Dez plantas medicinais para ter no seu jardim

Foto Alice Reis Girls in Green depressão

Não é só a maconha que é medicinal, e sua vovó sabia muito bem disso! Conheça dez plantinhas poderosas para cultivar no seu jardim — e até usar no beck — na coluna Girls in Green

Se você é daquelas pessoas que adora acompanhar as descobertas sobre os efeitos medicinais da maconha, também deve saber que existem milhares de outras plantinhas poderosas para a nossa saúde. E, convenhamos: ter o seu próprio jardim ou até mesmo uma pequena horta pode ser terapêutico para os dedos verdes de plantão. Então, por que não unir o útil ao agradável e cuidar das suas próprias plantas medicinais em casa?

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A gente sabe que, na vida moderna, nem todo mundo tem tempo — ou mesmo espaço — para ter um jardim gigantesco e recheado de ervinhas. Mas existem vários truques para driblar esses empecilhos. Selecionamos 10 plantas medicinais para ter não apenas no seu jardim, mas em vasos no seu apê, em floreiras, em áreas de serviço, cozinha ou onde mais você desejar.

Vem aprender mais sobre cada uma dessas plantinhas incríveis, seus principais benefícios e as melhores formas de cuidar delas. Se ficar com alguma dúvida, dá uma olhada na nossa Série Cultivo: o foco dela é a maconha, mas tem informações preciosas que podem ser aplicadas a qualquer jardim.

 

Camomila (Matricaria chamomilla)

 

Camomila. Fonte: pinterest

Quem nunca tomou um chazinho de camomila para acalmar que atire a primeira pedra! Segundo pesquisas, a camomila é uma das ervas medicinais mais antigas conhecidas pela humanidade. Suas flores secas contêm muitos terpenoides e flavonoides (assim como a cannabis!) que contribuem para suas propriedades medicinais.

As preparações com camomila são comumente usadas para muitos problemas, como inflamações, espasmos musculares, distúrbios menstruais, insônia, úlceras, feridas, distúrbios gastrointestinais, dores reumáticas e hemorroidas. Seus óleos essenciais também são amplamente utilizados em cosméticos e aromaterapia por suas propriedades calmantes.

Além de tudo isso, estudos recentes indicam que a camomila pode ter poderes antioxidantes e agir contra o câncer. U-a-u!

 

O cultivo da camomila é bastante simples. Ela pode ser plantada diretamente na terra ou em pequenos vasinhos! Plante as sementinhas na primavera, mantenha o solo relativamente úmido e diminua as regas no inverno. Ela prefere estar na sombra ou meia-luz.

 

Lavanda (Lavandula angustifolia)

 

Lavanda. Fonte: pinterest

Assim como nossa amada camomila, a lavanda é tradicionalmente conhecida por ter uma variedade extensa de propriedades terapêuticas e curativas, que vão desde o relaxamento até o tratamento de infecções parasitárias e fúngicas, queimaduras e picadas de insetos, alopecia, ansiedade e síndrome pré-menstrual (a famosa e temível TPM).

Há evidências crescentes sugerindo que o óleo de lavanda pode ser um medicamento eficaz no tratamento de vários distúrbios neurológicos. Várias investigações em animais e humanos sugerem propriedades ansiolíticas, estabilizadoras de humor, sedativas, analgésicas, anticonvulsivas e neuroprotetoras para a lavanda. Esse estudo aqui explora um pouco mais esses poderes!

Seu principal terpeno, o linalol, também pode ser encontrado em algumas cepas de maconha. Bem floral, seu cheirinho é gostoso e seus efeitos são, como mencionamos acima, bem relaxantes!

Para plantar, você pode começar com sementes ou com mudinhas — que definitivamente facilitam o trabalho. Ela precisa de bastante espaço no chão ou em canteiros, e de boa drenagem também. Solos mais arenosos e secos são ideais!

 

Alecrim (Rosmarinus officinalis)

 

Alecrim. Fonte: pinterest

 

O alecrim faz tudo, literalmente. Ele é uma erva perfumada nativa do Mediterrâneo, e é usado como tempero, para fazer perfumes e óleos essenciais e por seus potenciais benefícios à saúde. Mas ele não é apenas um gostinho (e cheirinho) bom: na alimentação, o alecrim é uma ótima fonte de ferro, cálcio e vitamina B-6.

