Ganjah: cinco anos de história e de fomento à cultura canábica

Letreiro luminoso da Ganjah.

Lojas que comercializam produtos ligados à cannabis, como sedas, trituradores e bongs — as head shops —, existem há décadas no país. Mas, no fim de 2015, um grupo de amigos surgiu com uma proposta inovadora: a Ganjah, primeira coffeeshop do Brasil

Foi no terraço de um antigo casarão na rua do Rezende, na Lapa, centro do Rio, ainda sem identidade definida, que, em meio a uma roda de fumaça, nós da Smoke Buddies escutamos por horas uns caras literalmente sonhando, com um modelo de negócios que, na época, só era realidade para brasileiros que passaram por Amsterdã.

Vanguarda

O brilho no olhar e o tom de empolgação ditavam a forma com a qual eles explicavam como seria o negócio diante das leis brasileiras: um espaço conceitual que combina o que há de melhor do universo canábico, como arte, literatura, música, moda e gastronomia, onde pessoas se reúnem para interagir, curtir shows, exposições, laricas, e têm acesso a uma variedade de produtos associados à cultura da ganja que, devido à lei de drogas, não envolvem a planta nem produtos de cannabis.

E como cremos desde sempre que negócios que alavanquem a economia, gerem empregos e coloquem em exposição a cultura e o debate sobre a cannabis são formas de militar e expor a causa, apoiamos sem hesitar André Guimarães, Ítalo Rodrigues, Luis Gustavo Del Luca e Leandro ‘Beça’ — os doidos responsáveis pela ideia — e vimos nascer a Ganjah Coffeeshop, em 12 de janeiro de 2016, às 16h20, ao som de uma sirene que foi soada no número 76 da rua do Rezende, na Lapa carioca.

A Ganjah proporciona aos amantes da cultura canábica produtos de qualidade, nacionais e importados, e entretenimento, como lançamentos de marcas e produtos, festas, shows e debates, que moldaram este espaço como símbolo de diversão e liberdade de expressão no Rio de Janeiro. Desde a inauguração da coffeeshop, quando inclusive fizemos o lançamento de uma das coleções de camisetas da Smoke Buddies, a Ganjah é palco e polo de convergência de mentes e movimentos canábicos de poder.

E o terraço onde rolou a reunião de apresentação da ideia? Tornou-se o “pico queridinho” da galera frequentadora do espaço e uma das marcas registradas da casa — assim como o soar de uma sirene, no estilo Corpo de Bombeiros, todo dia às 16h20, que anuncia, ecoando pelas ruas boêmias da Lapa, a hora mais canábica do dia.

Fotografia de uma galera da cena canábica reunida no antigo terraço da Ganjah.

#PraCegoVer: fotografia de uma galera da cena canábica reunida no antigo terraço da Ganjah.

Ganjah Coffeeshop

Palco de reuniões e debates

Desde sua abertura, em janeiro de 2016, a Ganjah já recebeu apresentações de grandes nomes, como Black Alien,  BNegão, Formigão, Chico Chico, Chico Brown, Gabriel o Pensador, Júlia Vargas, Ventania, Bia Ferreira e Doralyce, além de centenas de artistas e bandas da cena carioca e nacional, inclusive blocos, DJs, fanfarras, forró, jazz e, claro, samba.

E se os eventos musicais deram conta de moldar a Ganjah como um centro de cultura canábica, as séries de encontros antiproibicionistas transformaram a casa em um espaço de discussão da galera libertária. Os debates sobre a irracional política de drogas têm espaço em eventos como “Domingos Canábicos”, “Malefícios da Maconha” e tantos outros. Apoiadora da luta das minorias, a Ganjah foi palco de um debate que uniu, em 2016, Marielle Franco, Luciana Boiteux e Belén Yponto para uma discussão sobre o tema: “Mulheres, política de drogas e violência”.

#PraCegoVer: fotografia de Marielle Franco, Luciana Boiteux e Belén Yponto, juntas para o debate “Mulheres, política de drogas e violência”, realizado em 2016.

Evolução

A tendência natural de um espaço com tanta vida e luta é a evolução. Em constante transformação e assumindo a responsabilidade de acolher mais pessoas, em 2018 a Ganjah deixa a sede inaugural por um espaço mais amplo na rua do Rezende (agora no número 82), assumindo o casarão da antiga La Paz. Com espaço maior e renovado, a casa segue com shows e debates históricos, consolida-se como palco canábico e das minorias.

Em um mundo pandêmico, resiliência

Em 2020, poucos meses após completar seu quarto ano, a sirene que ecoava pelas ruas da Lapa carioca às 16h20 foi silenciada com o começo da quarentena, o distanciamento físico, as restrições e os impeditivos no funcionamento da Ganjah.

Como resistir não é uma opção, e sim uma obrigação, principalmente por conta de toda força humana que constrói sua história, em abril passado, a casa voltou a operar através de aplicativos de entrega e no sistema de retirada, garantindo aos clientes cariocas os principais acessórios para a session, além da larica perfeita para o pós.

Chegamos a 2021, mas com um problema antigo, que ainda impede o anúncio de um saudoso reencontro para a celebração de meia década da Ganjah com animação, aglomeração e fumaça. Mas, calma.

Alerta de Spoiler

A família Ganjah se mantém firme e viva nesses cinco anos por se adaptar aos meios e às adversidades. Diante disso, muito em breve lançará mais uma novidade: o Clube de Cultura Canábica Ganjah. Quer ser Ganjah de carteirinha e ficar por dentro, antes de todo o mundo, do que vem por aí? Cadastre-se agora no link a seguir: http://ganjah.com.br/index.php/ganjahclube.

Siga a Ganjah nas redes sociais e acompanhe tudo que vem por aí, @ganjahlapa, ou visite ganjah.com.br.

E nós, da Smoke Buddies, que acompanhamos essa história bem de perto, desejamos que a família Ganjah se mantenha resiliente e orgulhosa de sua trajetória, assim como outros negócios canábicos que existem e resistem no Brasil.

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Sobre Dave Coutinho

Carioca, Maconheiro, Ativista na Luta pela Legalização da Maconha e outras causas. CEO "faz-tudo" e Co-fundador da Smoke Buddies, um projeto que começou em 2011 e para o qual, desde então, tenho me dedicado exclusivamente.
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