É hora de considerar a energia solar no cultivo de maconha?

O cultivo caseiro tem se tornado cada vez mais uma tendência entre as pessoas que buscam saúde e qualidade de vida, pois quando cultivamos nossas próprias hortaliças, legumes e ‘flores’, podemos garantir a qualidade dos mesmos. E o cultivo indoor em estufas é uma excelente opção quando se quer obter o melhor rendimento e qualidade, porém o consumo de energia elétrica é alto e, para solucionar esse problema, a melhor alternativa é o uso da energia solar.

Mesmo com uma lei de drogas proibicionista, observa-se no Brasil o surgimento de associações, clubes e famílias que cultivam a sua própria maconha, legalmente ou não, e diante desse movimento também surge a necessidade de se considerar a energia solar como uma solução para várias situações e problemas.

Fazendo uma pesquisa para mostrar como a energia solar, captada por painéis fotovoltaicos, pode ser uma opção considerável em um cultivo de maconha, indo além da redução da conta de energia elétrica tradicional e da segurança, vimos como a combinação promissora da energia sustentável com os cultivos de cannabis ajudou a criar o Triângulo da Esmeralda e, consequentemente, a legalização da maconha na Califórnia.

Para explicar essa relação entre a energia solar e o cultivo de maconha, faremos uma viagem no tempo diretamente para a década de 70 e veremos que há muito tempo essas duas tendências (energia e cannabis) estão interligadas e como uma impulsionou a outra.

“Simbiose Frutífera”

Uma crescente indústria da energia solar tornou possível que os fazendeiros de maconha do norte da Califórnia, nos anos 70, se tornassem o que são hoje e vice e versa. Quando o pioneiro da energia solar, John Schaeffer, vendeu o primeiro painel fotovoltaico a um cliente de varejo dos EUA, no condado de Mendocino, na década de 70, ele não percebeu que havia dado um golpe decisivo contra à guerra às drogas.

Era um momento auspicioso para Schaeffer lançar seu negócio, “a cannabis era o futuro, algo de sucesso”, explicou Schaeffer, em entrevista a Martin Lee. “A energia solar facilitou o surgimento de uma indústria de cannabis no norte da Califórnia, administrada por indígenas. E, por sua vez, os cultivadores de maconha apoiaram o movimento crescente da energia solar… Foi uma simbiose frutífera”.

Uma tecnologia cara e nova naquela época, lembra Schaeffer, mas que os produtores de maconha se disponibilizavam a pagar. Dentro de alguns anos, a região que ficou conhecida como Emerald Triangle ou Triângulo da Esmeralda – abrangendo os condados de Mendocino, Humboldt e Trinity – se tornaria o coração do cultivo de maconha na América do Norte.

Após Schaeffer se formar na Universidade da Califórnia em Berkeley, em 1971, e se mudar para uma comuna de 300 acres no condado de Mendocino, na Califa, ele abraçou o estilo de vida auto-suficiente que incluiu o cultivo de sua própria comida e a construção de sua própria casa. Schaeffer adotou um estilo de vida comum, porém  nunca aceitou que isso significasse que ele tinha que sacrificar as comodidades modernas, como assistir seus programas na TV. Ao ligar um televisor na bateria do seu velho Volkswagen ele conseguiu assistir seus shows favoritos. Mais tarde, à medida que os painéis elétricos solares desenvolvidos para o programa espacial ficaram disponíveis comercialmente, ele usou os mesmos como fonte para carregar sua bateria de armazenamento.

John Schaeffer – Fundador da Real Goods.

Os avanços das indústrias da energia solar e da maconha nos Estados Unidos também se devem a Schaeffer que começou a vender produtos de energia solar e ferramentas para seus vizinhos e acabou por abrir a primeira loja Real Goods em Willits, Califórnia, em 1978.

Foi quando ele descobriu que a maioria das pessoas que compravam os painéis solares eram cultivadores de maconha, nas colinas de Mendocino.

Pessoas que viviam fora da civilização e não tinham eletricidade, porém uma necessidade, conseguiram obter bons frutos com o dinheiro da maconha aliado à inovação da ocasião. A região conhecida hoje como o Triângulo da Esmeralda é onde a maconha começou a se converter em um mercado lucrativo que talvez não tivesse chegado onde está hoje sem a tecnologia solar, que esteve à disposição dos cultivadores nos meados dos anos 70, segundo Martin Lee – autor do livro “Smoke Signals: A Social History of Marijuana” – em reportagem publicada pelo WSJ. “Não imagino como poderia se expandir tão rápido. Foi o momento justo, com a tecnologia adequada para suprir o que os cultivadores necessitavam,” conta Lee, que hoje é consultor da Emerald Pharms.

Atualmente, Schaeffer comanda a Real Goods Solar Living Center, situada na cidade de Hopland, pertencente ao condado de Mendocino, na Califórnia. A Real Goods Solar Living reuni, em 12 acres de terra, um espaço de convivência, eventos e oficinas, entre edifícios verdes, esculturas de artes, fontes, jardins e lagos. O dispensário Emerald Pharms, o primeiro dos EUA alimentado apenas com energia solar, também ocupa o espaço com outras lojas. Um lugar onde as pessoas podem aprender sobre tecnologias e culturas sustentáveis ligadas à maconha.  O objetivo de Schaeffer é que num futuro próximo o lugar seja um centro de educação e atividades para toda a população.