A planta tem sido aclamada desde os tempos antigos por suas propriedades medicinais. O alecrim era tradicionalmente usado para ajudar a aliviar sintomas da indigestão e dores de estômago, melhorar a memória, proteger o cérebro do envelhecimento e de danos em geral, combater inflamações e tumores e promover a saúde dos olhos. Incrível, né?

Ele ainda conta com diversos terpenos, terpenoides e flavonoides diferentes. Canfeno, limoneno, cânfora, borneol, cineol, linalol e verbinol são apenas alguns deles!

No cultivo, você pode começar com sementes, mudas ou galhos. O alecrim gosta de climas mais secos e de pelo menos seis horas de sol por dia. As regas devem ser feitas apenas quando o solo estiver seco.

 

Hortelã-pimenta (Mentha piperita)

Hortelã-pimenta. Fonte: pinterest

 

A hortelã-pimenta (Mentha piperita L.) é um arraso: seus chás e óleos essenciais são muito usados em medicamentos tradicionais. Alguns de seus principais ativos são o ácido rosmarínico e vários flavonoides, principalmente eriocitrina, luteolina e hesperidina — além de terpenos deliciosos, como mentol e mentona.

 

Segundo pesquisas, in vitro, a hortelã-pimenta possui atividades antimicrobianas e antivirais significativas, fortes ações antioxidantes e antitumorais e potencial antialérgico. Estudos ainda mostram que ela pode tratar condições como Síndrome do Intestino Irritável (SII), dores de cabeça e enxaqueca, náusea e vômitos durante a gravidez e sintomas de resfriados.

 

Para colocá-la no jardim, é bastante simples. Como a espécie é um híbrido estéril, você não pode cultivá-la a partir de sementes — então precisa de um galho ou muda para propagá-la. Suas raízes são invasivas, por isso não a plante com outras! Um vasinho solo é a melhor ideia. Regas frequentes (sem encharcar o solo) são necessárias.

 

Manjericão (Ocimum basilicum)

 

Manjericão. Fonte: pinterest

 

Muito mais do que um pesto da hora: o manjericão tem poderes maravilhosos para a nossa saúde e a gente pode provar. O manjericão é uma planta aromática que engloba dezenas de espécies de ervas, e suas folhas têm uma importância culinária milenar. Ele contém vitaminas, minerais e uma penca de antioxidantes — além de terpenos e terpenoides diversos, como linalol e cânfora.

 

Tudo isso faz com que seus potenciais para a nossa saúde sejam enormes. Seus poderes antioxidantes podem eliminar o estresse que causa cânceres, doenças cardíacas e outros males. Além disso, estudos apontam para sua ação na saúde do fígado, na batalha contra tumores, na proteção contra o envelhecimento da pele, na redução do açúcar no sangue, na saúde cardiovascular e mental, e na redução de inflamações. Ufa — quanta coisa!

 

Se o assunto é cultivar manjericão, temos boas notícias: ele é uma planta de gostos simples e cuidados fáceis. A plantinha se adapta bem a vasos, mas necessita de regas regulares — principalmente no verão.

 

Maconha (Cannabis indica ou sativa)

 

Maconha. Fonte: pinterest

Pensou que a gente não ia falar dela? Muito pelo contrário: em um jardim medicinal completo, ela é a maior estrela (embora a gente saiba que, com o proibicionismo, plantá-la é uma missão bem mais complicada). Com canabinoides, terpenos, terpenoides e flavonoides, os estudos apontam a nossa plantinha favorita como uma arma para diversas condições, como:

O seu cultivo é um pouco diferente. A cannabis tem necessidades bem mais específicas do que as outras plantinhas da lista, e é preciso ter dedicação para que ela vingue. Aqui, temos um guia de cultivo para iniciantes que pode ajudar bastante quem tem interesse em aprender!

 

Funcho (Foeniculum vulgare)

 

Funcho. Fonte: pinterest

 

Quem diria que as balinhas de funcho da casa da sua avó eram mais do que apenas gostosas? A planta tem poucas calorias, mas é rica em nutrientes ligados a muitos benefícios para a saúde — e já foi até considerada um superalimento.

 

Pesquisas mostram que as sementes de funcho podem ter efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios, antifúngicos e antivirais. Além disso, uma revisão sistemática de 2020 descobriu que digerir essas sementes também pode estimular a prolactina para ajudar as mães a produzir leite materno naturalmente.

