Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto estuda tratamento de Parkinson com canabidiol

Foto mostra um frasco cilíndrico transparente contendo óleo amarelo sobre uma superfície de madeira, ao lado de inflorescências secas de maconha e um estetoscópio, e, logo acima, um conta-gotas com o mesmo líquido e parte da mão que o segura, além de plantas de cannabis em período vegetativo que aparecem ao fundo, em pior foco. Foto: The Thaiger. canabidiol

Segundo o pesquisador responsável pelo estudo, sintomas da doença, como alteração de sono e confusão mental, poderão ser tratados com o canabidiol

Até o início de 2020, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto deve apresentar os resultados de um estudo inovador, já em fase avançada de testes, que pode incluir o canabidiol como substância de tratamento contra o Parkinson nacionalmente.

A informação foi confirmada ao ACidade ON nesta sexta-feira (11) pelo professor de neurologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e responsável pelo Laboratório de Distúrbios do Movimento, Vitor Tumas.

O equipamento é responsável por tratar aproximadamente 700 pacientes já diagnosticados com esse mal, atualmente reconhecido como a segunda doença neurodegenerativa que mais afeta pessoas a partir de 60 anos. A primeira é o Alzheimer.

“Ainda faltam algumas comprovações sobre a eficácia, pois são estudos pequenos, mas acreditamos que a terapia pode auxiliar a combater sinais não motores, como os efeitos do sono”, explica o médico.

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De acordo com Tumas, apesar dos tremores serem a principal referência ao Parkinson, junto a lentidão dos movimentos e rigidez muscular, os pacientes também costumam apresentar quadros de depressão, alteração do sono, ansiedade, intestino preso e confusão mental.

Esses sintomas poderão ser tratados com o canabidiol, caso a pesquisa seja aprovada no HC e regulamentada pelo Governo. “As questões físicas já são controladas maioritariamente com um medicamento chamado Levodopa. Muito eficaz, inclusive”, afirma.

O laboratório de ponta também realiza implantações de marca-passos cerebrais, indicadas para casos mais complicados, que necessitam de tratamentos especiais. A doença, no entanto, não é reversível.

Fatores hereditários

Responsável pela equipe especializada de Ribeirão, Vitor Tumas explica que o Parkinson é um mal de níveis e com fatores hereditários, mas também está associado a exposição frequente a agrotóxicos. Os combatentes, porém, podem ser curiosos.

“Estudos epidemiológicos apontam que a predisposição de pessoas que tem contato com pesticidas, vivem na zona rural e ingerem água de poço é maior. Fumar e tomar café, por outro lado, podem ter efeito protetor […]. A relação exata entre essas coisas não é certa”, ressalta.

Algumas pesquisas relacionam os fatores à redução das células que produzem a dopamina. Este neurotransmissor é responsável por enviar mensagens a algumas partes do cérebro que controlam os movimentos e coordenação do corpo – na falta dele, o desequilíbrio pode ser balanceado com o medicamente já usado pelo laboratório do HC.

Segundo o Ministério da Saúde, a Levodopa tem capacidade para alcançar os trechos afetados do cérebro e se transformar em dopamina. Contudo, é eficiente apenas no combate a sintomas motores.

O objetivo do HC é encontrar um meio de combater os demais agravantes provocados pelo Parkinson e proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes diagnosticados com a degeneração dos neurônios.

“Há vários níveis de manifestação da doença, e eles podem comprometer ou não a vida das pessoas. Ter Mal de Parkinson, no entanto, não quer dizer que você vai atingir esse grau crítico. E apresentar apenas tremores não quer dizer que você tem a doença em si. Por isso precisamos de estudos e outras substancias capazes de complementar o tratamento”, finaliza.

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#PraCegoVer: fotografia (em destaque) de um frasco cilíndrico transparente contendo uma substância amarela e, logo acima, um conta-gotas com o mesmo líquido e parte da mão que o segura; o frasco está sobre uma superfície de madeira e ao lado de flores secas de maconha e um estetoscópio, e, ao fundo desfocado, pode-se ver plantas de cannabis em período vegetativo. Foto: The Thaiger.

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