Governo dos EUA financia pesquisa para impressão 3D de prédios usando cânhamo

Foto, em vista superior, de uma folha de maconha (cânhamo) sobre um bloco de hempcrete, de superfície cinza-clara e irregular, que se encontra sobre um piso feito do mesmo material. Imagem: Coexist.

O financiamento faz parte de um programa que visa aumentar a quantidade total de carbono armazenado nos edifícios — “hempcrete” é considerado um substituto leve e verde do concreto tradicional

A Universidade Texas A&M recebeu uma doação de US$ 3,74 milhões (R$ 19,9 milhões) do Departamento de Energia (DOE) dos EUA para pesquisar e desenvolver a capacidade de imprimir edifícios em 3D usando concreto feito de cânhamo (“hempcrete”).

O projeto foi selecionado pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Energia do DOE pelo seu potencial de reduzir o impacto ambiental dos métodos tradicionais de construção e tornar as moradias mais acessíveis e disponíveis.

Conforme observado em um comunicado da escola de arquitetura da Texas A&M, o hempcrete é feito misturando pó e fibras de cânhamo com cal e água, criando um substituto do concreto leve e verde.

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“Enquanto a produção de materiais de construção convencionais, como o concreto, requer grandes quantidades de energia e libera grandes quantidades de CO2 (dióxido de carbono), o hempcrete é um material carbono-negativo, o que pode proporcionar grandes benefícios ambientais”, disse Petros Sideris, professor assistente no Departamento Zachry de Engenharia Civil e Ambiental e pesquisador principal do projeto, em um comunicado à imprensa sobre o projeto.

Sideris aponta ainda que a sustentabilidade também será promovida através da maior resistência das estruturas de hempcrete aos perigos naturais em relação à estrutura de madeira comumente usada nos EUA.

“A resiliência aos riscos naturais está entrelaçada com a sustentabilidade ambiental porque os danos nos edifícios e os reparos subsequentes devido a eventos extremos, como furacões, resultam em grandes impactos ambientais”, explica.

A pesquisa visa tornar os projetos de construção imprimíveis e de forma que alcancem o desempenho estrutural e energético que atenda aos códigos de design modernos.

Os projetos digitais de edifícios de hempcrete facilitarão a adoção pela indústria da construção em geral. “Os avanços deste projeto contribuirão para que os EUA mantenham sua liderança mundial em métodos avançados de construção e sustentabilidade de infraestrutura e tecnologias resilientes”, destacou Sideris.

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“O hempcrete tem excelente resistência ao fogo e propriedades de isolamento térmico que podem reduzir as demandas de energia para aquecimento e resfriamento”, disse ele. “É resistente à água e oferece boas propriedades acústicas.”

O financiamento faz parte do programa HESTIA, que prioriza a superação de barreiras associadas a edifícios que armazenam carbono, incluindo materiais de construção escassos, caros e geograficamente limitados. O programa visa aumentar a quantidade total de carbono armazenado nos edifícios para criar sumidouros de carbono.

As metas de descarbonização do programa refletem o plano do presidente Joe Biden de atingir zero emissões até 2050.

No ano passado, o Departamento de Energia dos EUA concedeu a uma empresa de Idaho uma bolsa de dois anos para o desenvolvimento de um isolamento de fibra de cânhamo projetado para ser um material de construção saudável e sustentável.

A inovação que garantiu à Hempitecture o patrocínio do estudo foi o produto HempWool, que é descrito como “um material de isolamento de carbono negativo atóxico, de alto desempenho, com a capacidade de reduzir drasticamente a pegada de carbono incorporada de um edifício, aumentando a saúde e o conforto do ocupante”.

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Enquanto isso, uma nova pesquisa patrocinada pela Microsoft busca explorar novos materiais de baixo carbono e armazenamento de carbono, identificando materiais e tecnologias que apresentam oportunidades para construção de edifícios (data centers) que armazenam carbono, incluindo o cânhamo.

Segundo o estudo, os edifícios podem substituir o concreto por materiais naturais que armazenam carbono, incluindo micélio, algas, cânhamo e resíduos agrícolas.

O estudo aponta para a necessidade de expansão da pesquisa e desenvolvimento do hempcrete, principalmente sobre o aprimoramento de ligantes usados na fabricação do material, para acelerar a fabricação e levar o produto à grande escala.

Em um relatório sobre a pesquisa, a Microsoft diz que defenderá políticas públicas de baixo carbono e apoiará os esforços para informar e educar os alunos de arquitetura e engenharia a fim de inspirar a inovação e remover as barreiras ao uso desses novos materiais.

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#PraTodosVerem: foto, em vista superior, de uma folha de maconha sobre um bloco de hempcrete, de superfície cinza-clara e irregular, que se encontra sobre um piso feito do mesmo material. Imagem: Coexist.

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