“Fumei maconha pela primeira vez aos 40”, conta funcionária pública

Fotografia frontal e em plano fechado que mostra as mãos (com esmalte verde e tatuagem em um dos dedos) de uma mulher que segura um cigarro enrolado diante da câmera e parte de seu corpo, ao fundo desfocado. Maconha.

“Acho que criei muita expectativa e o resultado ficou aquém do que eu esperava. A maconha não é esse bicho de sete cabeças que pregam”, relatou a funcionária pública ao Painel Político. Confira, a seguir, a entrevista

Entrevistei esses dias uma mulher que me contou ter experimentado maconha pela primeira vez aos 40 anos. Amanda – nome fictício da minha entrevistada – é casada, tem três filhos, é católica, funcionária pública e economicamente estável.

Foi criada por pais rigorosos e teve uma educação pautada em princípios familiares e religiosos rígidos. Ela me contou em detalhes os motivos que a levaram a experimentar a droga.

A minha vida inteira me dividi entre o preconceito, o medo e a curiosidade de usar maconha. Nos últimos anos li muito a respeito da Cannabis, tanto o que se publicava contra como a favor. Chegou uma hora que percebi que eu precisava ter minhas próprias experiências, sem filtro religioso ou moral ou medo do julgamento alheio”.

DECISÃO E ENTRAVES 

Amanda conta que o primeiro obstáculo foi comprar a erva. “Olha, é uma droga ilícita e como tal não se acha em prateleira de supermercado, pelo menos não no Brasil, onde é proibida a comercialização da droga. Onde é que eu, que nunca fumei maconha na vida, ia encontrar e comprar a erva?”, relatou.

Daí ela lembrou de que estava num barzinho uma vez e tinha um garçom muito solícito que disse a ela que além de atender naquele estabelecimento, também fazia umas “viração” por fora. “Eu sou super careta. Mas não tenho cara de quem é. Então, na época, perguntei pro garçom que tipo de “viração” ele fazia. Tudo, ele me disse. “Até conseguir umas coisinhas se meus fregueses pedirem”. Tava dada a senha.

Pronto. Memória resgatada, era hora de achar o tal garçom. O que não foi difícil, conta ela. “Com a cara pegando fogo de tanta vergonha, perguntei a ele se podia conseguir maconha pra mim. Agora! Disse ele já entrando no meu carro”.

“O Henrique – nome fictício também – me levou numa comunidade e me deixou esperando numa rua lateral, enquanto ia comprar a droga. Preciso dizer que o coração quase saltou pela boca?”.

Leia – Drogas e a sociedade: a hipocrisia da proibição

A funcionária pública disse que Henrique foi rápido. Mas para ela pareceu uma eternidade. De volta ao carro, o garçom lhe entregou um pacotinho, que embora pequeno custou caro, segundo Amanda.

“Aí ele me disse: essa é das boas. É loirinha. E eu sabia lá a diferença? Só sabia que queria ir embora dali o mais rápido possível. Ser presa não estava entre minhas pretensões. Liberei o Henrique e fiquei sem saber o que fazer com aquele troço nas mãos. Escondi o pacote no sutiã e fui pra casa. Estava me comportando como uma criminosa”.

Conforme o relato de Amanda, a compra do entorpecente foi só uma etapa, não a mais fácil. “Eu já tinha comprado papel, isqueiro, tinha me informado como fazer o cigarro e a forma correta de tragar. Mas… Cheiro de maconha se sente de longe! Como é que eu iria fumar em casa? minha família iria perceber, a vizinhança também. Decidi esperar a ocasião ideal para isso e ela surgiu”.

DIA D

Num fim de semana Amanda foi convidada pra um jantar na residência de um casal de amigos. Foi lá que, entre um uma taça de vinho e outra, o assunto e os cigarros foram postos à mesa.

“Fumei sem reservas, de forma livre, sem tabus nem julgamentos. Acho que criei muita expectativa e o resultado ficou aquém do que eu esperava. A maconha não é esse bicho de sete cabeças que pregam. Me senti leve, ri um bocado. Mas só. Não tive visões, não perdi o bom senso nem o juízo”. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a funcionária pública, há muita espetacularização em torno do assunto, por parte daqueles que querem manter a proibição e muito idealismo de alguns que defendem seu uso de forma indiscriminada.

“Há muita informação deturpada sobre a maconha por aí. Dizem que faz mal à saúde. Mas, veja, as pessoas estão menos preocupadas com a saúde e mais com a moral e os bons costumes e eu não tenho compromisso nenhum com os falsos moralistas. Açúcar, sal e gordura em excesso matam e todo mundo continua usando. A maconha me faz bem, funciona como um escape emocional. Uso moderadamente. Mas sei que, como é ilegal, me tornei uma fora da lei”.

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#PraCegoVer: fotografia (em destaque) frontal e em plano fechado que mostra as mãos (com esmalte verde e tatuagem em um dos dedos) de uma mulher que segura um cigarro enrolado diante da câmera e parte de seu corpo, ao fundo desfocado. Foto: Edilson Dantas | O Globo.

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