com profissionais das áreas da saúde, assistência social e artística para conversarem sobre serviços, cuidados e trocas de experiências com os espectadores, que poderão participar com dúvidas e perguntas. Os primeiros convidados confirmados são Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas, o neurocientista Sidarta Ribeiro, o cantor e compositor BNegão e a socióloga Vilma Reis, a partir de 5 de maio, sempre às terças-feiras, às 16h20. As lives podem ser assistidas nos perfis facebook.com/innpd/ e @iniciativa_negra.
Na seção do site dedicada à campanha, serão compartilhadas informações sobre saúde mental, atendimento à distância a pessoas em situação de vulnerabilidade, direito ao acesso a medicamentos e estudos que alertam sobre o aumento do consumo de álcool e outras drogas em situações de confinamento.
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#PraCegoVer: foto (de capa) que traz um registro feito durante a Marcha da Maconha em São Paulo de uma placa branca com a frase escrita em preto “Legalize a vida” na qual a última letra (a) foi substituída pelo desenho de uma folha de maconha na cor verde, e um fundo desfocado de prédios e árvores. Foto: Diogo Vieira | Smoke Buddies.

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