 

Se você quiser tê-lo no jardim, basta plantar as sementinhas em um solo bem drenado e com bastante matéria orgânica. Se for plantar em um vaso, prefira um mais profundo — suas raízes são bem longas! E mantenha seu funcho em um ambiente bem iluminado para evitar indicadores biológicos indesejados.

 

 

Equinácea ou flor-de-cone (Echinacea purpurea)

 

Equinacea. Fonte: pinterest

Como já contamos aqui, a equinácea também interage com o sistema endocanabinoide. Ela é conhecida especialmente por aumentar a imunidade, além de fornecer alívio para a ansiedade, enxaquecas e artrite.

Suas substâncias canabimiméticas (agonistas do receptor de canabinoides) têm como alvo o sistema endocanabinoide do corpo, incluindo os receptores CB1 e CB2 (que os canabinoides regulares também têm como alvo). Ou seja: ela também pode ajudar a equilibrar seu sistema endocanabinoide, que é responsável por inúmeras funções no nosso organismo.

Quer plantar sua própria flor-de-cone? Você pode plantá-la em um vaso, seja a partir de sementes ou de mudas. Ela precisa de pelo menos um centímetro de água por semana, e de seis a oito horas de sol por dia — sim, ela ama um calorzinho.

 

Calêndula (Calendula officinalis)

 

A calêndula, essa bela florzinha, pode ser servida como chá ou usada como ingrediente em várias formulações de ervas — e você já deve ter ouvido falar dela. Apesar de seu sabor levemente amargo, o chá de calêndula é um remédio tradicional usado na medicina popular por causa de suas propriedades terapêuticas. Entretanto, você também pode encontrar o extrato em óleos, pomadas e tinturas.

 

O que não faltam são benefícios quando o assunto é a calêndula. Ela é cheia de antioxidantes, incluindo triterpenos, flavonoides, polifenois e carotenoides. Ela ainda ajuda na cicatrização, pode combater tumores, tem propriedades antifúngicas e antibacterianas, promove a saúde bucal e auxilia na saúde da pele.

 

Para cultivar essas plantinhas, você pode usar sementes ou mudas. Elas se dão melhor em ambiente externo, pois precisam de bastante sol para prosperar. Em vasos, regue dia sim, dia não.

 

 

Tomilho (Thymus vulgaris)

Tomilho. Fonte: pinterest

 

Por último, mas não menos importante, temos o tomilho — essa ervinha da família da menta que você provavelmente reconhece do seu conjunto de especiarias. Mas ele é muito mais do que um ingrediente secundário. Sua gama de uso é impressionante e, de acordo com um estudo de 2014, possui mais de 400 subespécies. Os antigos egípcios o usavam em suas práticas de embalsamamento, enquanto os antigos gregos o usavam como incenso.

Hoje em dia, vários estudos científicos já comprovaram suas ações incríveis. O tomilho combate a acne, baixa a pressão arterial, ajuda a aliviar a tosse, aumenta a imunidade, desinfecta, repele pragas, melhora o humor, previne infecções bacterianas, ajuda a tratar infecções fúngicas e possivelmente age contra certos tipos de câncer.

Para plantar, você pode optar por sementes ou mudas. Ele não precisa de muitas regas, apenas quando o solo estiver seco. O tomilho também não é tão exigente assim com adubação, mas não nega uns compostos orgânicos vez ou outra!

Gostou dessas ideias?

O mais legal de tudo é que, plantando essas ervinhas e secando elas, você pode fazer misturas e usá-las junto com a maconha. Essa também pode ser uma ótima estratégia de Redução de Danos — principalmente se você costuma bolar com tabaco!

Tem alguma plantinha no seu jardim que você não vive sem? Conta aqui pra gente nos comentários e não esquece de nos seguir lá no Instagram @girlsingreen710 para saber de todas as nossas novidades em primeira mão.

Até a próxima!

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#PraTodosVerem: fotografia de capa mostra o top bud de uma planta de cannabis da variedade Cookies and Cream, em desenvolvimento, onde pistilos marrons e cremes são vistos no topo. Crédito: Girls in Green.

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Sobre Girls in Green

O Girls in Green é um projeto feito por mulheres canábicas, focado na produção e disseminação de conteúdo digital acessível, livre de julgamentos e tabus, abordando temas como maconha, uso de drogas, cultivo, haxixe e política - sempre sob a ótica da Redução de Danos. O principal objetivo do canal é combater o estigma e a desinformação resultantes da Guerra às Drogas.
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