Entendendo a iluminação indoor para aumentar a produção de resina

Na última publicação, separamos algumas dicas de cultivo para te ajudar a ter melhor rendimento e qualidade na sua extração. Hoje, vamos nos aprofundar em uma delas, a iluminação no cultivo indoor e o uso de luz ultravioleta (UV) como complemento. Para isso, trocamos uma ideia com o Sammy Farah, da Master Plants, empresa especializada em iluminação para cultivo indoor. Confira as dicas dele no texto abaixo

Como obter o rendimento máximo nas colheitas com o correto dimensionamento da iluminação no cultivo indoor?

O índice mais completo que revela os níveis de excelência de rendimento das plantas ligados aos fatores da iluminação, isso é, disponibilidade de luz X nível de atividade fotossintética, é o DLI. Em inglês, essa sigla significa “Integralidade de Luz Diária”.

Este índice vem expresso em mols/m²/dia (24 horas) e pode ser considerado um conhecimento relativamente recente, sendo baseado em estudos quânticos de mensuração do fluxo de fótons ativos para fotossíntese na luz. Por mais que seja novo, este estudo tende a guiar os protocolos para diversos tipos de cultivares na agroindústria mundial. Mas, por que isso é importante para nós, do cultivo indoor? Simples, pois aqui existe um índice confiável dos níveis de excelência de rendimento em relação à disponibilidade de luz. Desse modo, podemos nos basear de forma segura a fim de dimensionar os corretos níveis de iluminação dentro de um ambiente 100% controlado, de modo a obter a excelência dos resultados para cada cultivar específico.

Teste de medição de PPFD com refletor Quantum Master Plants. Foto: Master Plants.

Para a cannabis, os índices de excelência são bem elevados, estamos falando entre 35 e 45 mols/m²/dia — para se ter uma ideia, os índices de excelência do tomate são entre 25 e 35 DLI e os níveis do morango são entre 20 e 25 DLI. Isso significa que a cannabis é uma cultura complexa e que requer muita luz a fim de se desenvolver com excelência; e isso é válido tanto para rendimento de matéria orgânica quanto para rendimento de potência e produção de tricomas e canabinoides. Por exemplo, a cannabis foi cultivada no clima frio e nublado da Europa por muitos anos com mínima potência psicoativa, tanto que os europeus raramente fumavam a erva e sim a utilizavam mais em preparações culinárias; só com o advento do cultivo indoor e complementação de iluminação a vapor foi que a cannabis se espalhou pela Europa na forma fumada como é hoje.

O índice de iluminação para horticultura que utilizamos para mensurar a luz na área do cultivo é o PPFD (expresso em µmol/m²/s) e como estamos falando de cultivo indoor, este índice não sofre variação durante o dia, isso é, a disponibilidade de luz no ambiente não se altera durante o fotoperíodo. Deste modo, podemos afirmar que para a cannabis precisamos de índices entre 800 e 1.000 de PPFD para assegurar a excelência dos resultados durante os ciclos de floração. Reiterando que neste caso estamos falando tanto de rendimento de peso das colheitas quanto de rendimento de potência das flores.

Isso não é tudo, este estudo nos aponta as condições normais de excelência, porém existem também estudos mais avançados e técnicas de cultivo que podem aumentar ainda mais o estímulo ao metabolismo das plantas e garantir resultados ainda mais extraordinários e de máximo desempenho. Uma das técnicas usadas para aceleração dos ciclos e aumento de peso nas colheitas é a suplementação de CO2, porém hoje vamos destrinchar uma outra técnica também muito interessante, utilizada para máxima produção de resina, que é a suplementação de Luz UVB.

Aumento de resina e canabinoides do tipo delta-9-THC

Quando falamos de iluminação para efeito de aumento de produção de tricomas e, por consequência, aumento dos alcaloides e terpenos que estes órgãos produzem, estamos falando de suplementação de luz UVB. É notório que flores de cannabis cultivadas em lugares mais ensolarados ganham um aspecto mais vigoroso, colorido, trazendo consigo mais aroma e mais sabor, além de mais potência. Esse incremento se deve à radiação UV.

Existem 3 faixas estudadas do espectro ultravioleta com seus possíveis efeitos e aplicações, são elas:

UVA: Radiação nociva que causa danos na endoderme das plantas, isso é, nos tecidos internos. É saudável a aplicação em baixíssimos níveis a fim de se obter efeito de estimulo à produção química de antocianina e betacarotenos. A exposição exagerada a essa radiação pode causar doenças nos tecidos internos das plantas.

UVB: Radiação nociva que causa danos na epiderme das plantas, isso é, nos tecidos externos. Foi descoberto em estudos que a correta suplementação de luz UVB estimula de forma excepcional a produção de filtros solares naturais, principalmente nas flores, os tricomas.

UVC: Radiação extremamente nociva que causa danos e mutação nos tecidos ocasionando doenças celulares graves. Pode ser usada no cultivo indoor para fins de esterilização de um ambiente antes de se iniciar o cultivo devido ao seu alto poder fungicida, porém nenhuma pessoa ou vegetal deve ser exposta a esse tipo de radiação, em momento algum.

Como já mencionado, a correta suplementação de luz UVB traz resultados excepcionais diversas vezes estudados pela literatura, mas popularizados no estudo cientifico de 1987 dos pesquisadores John Lydon, Benjamin Coffin e Alan Teramura, do Departamento de Botânica da Universidade de Maryland, nos EUA. Neste estudo, os pesquisadores puderam comprovar um aumento de até 16,9% nos níveis de presença de cristais Δ9-THC, sem perda de rendimento, utilizando uma técnica muito peculiar e um equipamento que inclusive a Master Plants disponibiliza na integralidade: a luminária tubular UVB T5 24W.

Luminária tubular UVB T5 24W Master Plants. Foto: Master Plants.

Na época, os pesquisadores utilizaram um equipamento da empresa Agromax para comprovar os efeitos e hoje a Master Plants disponibiliza para os jardineiros brasileiros a mesma composição química da lâmpada tubular utilizada no estudo com os picos em 320 nm. É interessante notar que este é único equipamento de iluminação da Master Plants que não é da tecnologia LED, uma vez que chips de LED UVB são mais raros e mais caros, o que dificultaria o acesso a esta técnica.

Utilizando banhos de radiação UVB a partir da 4ª semana de floração (para se ter o efeito concentrado nas flores já pré-formadas), é possível notar uma diferença expressiva na concentração de tricomas nas folhas e flores assim como na coloração. A técnica recomendada é aplicar banhos de 15 minutos contínuos com intervalos de 2 horas para não exagerar no estímulo e acabar estressando as plantas. É importante dizer que o abuso do estímulo de luz UVB pode prejudicar o rendimento das colheitas uma vez que as folhas serão mais prejudicadas podendo perder grande parte de sua capacidade fotossintética ou mesmo de sua saúde.

Estudo científico citado:

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1751-1097.1987.tb04757.x

Fontes:

https://www.apogeeinstruments.com/

https://fluence.science/

http://www.masterplants.com.br/

Texto por Sammy Farah, CMO da Master Plants.

Agora que você já sabe como, por que e, o mais importante, quando aplicar a suplementação de Luz UVB no seu cultivo a fim de obter muito mais resina, potência, sabor e aroma nas suas flores. Está esperando o que para testar essa aplicação e poder comprovar na prática toda essa teoria encantadora?

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Fotografia de capa mostra dois tipos de iluminação para horticultura indoor. Foto: Master Plants.

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