Tanto a indústria da energia solar quanto a da maconha estão em expansão nos EUA e no mundo. A primeira é graças a um programa em que as empresas de energia compram a energia solar gerada nas casas e a segunda, apesar de ainda ser difícil de se avaliar, já chega a valer bilhões de dólares. Nos EUA, um dos artifícios utilizados pelos agentes da lei era observar as alterações de consumo de energia das residências e abrir investigação quando detectavam grandes consumos, o que poderia resultar na localização de um cultivo indoor. O que provavelmente levou muitos cultivadores a substituírem as redes elétricas tradicionais pelas placas solares, aquecendo ainda mais o mercado de energia sustentável.

Mas como isso pode ser aplicado no Brasil?

Voltando à nossa atual realidade tupiniquim e diante do crescimento da cultura do cultivo caseiro de flores, frutas, hortaliças, maconha e outras ervas, vale analisar se é a hora de considerar outra fonte de energia como alternativa à rede elétrica tradicional.

Já apresentamos aqui na Smoke Buddies a Sunny Grow, a primeira empresa brasileira especializada na sustentabilidade das estufas de cultivo através da captação e alimentação de energia solar.

A empresa oferece geradores fotovoltaicos que deixam o seu cultivo sustentável. “A proposta é dar sustentabilidade para um cultivo indoor (de pequeno/médio porte), ou seja, durante o horário útil de sol os equipamentos eletrônicos são alimentados em tempo real com energia solar”, conta o engenheiro Felipe Rodrigues, desenvolvedor da Sunny Grow, segundo o qual para um cultivo em escala maior, como é o caso de clubes e associações, é possível combinar tecnologias afim de obter um melhor desempenho e maior economia.

  • Economia

É mais do que sabido que para uma estufa de cultivo são necessários luzes, exaustão, ventilação, ar-condicionado e o que mais necessitar, o que consome bastante energia elétrica. Muitas das vezes uma estufa atinge ciclos de 24 horas de pleno funcionamento dos equipamentos, o que pesa no bolso.

Apesar do investimento na compra e instalação do sistema de energia solar assustar inicialmente, é facilmente notado que num curto prazo de tempo a economia de energia faz compensar o custo do sistema, além de toda a energia gerada ser de graça, pelo período de vida útil do equipamento que chega a até 40 anos, tendo 25 anos de garantia cobertos pelo fabricante.

Atualmente já é possível inclusive “ganhar dinheiro” junto à companhia de energia, que compra o excedente da energia gerada pelo consumidor. Pesquise com a Sunny Grow como funciona esse sistema na sua operadora de energia.

  • Sem explanação

Como citamos na história acima, nos EUA as oscilações e o aumento do consumo de energia elétrica podem acabar denunciando uma estufa, sendo motivo o suficiente para uma investigação. Tudo bem que estamos no Brasil, mas ninguém quer ver a companhia elétrica batendo à porta e querendo verificar o medidor de consumo.

Para você que quer manter um cultivo sigiloso, mas tem receio de que o aumento no consumo de energia elétrica possa acabar denunciando o cultivo, uma solução é a utilização das placas fotovoltaicas que também podem direcionar a energia produzida para outros pontos de consumo na residência, compensando o que é gasto com a estufa.

  • Segurança para o cultivo e o meio ambiente

Além do atrativo econômico e da discrição, o sistema tem alguns pontos que raramente são valorizados, como manter-se operacional enquanto ocorre uma queda de energia na rede. No verão, as instalações elétricas das estufas ficam mais quentes e acabam provocando um consumo de energia ainda maior, o que pode acarretar sobrecargas nas redes elétricas, resultando em apagões e, muitas vezes, perdas de culturas inteiras.

Um sistema híbrido de energia solar aliado ao uso de baterias pode facilmente contornar o problema dos apagões, a um custo muito mais baixo e uma autonomia maior do que a de um gerador movido a combustível que depende mais gastos com manutenção, além de poluir o meio ambiente.

Viu, a natureza também agradece! Qualquer redução nos impactos ambientais colabora para o meio ambiente deixar de ser destruído e poder por fim se renovar.

A energia solar, sem dúvidas, reduz os custos do cultivo e, mesmo que ainda não forneça o suficiente para 100% de autossuficiência, um sistema fotovoltaico proporciona uma energia mais limpa e sustentável.

“Mas isto aqui, ô ô / É um pouquinho de Brasil, ia ia!” 

Como entoa a canção Sandália de Prata, “o Brasil é também um pouco de raça / que não tem medo de fumaça” e de fumaça entendemos, por isso trazemos este artigo com o objetivo de facilitar a vida e os custos e, principalmente, para maximizar a segurança e minimizar os riscos do seu cultivo, seja ele de orquídeas, tomates ou maconha.

Para elucidar, o nosso trabalho não é de apologia ao cultivo, até mesmo porque isso já é uma realidade no Brasil. Especialmente para você, que está lendo este texto e achando exatamente isso, ressaltamos que tal situação já é realidade em associações, clubes de cultivos e nas casas de famílias que dependem do uso terapêutico da maconha, de celebridades e de usuários que fazem o uso recreativo e buscam qualidade e redução de danos no que consomem.

Independente da situação legislativa, O POVO JÁ PLANTA MACONHA e CONTINUARÁ PLANTANDO, então que seja com segurança e preservando o meio ambiente.

Boa reflexão e sucesso no cultivo (de “tomates”)!

Fotografia de Capa – Phill Whizzman – Smoke Buddies

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Sobre Dave Coutinho

Carioca, Maconheiro, Ativista na Luta pela Legalização da Maconha e outras causas. CEO "faz-tudo" e Co-fundador da Smoke Buddies, um projeto que começou em 2011 e para o qual, desde então, tenho me dedicado exclusivamente.
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